segunda-feira, 3 de junho de 2019





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Imagem corporal distorcida na infância e adolescência

Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Acompanhar o sofrimento de uma criança de 9 anos no consultório e inúmeras adolescentes na instituição me fez parar para pensar no tema. Acredito que é hora de repensarmos certas falas e conceitos. Nossas crianças e adolescentes estão sofridas com esta preocupação excessiva com a imagem corporal.
A imagem corporal é a forma como o corpo se mostra para si próprio. A comunicação midiática multiplica rapidamente uma cultura que induz a mente a criar desejos e reforçar imagens, padronizando corpos. De uma maneira estúpida, tira a beleza das nossas diferenças e quer nos tornar iguais. Vende uma ideia de unificação corporal, a propagação de ordem social anula as necessidades individuais. Um prejuízo emocional enorme que não leva em consideração.
O fato de crianças e adolescentes acompanharem os padrões exibidos com muita repetição, trouxe-lhes uma necessidade de se adequar para fazer parte de um grupo social que lhe atrai. É a idade da identificação e necessidade de pertencimento. Qualquer sensação de rejeição torna-se um problema, uma vez que estamos encontrando uma fragilidade emocional na atual geração: dificuldade em lidar com a frustração e rejeição. Desta forma, se os padrões estabelecidos levam à imagem de pessoas magras, malhadas, fortes, e aqueles que não conseguem chegar a este padrão sofrem muito, podendo obter duas reações: retrair-se e acabar por se esconder e se martirizar, ou sair em busca de um novo corpo a qualquer preço. E o “a qualquer preço” também não os exime do sofrimento; afinal, não é fácil mudar um formato corporal, requer esforço e disciplina.
E o que fazer quando uma criança de 9 anos chega até você e diz: “ Tia, você tem que me ajudar! Não consigo parar de pensar em comida. E quando como eu arrependo e choro. Tia, eu sou gorda! Não consigo emagrecer. Estou até com raiva das festas e ‘deste Natal’ que está chegando. Pensa, tia, o tanto que vou comer e engordar. ” Ao terminar de relatar sua preocupação, cheia de dor, o choro vem compulsivo e com soluços. E essa criança só tem 9 anos.
E quando você recebe uma adolescente de 13 anos que passou mal na sala de aula e é encaminhada até você com palidez, tremor e dificuldade no raciocíni? Aí você a acolhe, começa a investigar e ela relata que tem uma festa importante e não se alimenta faz três dias, porque precisa estar magra.
O que está acontecendo, a gente já sabe; então, o que podemos fazer para ajudar?
  • ·         Fique atento à alimentação da sua criança e adolescente. Ofereça alimentos mais saudáveis.
  • ·          Verifique se estão alimentando na medida: nem mais, nem menos.
  • ·         Observe como reagem ao escolher suas vestes: reclamam que estão apertadas; manifestam que nada fica bom; as roupas começaram a ficar largas. Enfim, algo mudou?
  • ·         Converse sobre crescimento, mudanças hormonais, alterações involuntárias nesta faixa etária.
  • ·         Leve-os até um endocrinologista, verifique as taxas hormonais e demais exames e siga as orientações do especialista.
  • ·         Proporcione aulas esportivas para que gastem energia, trabalhem corpo e mente. Mas vá mensalmente até o professor e peça informações para ver se há exageros ou desinteresse.
  • ·         Crie momentos de lazer em que todos os familiares se exercitem juntos: caminhada no parque, uma partida de voleibol, uma brincadeira na piscina e observe o condicionamento e o comportamento deles ao expor o corpo com trajes de banho ou esportivo: ficam envergonhados, se escondendo, repuxando a blusa; evitam usar roupas coladas.
  • ·         Mostre suas fotos na mesma idade deles (as) e fale de sentimentos, desejos e “encanações” que você já vivenciou. Isso abrirá espaço para perguntas e até desabafos.

 Entre tantas possibilidades de aproximação e conhecimento do momento que seu filho está vivendo, trago essas acima e alerto para o quanto isto tem sido crescente.
Trabalhar esta imagem corporal é imprescindível para que a criança e adolescente cresçam com mais segurança e amor próprio. Mais seguros, eles se tornarão pessoas mais flexíveis consigo e com o outro. Sendo mais flexíveis e aceitando as diferenças, isso se refletirá até em suas relações profissionais. Um profissional com a sua Imagem Corporal bem desenvolvida, se percebendo e se aceitando, reconhecerá com mais facilidade o espaço do outro.
Que imagem corporal você tem de si mesmo? Trabalhe em você para que possa ajudar o seu filho.

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