Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais
Mestre em Educação
Eustáquio
é um pai que divide as tarefas com a sua esposa Efigênia. E uma de suas tarefas
é buscar Eugênio na escola. Ao encontrar pai, o garotinho de 9 anos vem
correndo e abraça as suas pernas. Com os olhos marejados, ele logo diz: “Papai,
eu não quero ser homem”.
Eustáquio não estava entendendo o que
estava acontecendo. Ficou em silêncio até a entrada do carro. O silêncio dele
foi interrompido com a frase repetida por mais 2 vezes. Eustáquio criou coragem
e perguntou: “Por que você não quer ser homem, Eugênio? “
Eugênio começa a narrar que a diretora
da escola entrou na sala de aula e foi explicar que eles estão crescendo e que
isso chamava adolescência. Entre tantas coisas ditas, ela fala das mudanças
físicas e emocionais, focando em aspectos negativos dessa fase até virar um
homem. Eugênio se desesperou.
Eustáquio não conseguia entender o
porquê desta atitude da escola. Não conseguia dar uma palavra ao filho, apenas
o ouvia. E, à medida que o escutava, se enchia de revolta pela escola.
Chegando em casa, Eustáquio chama a sua
esposa e conta o corrido. Efigênia fica em choque ao ver o desespero do filho e
as consequências de uma intervenção carregada de falhas. Efigênia resolve me
ligar. Começa a ligação com a voz trêmula, em uma mistura de revolta e
sentimento de impotência. Narrou tudo, em detalhes, sobre os medos e
aprendizados do filho.
Após a acolhida, orientei Efigênia
sobre como ela e Eustáquio deveriam proceder:
1º
Sentem-se, o casal, com o filho de tal forma que os olhares possam estar na
mesma altura. Olhem-se de forma amorosa.
2º
Escutem tudo o que ele tem a contar, sem interrompê-lo. Deixe-o esvaziar seus
medos e angústias.
3º
Comecem a contar sobre as alegrias que vocês, pais, tiveram quando tinham a
mesma idade. Contem sobre como lidaram com a mudança corporal e as emoções.
4º
Embora chateados com a conduta da profissional da escola, não foquem nela. Não
desautorizem a escola. Digam apenas que a diretora contou parte da fase e
reelaborem as falas dela. Exemplo do que ela falou e forma de falar melhorada.
Diretora:
“A menina, para virar mulher, sangra no meio das pernas. ”
Pais:
“Filho, a menina vai crescendo e o corpinho dela vai se preparando para torna-la
mocinha e depois, mulher. Há um órgão que é exclusivamente feminino, chamado
útero. Ele é responsável pela vida! Ele que guarda os bebês. O sangue é sinal
que o corpo já está se cuidando para que, no futuro, ela possa ser mamãe. É
lindo isso!”
Diretora:
“ O menino vai enchendo de pelo, a voz fica engraçada, porque cada hora, está
de um jeito (fina ou grossa) e o pênis de cada um fica de um tamanho.
Pais:
“Sobre os meninos, meu filho, os pelos vão chegando devagar. Assim, como a
mudança da voz. Essa é a magia do crescimento, mostrando que ele está saudável.
O pênis se desenvolve sim, porém o tamanho nunca foi importante. Tudo em nosso
corpo é proporcional, e a nossa beleza está exatamente em sermos únicos. Cada
um com o seu jeito.
5º
Após a conversa, perguntem como ele está. Procurem saber se compreendeu melhor
essa transição.
6º
No final de tudo, proponha uma atividade em família. Algo que cada um possa
fazer e o resultado final tenha a união de todos (organizar um jantar, um jogo,
um filme)
Efigênia ficou mais tranquila. Desligou
e foi realizar as sugestões. Fiquei na torcida. No outro dia, pude perceber que
a família havia se acalmado e tudo tinha dado certo. Sugeri que fossem até a
escola e dividissem o ocorrido. Uma forma de contribuição para que pudessem
verificar como estavam as outras crianças e repensassem a estratégia de
abordagem. Cabe à escola os
ensinamentos científicos, mas a didática é primordial.
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