segunda-feira, 3 de junho de 2019

Eu não sei amar





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Eu não sei amar

Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais

                Helena, 12 anos, está intrigada. Quer entender o que é amor. Perguntei o que ela acha que era amor. Ela disse que amor é união, ajuda, respeito ao outro, vontade de estar junto.  Perguntei por quem ela sentia amor. Ai “o bicho” pegou. Helena disse estar confusa exatamente por isso. Relatou que sempre amou seus pais, mas hoje tem os tratados com desrespeito e rejeição. E sente-se ferida por estar assim.
            Aproximei, olhei em seus olhos lacrimejantes, e arrisquei perguntar porque tata rispidez e rejeição aos seus pais. Helena nem pensou duas vezes e relatou extremo cansaço pelas ordens, regras e rotina ao lado daqueles que ela ama, mas está perdendo a admiração.
            Helena é só mais uma das muitas adolescentes que não quer ser orientada, ensinada e até comandada. Acha que pode tudo, que já sabe tudo e não precisa mais de tantos cuidados dos pais.
            Helena, como seus pais tem reagido a sua mudança de comportamento? A menina adolescentes abaixou a cabeça e respondeu: “Ai que tá, tia, eles estão me amando mesmo assim e por isso dói mais. ” Pedi que me explicasse melhor.
            Foi quando ela, com todo jeitinho, me disse que eles a tratam com respeito, são amorosos e unidos. Que ficam chateados com ela, até impõem consequências, mas não desistem de ensinar o que é amor. E, após uma suspirada me disse: “Eu não sei amar. Você pode me ensinar? ”. 
            A abracei, aconcheguei ela em meu ombro e disse “Helena, esse é um jeito de amar. Esse gesto que estou tendo com você. Estou acolhendo as suas dores e conflitos.  Você sabe amar. Se você está aqui preocupada com as suas atitudes para com os seus pais, isso também é uma forma de amar.  Buscar saídas para resolver conflito, também é amar. Helena, você na verdade sabe muito sobre o amor, apenas está confusa com as suas mudanças, com o seu crescimento. Para crescer não precisa afastar, maltratar ou impor ideia aos seus pais e a ninguém.”
            Naquele momento ela olhou atentamente e disse : “não gosto que me tratem como criança.” Hummm Ali estava a questão. Repeti o gesto do olho no olho e disse  ela : “Helena, experimente dialogar. Experimente falar sobre você. Experimente amar seus pais nesse momento que você está em transição. Perceberá que tudo irá mudar. Seus não estão te tratando como criança, estão sofridos exatamente por enxergar que você não é mais uma criança.
Helena teve pressa. “Você pode me emprestar seu celular, Fabiola?” Ligou para mãe e disse: “Mamãe, liguei porque senti saudade. O papai está com você? “
E ali vi que Helena sabe muito o que é amor.


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