terça-feira, 11 de junho de 2019

Por que sinto culpa por meu filho estar de férias e eu não sentir prazer com isso?



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Por que sinto culpa por meu filho estar de férias e eu não sentir prazer com isso?
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais

            As férias chegaram e muitos papais e mamães não conseguem combinar suas férias com as de seus filhos, resultando em filhos em casa e papais no trabalho ou filhos com parentes e papais trabalhando.
            O grupo de familiares que opta por permanecer com os filhos em casa sofre com o término da primeira semana. A primeira semana já passou e tudo o que esses familiares haviam pensado com os filhos já se esgotou. A novidade dos filhos em casa vai dando espaço ao desespero “do que posso fazer com eles”. A rotina muda e muitas vezes tira os pais da zona de conforto do “tudo programado”.
            Os filhos, por sua vez, começam a solicitar mais os pais por mensagens, telefonemas e na presença. Sentem-se ociosos e querem atenção daqueles que são próximos. Os pais começam a cansar-se do assédio e se desgastam em pensamentos queixosos sobre ou no relacionamento com os pequenos.  E de repente o que era para ser leve se torna muito pesado e desarmonioso.
            Já o grupo de pais que programa este período entre semanas nos avós e tios, fica antenado nas notícias e fotos enviadas. Desta forma, esses pais sabem que seus filhos estão bem cuidados, mas se culpam por acreditarem que deveriam estar presentes e “despacharam” os filhos.
            Os dois grupos de famílias, os que se ajeitam em casa mesmo entre a rotina dos pais e a programação com os filhos, e os que programam visitas, se sentem constrangidos e culposos neste período que deveria ser natural e leve. Se as férias ocorrem anualmente, por que toda vez geram sentimento de culpa e incômodo?
            Acontece que estamos desenvolvendo um nível de ansiedade e cobrança em tudo o que realizamos. Sabemos da nossa importância como pais e acreditamos que, se por algum momento, a delegamos, nos soa como fracasso ou incompetência. E isso tem gerado muitos conflitos internos desnecessários.
            É muito saudável que as nossas crianças estejam vivenciando novos ambientes, convivendo com pessoas diferentes, experimentando novas rotinas e aprendendo com tudo isso. Se olharmos por este ângulo, tudo ficará mais fácil e mais saudável.
            Querem fazer parte das férias dos filhos mesmo trabalhando? Programem o final de semana e vão até onde seus filhos estão ou organizem deliciosos passeios de finais de semana. A qualidade deste encontro lhes trará a sensação de estarem juntos. Tudo o que nos cobramos sempre.
            Outro aspecto importante é ter uma conversa sincera com os filhos sobre a sua rotina de trabalho e a rotina escolar deles. É importante que os filhos compreendam que existe o dever e o desejo. Aqui surge a brecha para ensinar-lhes que nem tudo o que desejamos podemos ou que para realizar desejos, cumprimos deveres.
            Tudo o que ocorre em nossa vida familiar deve ser instrumento de crescimento e evolução de todos. Se utilizamos as oportunidades para crescermos em família, a culpa dá lugar ao prazer de ver todos crescendo.
            E quando os filhos comparam as famílias e cobram férias como as férias dos amiguinhos? “Papai, o fulano viajou com a família para o exterior. ” “Mamãe, por que não vamos todos para a praia como a família da minha amiguinha?. ”
            Mais uma excelente oportunidade para ensinar que cada família tem a sua dinâmica, as suas prioridades, as oportunidades e as suas programações. Mostrar que a alegria das férias está em o que fazemos juntos (dos nossos) e não onde, é outra missão. No mundo das redes sociais, não é raro ver crianças e adolescentes acreditando em uma aparente felicidade pelas postagens. De repente, se sentem entediadas por ver tantas fotos de famílias em férias e passam a dar valor ao que é visto como regra de felicidade: estar; ter; postar.
            Resgatar as alegrias na convivência, no fazer coisas diferentes e na simplicidade, tem sido uma missão nada fácil, porém, necessária se desejamos ter filhos com valores focados no ser, que sintam alegria no conviver e reconheçam os esforços da família em tudo o que veem.
            Fico pensativa no como os pais de antigamente faziam com tanta sabedoria esta programação de férias.  E olha que antes tínhamos até três meses de férias: dezembro, janeiro e julho. Hoje, as crianças quase não possuem o descanso necessário para a retomada do ano letivo.
            Que o período de férias seja agregador para a sua família. Que possam experimentar novas formas de convivência, já que a rotina das crianças e dos adultos não tem permitido grandes interações familiares.  Interações familiares além da família nuclear, incluindo as famílias de origem dos pais. Pensem nisso e um feliz período de recesso escolar a todos.

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