Qual o legado
financeiro você está deixando para o seu filho?
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
“A inteligência
resolve problemas e gera dinheiro. O dinheiro sem inteligência financeira,
desaparece depressa. ” Roberto Kiyosaki.
Começo hoje
com essa frase para representar a minha preocupação diante das escutas de
algumas crianças e adolescentes frente aos valores financeiros.
A cada dia
percebo a valorização do “ter” sem quase nenhuma construção do “ser”. Famílias
preocupadas em oferecer tudo a seus filhos sem a mínima noção das consequências
da ausência da conquista. As crianças de hoje não estão aprendendo a lutar por
seus ideais. Estão recebendo tudo tão
facilmente que não sabem cuidar, poupar ou lutar. E, para piorar, aprenderam a
frustrar-se não ganharem o que desejam.
Pais que
acreditam que os filhos, para serem felizes, precisam ter tudo o que almejam. E
nesse “ter” tudo não conhecem o valor de “nada”, não possuem nada. Estão se
sentindo vazios e carentes. Quartos recheados de roupas e eletrônicos e com
muita ausência de sentido de vida. Afinal, a vida não está ou não deveria estar
centrada no que consigo comprar, não é mesmo?
E quando o
que desejam não tem preço: amizade, presença de familiares, uma paquera e
amanhã um grande amor? Como farão? Não terão estrutura para conquista. Nunca
precisaram conquistar nada, não sabem conquistar, esperar e saborear a
conquista.
Um outro
aspecto muito sério é o discurso de algumas famílias sobre os filhos não
precisarem se preocupar com o futuro financeiro por já contarem com uma
herança. Entendo que algumas famílias possuem o suficiente para gerar conforto
financeiro e dispor de empresas para continuidade de seus filhos, mas, se eles
não forem preparados para dar seguimento aos negócios familiares, poderão
colocar tudo a perder. Você tem preparado o seu filho para ser inteligente
financeiramente e seguir com os negócios da família ou conseguir conquistar o
seu sonho com sucesso?
Desenvolver
hábitos saudáveis financeiros é preparar os filhos para o futuro. Isso precisa
ocorrer independentemente da classe social. É preciso que esta educação faça
parte do conjunto de valores e cultura familiar. As crianças precisam entender
qual o seu papel frente ao papel moeda financeira.
Preocupo-me
muito com o movimento de crianças e adolescentes frente a modismos como jogos,
brinquedos, roupas, comportamento em cantinas, onde expressam claramente a
satisfação inconsequente diante do consumismo imposto. Crianças que se quer
entendem o significado do ter mediante a necessidade. Crianças que sequer
abalam se o colega adquiriu algo que ela não adquiriu ainda. Crianças que se
entristecem se não acompanham modismos, mostrando ausência total de estrutura
emocional. Mas, com certeza, eu me assusto muito mais com pais que se
desesperam se não podem oferecer o objeto de desejo do filho. Pais que deixam
de cumprir compromissos financeiros para desviar o dinheiro para satisfação
momentânea das crianças. Pais que não precisam se preocupar com o valor, pois
são abastados, mas que não se preocupam com a mensagem que enviam quando tudo
que o filho quer, ele recebe, e que este ter tudo o impede de dar valor à
conquista.
Por que nos
permitimos nos dominar pelo consumo material desenfreado a ponto de nos esquecermos
dos valores e princípios necessários? Por que nos permitimos contaminar-nos
pelos interesses sociais acima dos interesses valorosos e culturais da família?
Por que culpamos a sociedade por influenciar nossos filhos em vez de e
assumirmos que estamos fracos e covardes diante das tentações e competições?
Pais, está
na hora de refletir sobre o futuro de seus filhos. Existem muitas coisas que podemos fazer em
família, que não custam quase nada financeiramente, que trará a maior riqueza
na construção do ser e na conscientização do valor financeiro: passeios no
parque; piquenique no quintal; visitas aos familiares; filmes abraçadinhos no
sofá; jantares feitos com todos na cozinha ajudando e depois, todos à mesa em casa; economia de grupo da família
para só depois, um passeio; escolha de materiais escolares sem modismo e a
diferença do valor compras de materiais para um necessitado. Situações que
permitem a criança perceber que o dinheiro é necessário, porém não pode ser
desperdiçado. Que o dinheiro é controlado e não controlador.
Filhos que
não percebem a luta da família para construir o patrimônio, não valorizam as
conquistas e colocam tudo a perder quando assumem o comando. Não é à toa que
escutamos o ditado secular “Avô milionário, pai rico e filho pobre”. A
sabedoria popular escancara esta preocupação e muitos a desprezam. Recebo
muitas crianças pequenininhas que já acreditam que a tal felicidade está ligada
ao dinheiro ou a aquisição do que o dinheiro oferece. Que tal pensarmos nisso?
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