segunda-feira, 10 de junho de 2019

O efeito do divórcio na vida dos filhos



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O efeito do divórcio na vida dos filhos


Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais


        A cada dia mais comum e aparecendo em idades diversificadas, o divórcio dos pais traze um impacto enorme em seus filhos. Hoje quero falar sobre o impacto em cadeia do divórcio dos pais em filhos maduros. Por que em cadeia? Porque o divórcio dos avós dos pequenos tem ocorrido com alguma frequência e causa uma onda de consequência começando pelos pais das crianças até refletir no comportamento de toda família: divorciados com idade de 60 anos, por exemplo, nos filhos com seus 40 anos e seus netos.
         Lidar com a separação dos papais em idade de infantil já não é nada fácil, mas lidar com o sofrimento dos papais por verem seus avós o divorciarem tem sido algo ainda mais forte para as crianças nos dias atuais.
         Acontece que com a perspectiva de uma vida mais longa e de qualidade, os adultos estão cada vez mais ativos e animados com a vida. A vida moderna ainda trouxe mais acesso a tudo o que é possível realizar, mesmo após a aposentadoria: grupos de academia, excursões, tempo de qualidade com a família, disposição para amigos, entre tantas coisas que as pessoas da terceira idade possuem. Além do amadurecimento e da percepção que tais pessoas obtiveram uma vida cheia de restrições em prol do cônjuge e desejam uma liberdade que não é concedida se permanecem no enlace.
         E de repente os pais soltam esta notícia aos filhos como uma bomba. Filhos que muitas vezes não percebiam que um dos pais se sentia reprimido, sufocado ou magoado, precisa encarar uma decisão tomada e aceitar que não os terão mais juntos.
         A avalanche emocional interfere na relação destes filhos adultos com os seus filhos pequenos. Isso! Filhos não desejam ver pais separados e sonham com o amor mágico para eles. Os filhos aprendem, durante o seu crescimento e desenvolvimento, o exemplo apresentado da relação dos pais. Esse legado apresentado dia a dia passa a ser referência para as suas relações. Tudo fica harmonioso e “adequado” até que a cortina se abre e um novo cenário é apresentado. Diante dessa nova realidade, uma busca incansável de respostas aos porquês atormenta a criação.
         E como ficam os filhos dos filhos, os netos, diante desta nova vivência? Os netos começam a sentir o sofrimento dos pais e se perguntam se possuem uma relação saudável ao ponto de também não os perder a qualquer momento.
         Quando todo susto dá lugar à compreensão, uma nova relação se estabelece. Junto com essa nova perspectiva de relacionamento com os pais, somada à análise do “que eu perdi, ou não vi, ou não quis ver” durante esta convivência que não percebi, todos amadurecem e formam um novo caminhar.
         A dor vai dando lugar ao aprendizado e amadurecimento. E de repente a saída da zona de conforto faz com que toda a família aprenda a ficar mais atenta.
         Nesse momento, os filhos começam a se autoavaliarem dentro das suas relações. Um novo formato se estabelece em seus relacionamentos para que não passem pelo mesmo e gerem segurança aos seus filhos. Os netos passam a dedicar mais atenção a seus pais para que também não os percam como casal.
         E o que tem levado casais de longo relacionamento e com filhos maduros a se separarem? Entrevistas com famílias que passam por isso têm mostrado que o desejo dos pais de relacionar-se com outros adultos, poder ter seus próprios momentos com afazeres que lhe geram prazer, o entendimento que os filhos crescidos já estão aptos a cuidarem de si e que agora podem se dedicar mais e nutrir o amor próprio são relatos constantes.
         Outro aspecto importante é que a decisão de se divorciar tem partido muito das mulheres e elas explicam: “Com a cultura machista em que estamos inseridas, o homem possui muito mais oportunidades de momentos de lazer e relaxamento que a mulher”; “ Por ter que estar presa a tantas obrigações domésticas enquanto meu marido estava a caminhar por aí, não tinha as mesmas oportunidades de cuidar de mim e conversar com amigas”; “Acredito que cumpri a minha missão e agora posso fazer aquilo para o qual nunca sobrava tempo ou era impedida pelo meu parceiro”; “Cansei de ser mandada e ainda abusada financeiramente. Tudo o que promovia em dinheiro era revertido para o que ele decidia”; “O desrespeito as minhas ideias e vontades me fez cansar e buscar a liberdade”.
         Os filhos, por sua vez, se deparam com aquilo que conheciam e não imaginavam que seria tão penoso ou se surpreendem por acharem que era algo aceitável e acordado entre eles. Retornam a seus lares, se questionam como cônjuges e a onda da dor chega aos pequenos, que percebem tudo e também avaliam.
         A insegurança da nova situação mostra a importância de uma assistência mais próxima aos pequenos. Enquanto os pais digerem o divórcio dos avós das crianças, as crianças precisarão entender o que se passa de acordo com a idade que elas têm, ou seja, sem riquezas de detalhes sem comoção, para que, em breve, tudo siga o curso da vida.
         Filhos com pais felizes são muito mais felizes do que filhos com pais juntos e infelizes. Toda separação é difícil, porém se se mantém o respeito e a harmonia entre todos, afinal, a relação marital findou, mas o vínculo parental permanece, tudo caminhará sem sequelas graves emocionais.
         Uma boa dica é passarmos a usufruir do romantismo e da mágica que se cria em volta do amor dos nossos pais e avós, sem tirar o pé da realidade. Buscar entender as necessidades emocionais dos nossos pais, sem dúvida nenhuma, permitirá estabelecer um vínculo real e com muito mais chance de ajuda aos ajustes necessários ao longo da vida.
         Os pais podem sim se cansar da rotina ou da opressão que a relação muitas vezes estabelece, mas nada como uma rotina de diálogo saudável para reestabelecer a rota. Este exercício deve ser realizado e aprendido pelo nosso pequeno. Inicialmente lhes ensinando nos vínculos com os amiguinhos e depois se entendendo às futuras relações amorosas.
         Em um mundo onde o egoísmo tem dado lições dolorosas, cabe aqui um alerta sobre a repercussão de um divórcio de uma relação acima de qualquer suspeita. O que quero dizer? Não deixe de estar próximo a seus pais e entender os sentimentos que possuem só porque você já constituiu um lar e tem tantas obrigações com seus filhos. Saiba que, estando por perto, você poderá ser um mediador e proporcionar ajustes ou oferecer ajuda profissional para que compreendam o momento e achem um caminho que possam seguir juntos e mais felizes. Toda a família agradecerá.

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