segunda-feira, 10 de junho de 2019

Papai Noel existe, mamãe?



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Papai Noel existe, mamãe?


 Fabíola Sperandio Teixeira

Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais.
Mestre em Educação



O Natal está chegando com toda a sua magia: enfeites, cores características, músicas e a figura do bom velhinho. Uma festa que acompanhamos em todas as culturas. Papai Noel se apresenta em todos os ambientes, seja presencial ou como boneco. Nos alegramos com a figura deste personagem e ficamos em êxtase de ver nossos filhos encantados e tocando no bom velhinho.
Mas estimular o imaginário é saudável para o desenvolvimento dos pequenos?
Precisamos sim aguçar o imaginário das nossas crianças. É muito saudável permiti-los esperar pela visita do nosso velhinho carismático. As nossas crianças merecem e precisam viver esta magia natalina que incluiu a figura do personagem. Não permitir isso é tolher a capacidade de exercitar o imaginário. Criança precisa fantasiar. A fantasia permite crescer e vencer as situações de realidade. Criança tem que ser criança, e Papai Noel faz parte do mundo infantil.
Remeta-se a sua infância e procure encontrar as lembranças desta época natalina. O que ficou registrado em você? Para quem o imaginário foi permitido ou tolhido, como se sentiu?
Nossas memórias trazem imagens, cheiros, sabores e acontecimentos deste período, que nos acompanham por toda vida. E agora é a vez dos seus filhos. Como pretende lidar com isso?
Este barbudinho cheio de carisma, de bochechas rosadas e uma voz doce, nos faz sentir acolhidos e seguros. Um vovozinho amigo. Ele nos indaga como fomos neste ano e nos presenteia. Gera uma atmosfera de valores, familiaridade, generosidade, solidariedade. Além de permitir que possamos trabalhar com a figura da pessoa experiente e que hierarquicamente merece todo o nosso respeito: o nosso amado ser da melhor idade.
Outra situação muito importante é a tradição das cartinhas. Escrever para o Papai Noel é terapêutico. A carta vai recheada de sonhos e ficamos à espera de vê-los concretizados. A concretização ou não nos faz trabalhar elementos internos desde a infância. É uma das primeiras experiências de fé sem estar ligado ao nosso Ser supremo (independe da religião), mas é um exercício de entendimento do possível e impossível, sem perder a esperança, mas trazendo compreensão.
Adultos e crianças necessitam de momentos fantasiosos que possam nos trazer um prazer interno que os distancia, muitas vezes, das durezas da vida real. Claro que, em cada idade, de uma forma diferente e com situações proporcionais, porém sempre importantes para a nossa saúde emocional.
Por que algumas famílias ficam em dúvida se devem aguçar as fantasias ou partirem logo para realidade?
A reconhecida psicanalista austríaca Melanie Klein (1882-1960) experimentou negar a fantasia aos seus rebentos. Ela acreditava que a realidade deveria prevalecer em qualquer circunstância. Mas, certo dia, deparou-se com um pedido dos filhos: eles queriam se mudar para a casa da vizinha. Intrigada, perguntou o motivo e encontrou a resposta: é que lá existia Papai Noel. Desta forma, ela compreendeu que a fantasia está inserida na vida da criança independentemente da escolha dos pais. Então resta-nos saber lidar com ela e aproveitar os benefícios que proporciona:

·        Estimular a capacidade de criação, enriquecendo o poder do imaginário.
·        Deliciar-se com a fantasia de poder se transportar mentalmente para vários lugares.
·        Ampliar o vocabulário no mergulho cultural das histórias.
·        Trabalhar questões emocionais através das tramas, sensações e mensagens de cada história cultural ou literária.
·        Permitir que a criança seja criança, aproveitando tudo a seu tempo e podendo ser feliz com as festividades e histórias do universo literário e das crenças.

E quando as crianças vão perdendo esta fantasia natalina?
Por volta dos 7 anos de idade, as crianças começam a deixar o imaginário e dão início à estruturação mental voltada para a realidade, o concreto. Isso não é uma regra. Como tudo na vida dos nossos pequenos, devemos compará-los somente com eles mesmos. Então você perceberá que cada filho terá o seu momento de se transportar do fantasioso para o real. Antes dos 7 anos é bem comum ver nossos bebês e crianças muito criativos e em um mundo próprio.
Descobrir “a verdade” precisa ser um processo natural. Deixar acontecer e aproveitar para trabalhar este crescimento com alegria e reforçando os valores que este imaginário tem.  Permitir que ela viva até o momento que, por si só, perceba que tudo não passa de uma criação cultural, é o mais saudável. Nada de forçar “o crescimento”, desfazendo de toda magia, porque “ela já está bem grandinha”. Isso seria muito agressivo e desastroso.
Precisamos permitir que as nossas crianças tenham sempre doces lembranças do universo infantil. Elas terão tempo suficiente para encarar a vida dentro da realidade e que essa realidade possa ser sempre leve e não tão dura como muitos adultos pintam. Se desenho um mundo adulto para as crianças como algo difícil e cheio de deveres e pouco prazer, elas não desejar o crescer. E não querer crescer trará outros problemas sérios, que, em uma outra oportunidade, apresentarei para vocês.
Um Feliz Natal recheado de HO HO HO HO.

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