Violência: como falar sobre ela com as
crianças?
Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais.
Mestre em Educação
A cada dia,
tenho sido abordada por mães assustadas com as perguntas das crianças. “Mãe, o
que é estupro?”, “Papai, por que ele bateu na esposa?”, “Mamãe, por que minha
amiguinha bateu no Pedro e disse que se mexeu com uma, mexeu com todas?” As
crianças são perspicazes e estão atentas a tudo o que aparece nos noticiários e
nas mídias sociais. E, é claro, buscarão esclarecer aquilo que não entendem.
E como
explicar para crianças tão pequenas as barbáries do cotidiano? O que fazer
quando nos abordam, sem chocá-las ou amedrontá-las?
Criar o filho
longe de tudo isso tem sido cada dia mais difícil, mas evitar exposição
excessiva aos veículos que oferecem estas notícias é um caminho. Crianças têm
que brincar, fazer esporte, estudar e envolver-se com assuntos deste teor o
mínimo possível. Mas se assistirem aou encontrarem conteúdos como estes ao
longo do percurso diário, fique atento às dicas:
- · Escute a pergunta até o final. Após escutar a sua criança, pergunte a ela o que ela sabe sobre o que indaga. Conheça o que passa na cabecinha dela. Só depois, emita uma informação.
- · Trabalhe com ela o que são direitos e deveres. Faça-a refletir sobre como devemos ser respeitosos e que existem pessoas que não cumprem esse compromisso de respeitar o próximo.
- · Dê exemplos claros de diferenças culturais e sociais. Mostre que existe um mundo além daquele em que ela está inserida.
- · Estabeleça combinados em casa sobre o exercício de manter o respeito a todos. Através do exemplo, você permitirá que a sua criança não tenha comportamentos agressivos ou abusivos por assistir a algo e achar que é normal. Exemplo: pais que discutem e se agridem.
- · Valorize as leis existentes, sendo cumpridor de regras: trânsito, filas, identidade familiar e escolar, entre outros.
- · Não minta ou aja com “esperteza”, exemplificando a corrupção em casa. É extremamente indelicado criticar os corruptos de fora se é um corrupto no lar e na escola.
Estes cuidados
e ações ajudarão as crianças a terem exemplos positivos e as farão diferenciar
dos que encontram no mundo. Sendo amáveis, justas e corretas, identificarão com
clareza o diferente e entenderão que o outro está errando nos seus vários papéis:
sociais, religiosos, etc.
A cada fase
que nossos filhos enfrentam, temos oportunidades imperdíveis de orientá-los.
Aproveitem as oportunidades e trabalhe para que a sua criança faça a diferença
positiva no mundo em que está inserido.
Não ensine o
seu filho a “esperteza” que alguns valorizam. E não ache que seu filho é “bobo”,
porque é generoso e pacífico. A paz que o mundo busca começa com a paz interna
de cada um.
Quando seu
filho começar a participar do mundo escolar, ensine-o a dividir seus
brinquedos, oferecer parte de seu lanche, ensinar uma brincadeira nova. Permita
que ele aprenda o que é troca: ensino e aprendo; aprendo e ensino.
Nas atividades
esportivas, incentive o seu filho a ser um competidor saudável. Permita que ele
se prepare para ser um campeão não só na modalidade escolhida, mas um campeão
de respeito ao seu competidor.
Faça com que
seu filho compreenda que ele precisa se defender de qualquer agressão não na
“mesma moeda”, porém com argumentação e lição de solidariedade e amor ao
próximo.
Mostre a sua
criança que ter opiniões diferentes não o faz ser adversário do outro. Apenas
há divergência no pensar e compreender algo. Ensine-o que “é melhor ser feliz que ter razão”. Que
buscar ganhar a razão em qualquer discussão, só o fará uma pessoa intransigente
e desagradável e não a mais sábia.
Este exercício
proposto até agora, prepara o seu filho para entender a violência exposta sem o
menor pudor em qualquer horário na televisão, sem nenhum filtro nas redes
sociais, em qualquer hora nos locais que ele frequenta. E quando ele questionar
você sobre o motivo de ter pessoas que não exercitam o que você propõe a ele
nos valores trabalhados na família nuclear, explique a diferença existente no
mundo entre pessoas que querem ser do bem e pessoas que insistem em fazer o
mal.
Mostre a ela
que existir pessoas que fazem o mal não pode gerar receio ou pânico de estar
presente em um mundo “dividido”. Dê a segurança necessária de que você, embora
não seja a Mulher Maravilha ou o Supermam, estará sempre com ela para orientar
e proteger. Que estamos aqui para enfrentar nossas indignações com o
comportamento contrário ao que se vê. Que lutaram contra a violência através do
exemplo saudável e apaziguador.
Sim! Muitos
exemplos de violência têm entrado em nossos lares ultimamente, mas inúmeros
manifestos de união contra tais violências também estão nos trazendo o conforto
de que a sociedade está deixando de ser pacífica e se unindo para que as nossas
crianças possam ter uma infância menos assustadora.
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