segunda-feira, 3 de junho de 2019

Educando meninas em pleno século XXI






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Educando meninas em pleno século XXI
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais

Na semana passada postei um artigo falando sobre a educação de meninos nos dias de hoje. Agora, quero refletir com vocês sobre o educar meninas em pleno século XXI e com tudo o que ele oferece.
A chegada de uma menina sempre encanta a família. Logo os vestidos e os laços vão aparecendo em seu closet e o incentivo de se enfeitar e portar-se como princesa é discurso certo dos familiares. Mas será que este modelo de ser uma princesa é o ideal nos dias de hoje? E o que é ser princesa? Os pais, focados em seus sonhos e modelos, acabam por impor uma série de caminhos que muitas vezes não irão corresponder ao perfil e desejo da filha.
A menina de hoje tem apresentando um comportamento de muita independência e desejo de crescer com suas opiniões e escolhas respeitadas, mas isso não significa que temos que acatar e obedecer. Afinal, ter vontades próprias tão precocemente não é sinônimo de maturidade e sabedoria. As meninas precisam muito da orientação dos pais em sua caminhada. Estamos presenciando pais se afastando da sua obrigação como promotores de reflexões sobre as escolhas, o que geraria amadurecimento, para meros obedientes de uma argumentação tão esperta e perspicaz de sua cria.
As meninas estão sim mais sábias para dobrar seus pais quando o objetivo é obter um sim para o que pretendem fazer e, acreditem, os pais por omissão, facilidade ou fraqueza, estão cedendo e empurrando sua filha para um mundo de muita precocidade.
Senti necessidade de fazer o alerta por estar tão próxima desta geração do descompromisso com a reputação, respeito e pudor. Digo isso também baseada em dados. Hoje estamos nos deparando com meninas cada vez mais jovens com comportamentos que, de longe, deveriam ter na idade de 8 a 18 anos.
Com a era digital, a preocupação só aumenta. Meninas estão tão envolvidas com a tecnologia que a sua maior vivência social tem sido virtual. Desta forma, o empobrecimento na relação, aquela relação que permite amadurecer com a troca presencial entre as amigas, tem ocorrido de forma superficial e muitas vezes leviana, através das redes sociais. Precisamos estar atentos ao que nossas jovens meninas estão fazendo com aquele aparelho que compramos e colocamos com o mundo em suas mãos: o celular com internet.
Precisamos nos perguntar sempre: Em que idade minha filha está preparada para receber um aparelho celular que a coloca em contato com tudo e todos? Qual a necessidade de ter um celular? O celular da minha filha é privativo ou compartilhado com a família? O que é privacidade ou a partir de quando devo oferecer privacidade?
As pesquisas atuais trazem dados alarmantes quanto ao uso de celular. Uma pesquisa recente divulgou que de 8 a 10 meninas:
·        enviam uma média de  30 mensagens por dia;
·        publicam uma média de 3 selfs;
·        53% publicam mensagens e fotos com conotação sexual;
·        26% sofrem bullying virtual;
·        22% mandam nudes (imagens delas sem roupa)
*Fonte: Revista Veja – 20 de abril de 2016.

Quais são os malefícios de toda esta exposição pessoal ou o simples fato de acompanhar a exposição de celebridades e amigas? Vamos lá! Deparamos com crianças de 6 anos que se encontram entristecidas por não se sentirem populares. O que é ser popular? Hoje, na cabecinha delas, ser popular é ser requisitada pelas amigas, convidada para todas as festas, ser copiada pelo que usa e ter lideranças em tudo, na escola, família e redes sociais. Ser popular, traduziu uma menina de 7 anos, é ser uma celebridade na escola. Vamos pensar! Se adultos muitas vezes não possuem amadurecimento para “ser popular “, imaginem uma criança! E se adultos muitas vezes nos surpreendem com atitudes imaturas por não serem destaque, imaginem uma criança. O que estamos fazendo com a cabecinha das nossas meninas?

Atendi uma garotinha de 10 anos em meu consultório que chorava muito dizendo que a sua mãe não se conformava por ela (a criança) não ter sido convidada para a festa de uma colega cuja a família era importante para a mãe dela. Com isso, a criança estava se sentindo culpada pela frustração da mãe. Como poderia ter feito a mãe tão triste por não ter sido convidada, indagava. A mãe tão focada na possibilidade do encontro social, não percebia o mal que fazia à filha. Muito menos tinha consciência da mensagem que estava passando a ela, quais valores ela estava aprendendo com esta atitude (tenho que ter e não ser).

As meninas também estão sofrendo com a ditadura da moda. O que é belo não pode se sobrepor ao que eu tenho de belo. Precisam focar nas suas qualidades: “Minha beleza interna faz brilhar o que sou externamente? Infelizmente isso não tem sido aprendido. As nossas crianças estão buscando se vestir como mulheres, querem se expor como atraentes e belas para que sejam notadas. Notas por quem? Está aí uma preocupação que muitos pais estão deixando passar.

Outra situação bem comum é assistir a crianças e adolescentes tão focados no que as redes sociais ditam que o estudo tem ficado para terceiro ou quarto plano. Acessar a internet tem sido um vício; preocupar-se com o que estão vestindo, festas e saídas até para dormir fora de casa tem ocupado o lugar das atividades escolares e extras (esporte, música, etc).

Mas por que isto tem acontecido? Porque estamos incentivando uma vida social que nem sei dizer se é correta no mundo adulto, mas, que com certeza, não aconselho para o mundo das nossas crianças.

Comecei a escrever falando sobre a educação de meninas porque, embora perceba que muitos meninos têm sofrido com essa tal modernidade, são elas, nossas meninas, que têm sido as maiores vítimas da nossa omissão, incentivo à precocidade e por que não dizer, da nossa irresponsabilidade em não abrirmos os olhos para o que as nossas pérolas estão se interessando e com o que estão se envolvendo.


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