Uma paradinha para pensar sobre a importância do Professor de Educação
Física nas escolas de Educação Infantil.
Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais.
Mestre em Educação
Resolvi escrever sobre este
profissional por presenciar muitos depoimentos de pais alegando que a criança
faltou determinado dia porque perderia menos aulas/conteúdos já que era dia de aula
de Educação Física. Então pensei: será que as famílias compreendem a
importância deste profissional na vida das crianças?
O profissional de Educação Física é o
responsável pelas atividades de psicomotricidade, por apresentar ao aluno a
cultura do movimento corporal, o trabalho em equipe, as atividades
colaborativas, o despertar da competitividade saudável.
A Educação Infantil é uma
oportunidade de promover ao educando as primeiras relações sociais; Diante
disso, tudo que nela está inserido tem um propósito, um objetivo que precisa
ser conhecido e apoiado.
Aos olhos dos nossos pequenos, ele
percebe o educador como um recreador. A admiração se torna fácil porque ele
encontra “nesta gente grande” uma pessoa que brinca com ela. Mas você já
perguntou o objetivo de cada brincar? Já experimentou conhecer as maravilhas
deste trabalho?
No mundo dos adultos, as vivências na
infância com o educador físico mostram os reflexos ou as consequências da
convivência com o profissional que conseguiu estabelecer um excelente trabalho.
O adulto que vivenciou uma educação física bem executada é um adulto consciente
da sua estrutura corporal, consegue lidar com perdas e ganhos, transforma sua
competitividade em um bem a seu favor, gerencia e é gerenciado com maturidade e
ainda possui uma noção diferenciada de cuidados com sua saúde.
Já na adolescência, o educador físico
possui a oportunidade de criar vínculos através da ludicidade (jogos e
brincadeiras), que permitem a aceitação corporal, o despertar dos talentos
esportivos, a valorização das diferenças, o colocar o adolescente (que muitas
vezes já está sedentário) em movimento, além de reforçar a disciplina, as
regras. Tudo isso se faz essencial neste período.
E por que muitas vezes
desconsideramos este momento da disciplina? Por que permitimos as ausências
destas aulas? Talvez por desconhecer a maravilha que esta disciplina
proporciona no coletivo. Mesmo que seu filho já seja um esportista e tenha uma
atividade extra, é na escola que ele terá oportunidade de experimentar um
momento com os colegas que o acompanham dia a dia em grupo.
Infelizmente ainda encontramos
profissionais desta área que desperdiçam esta oportunidade que a disciplina lhe
dá em apenas jogar uma bola na quadra e deixar “rolar” um jogo. E muitas vezes permitem
a grupos de alunos não adeptos à disciplina criar rodinhas de bate papo ou
utilizarem aparelhos eletrônicos. Lamento muito este ato e o repudio.
Manter nossas crianças e jovens
ativos hoje é um desafio. Precisamos dar sentido a esta disciplina, mostrando
momentos teóricos e práticos. Quando crianças e adolescentes compreenderem as
belezas desta área, com certeza, exigirão do profissional uma postura de
comprometimento. Elas mesmas pedirão por mais momentos de aprendizados. Mas até que elas amadureçam para tal, somos
nós, os responsáveis por elas, que devemos valorizar o educador físico e cobrar
que cumpra com os objetivos de tal “cadeira” acadêmica. A criatividade e um
plano anual bem elaborado e flexível é essencial para o sucesso.
Aprender é um ato que se faz presente
diariamente em nossa vida. O contato com o outro nos proporciona compartilhar
experiências e consequentemente, adquirir conhecimentos de diferentes estágios.
É na escola que encontramos espaço para a utilização de uma ferramenta e de
estratégias importantes nesse processo. É na escola que a criança tem o
primeiro contato com o diferente. O diferente da família dela. As vivências
lúdicas, recreativas e esportivas farão com que lidem com conteúdo internos
emocionais: frustações, medos, ansiedades, prazer, raiva, alegria,
expectativas. Impedir que nossos filhos lidem com isso é deixá-los
despreparados para a vida adulta.
A vivência cooperativa também
despertará seu lado criativo. Ele terá oportunidade de desenvolver suas
habilidades e competências para “sobreviver” ao jogo com os colegas. É claro
que, integrando as crianças com as brincadeiras e jogos desenvolvidos, a escola
promove a inclusão social. As brincadeiras permitindo o contato com o nosso
mais profundo eu, permitirão nos deparar com o nosso autoconhecimento e
aprenderemos a lidar melhor com tudo o que nos cerca.
“ A arte de brincar pode ajudar a
criança com necessidades educativas a desenvolver-se, a comunicar-se com os que
a cercam e consigo mesma. ” Vygotsky (1998 ).
Vamos lançar um novo olhar para as
aulas que são tão aliadas ao desenvolvimento de nossos filhos. Vamos resgatar
tudo o que permite a nossas crianças não só movimentar o físico, neste momento
de tanto sedentarismo infantil, mas que sobretudo as possibilite de usufruir da
riqueza do contato da inclusão social e da lida com seus conteúdos emocionais.
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