terça-feira, 11 de junho de 2019

Quando percebemos que nossos filhos internalizaram os valores que ensinamos?



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Quando percebemos que nossos filhos internalizaram os valores que ensinamos?
Fabiola Sperandio T. do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de família e Casais


         “Mãe, preciso de ajuda. Estou com conflito moral? ” A mãe escuta, tenta entender e responde: “Oi? ” (Tenta ganhar tempo). Uma surpresa imediata a invade e uma interrogação preenche todo o seu ser: “O que virá da boca desse menino? ”
        Refeita, fingindo naturalidade, ela pergunta ao filho: “O que te angustia, meu filho? ”.
           Ele prossegue contando que precisa muito de um livro e que está na fila de espera da faculdade. Porém um colega influente ofereceu solicitar a um conhecido para burlar a fila, o que, desta forma, ele resolveria a questão, mas sabia que não foi ensinado a levar vantagens.
        Continuou dizendo que, por outro lado, o acesso gratuito ao livro faria com que não tivesse que dar mais essa despesa ao pai desempregado. Sentia um peso enorme por ser “só” estudante, tornando-se dependente financeiramente da família.
        A mãe coçou a cabeça e pediu-lhe para que ele continuasse a falar. E ele continuou.  Falou que, desde a tentativa de ajuda do amigo, ele não conseguia ficar em paz com a sua consciência.  E que precisava decidir isso, afinal, a leitura não havia começado, ele não tinha condições emocionais de pedir mais essa ajuda aos pais e o amigo aguardava o ok para falar com o “tal influente”.
        Vendo o desejo de estudar do filho, um ótimo aluno que primava em honrar a oportunidade, a mãe tentou mediar o conflito moral instalado em sua cabeça madura e tão ética.
        Começou elogiando-o por ter parado para refletir em todos os pontos da questão. Mostrou-se orgulhosa quanto a não resposta imediata a uma oportunidade de privilégio, depois, começou ponto a ponto a refletir com ele.
        “Filho, você se sentirá bem em esperar a sua vez para leitura? “ Ele explica que a ansiedade o deixará muito apreensivo com a data e o desejo de aprender. E que, por outro lado, ficava triste em ver colegas de faculdade colocando o nome na lista só por pensar que o professor poderá conferir o interesse do aluno ou para amanhã, culpar a faculdade por não possuir muitos exemplares. E que ele, que desejava mesmo estudar, talvez não tivesse a chance em tempo hábil. Completou dizendo que se sentiria muito culpado de ter a chance de ler gratuitamente, de usar o “recurso da amizade” e, por outro lado, fazer o pai pagar pelo livro sem ter este recurso agora.
        A mãe, então, lançou outra reflexão: “ E se você deixar o amigo tentar, isso não significará conseguir; e  caso você seja contemplado você fizer o compromisso de, no seu primeiro pró-labore,  doar uma quantidade de livros à biblioteca para beneficiar mais alunos? Como se sente com essa ideia? “
        Ele fitou os olhos da mãe e sentiu que ali havia uma possibilidade de aliviar a sua “dor moral”.  Ficou pensativo. Não manifestou a sua decisão. Respirou fundo, abraçou a sua mãe e agradeceu por escutá-lo.
        O que ele decidiu ficará no imaginário de cada leitor. Aqui, só quis ilustrar o quanto colhemos o que plantamos. É notório que esse garoto é filho de pais éticos e que forneceram exemplos claros. A preocupação responsável com a tomada de decisão diante do impasse gerado mostra que este jovem será um GRANDE HOMEM.
        Percebemos que nossos filhos aprenderam o que ensinamos quando, mesmo longe dos nossos olhares, eles agem como se estivéssemos observando. Percebemos que nossos filhos possuem princípios e valores quando nos procuram com o “conflito moral”.

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