Como
conseguir mergulhar na intimidade de um adolescente?
Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Sinto tantas angústias dos pais sobre o mundo que o
adolescente cria que resolvi escrever. É natural os adolescentes,
inconscientemente, acreditarem que, para adquirir uma identidade, precisam se
isolar da família e buscar grupos que tenham os mesmos interesses, ou que sejam
irreverentes e em que tentam se encaixar. É como se tivessem que pertencer a um
determinado estilo de vida para que se colocarem frente ao mundo como seres
crescidos.
Os pais se assustam com esse movimento e acabam por entrar
em confronto questionando, esbravejando, punindo em vez de buscar entender o
que está acontecendo. Estabelecem monólogos quilométricos de “pagação de sapo”,
sermões sem fim, sem ao menos dar a chance de compreender o que desejam.
O que fazer quando perceberem que aquela criança está
crescendo e se afastando?
1 – OBSERVAÇÃO - Tenham disposição de observar. Observem
mais. Fiquem atentos à busca do que está mudando. O que está diferente. O que
está os incomodando.
2- OUÇAM – Ouçam mais e falem menos. Vistam-se de uma grande
orelha. Estejam prontos para ouvir até o fim seu (sua) filho (a). Deem
oportunidade para conhecerem-no (a). Ouçam com atenção e só pronunciem palavras
que permitam a continuidade do assunto: “ Interessante”... “E como foi?”...
3- INTERESSEM POR ELE(A) – Procurem saber dos sentimentos e
buscas dele. Não foquem, até aqui, na análise do grupo de amigos escolhidos ou
no isolamento. Perguntem sobre os motivos que levou a escolher ou a se isolar.
Vejam os pontos que ele (a) julga comuns.
4 – REFLITAM COM – Reflitam sobre a escolha. Levantem pontos
para pensarem juntos. Permitam uma análise sobre esse caminho até aqui. Tenham
pontos claros e abertura para ouvir e falar; falar e ouvir.
5 – CONSEQUÊNCIAS – Conversem sobre as consequências desta
escolha. Falem sobre o preparo para lidar com isso. Conversem sobre sentimentos
e estrutura emocional.
6 – REGRAS – Só agora manifestem-se sobre o que pensam a
respeito, de forma clara e determinante. Mostrem que precisam construir algumas
regras de convivência saudável para vocês: pais e filho (a). Construam juntos,
mas com a autoridade de pais.
7 – OBSERVEM NOVAMENTE – Acompanhem o movimento pós
intervenção. Como estão caminhando os dois lados? Colham dados.
8 – RETOMEM – Retomem o assunto. Aparem arestas. Mostrem que
continuam atentos e dedicados a passar a adolescência e todas as questões que
aparecerem juntos.
9 – EXPERIMENTEM – Experimentem aproximar-se da escolha
feita: grupo ou isolamento. Frequentem o espaço dos amigos ou o quarto. Mostrem-se
presentes. Escutem, analisem, posicionem-se como PAIS e não como “coleguinhas”.
10 – ACOLHAM – Acolher não é “passar a mão na cabeça”.
Acolher é orientar, acompanhar, corrigir, punir, se preciso, e dizer: “Estamos
aqui”.
Sejam
pais atuantes e não “reclamantes”.
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