
Como ajudar os filhos a superarem
os medos.
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
As crianças, em seu universo infantil,
apresentam medos variados e por fases. É como se em cada etapa um determinado
tipo de medo fosse comum aparecer. Comum não significa certeiro, como se fosse
regra ou um passo a passo/receituário para os pais, principalmente dos pais de
primeira viagem. Porém, saber que podem aparecer e nos preparar para isso nos
capacita a vencê-los mais rapidamente junto a nossos amados filhos.
Trabalhar a compreensão, o
respeito e o apoio ajuda as crianças a superá-los, mas, para que os pais
consigam oferecer compreensão, respeito e ajuda na hora que seu filho apresenta
o medo, é preciso conhecer o assunto e tê-lo como algo natural no
desenvolvimento infantil.
No dia a dia, temos vários
exemplos nos quais as crianças demonstram insegurança. Alguns frutos do
imaginário fértil, mas que, para elas, são reais e outras, como desculpa para
conseguirem alguma “vantagem”. Exemplo: não querer dormir em seu próprio quarto
porque alegam ter um zumbi dentro do guarda roupa; ou não quer tomar banho
porque o monstro do lago pode sair do ralo. O que fazer diante de tal convicção
apresentada?
Quando as nossas crianças
apresentam seus medos, mesmo se desconfiamos de “um golpe”, não devemos achar
graça ou desconsiderar como se fosse uma grande bobagem. Entrar no imaginário e
propor enfrentar “os monstros” pode ser uma grande sacada. “Filho, vamos
juntinhos enfrentar este danadinho! Somos mais espertos e mais fortes! Vamos
abrir o guarda roupa e colocá-lo para correr! “ De mãos dadas, vão até o local
e ajam como uma brincadeira. A ludicidade fará um bem enorme.
O exemplo mostra que você
considerou, respeitou e agiu ao lado de seu filho. Ao agir com ele, gerou
segurança e pró-atividade. A mensagem clara é: “Enfrente seus medos. Siga em
frente, meu filho! ”. Minimizar o sentimento da criança, desconsiderar o seu
medo, só agrava a situação. Isso não pode acontecer de maneira alguma.
O medo não é maléfico. Ele é um
freio necessário para não nos aventurarmos tanto. Perceber que temos uma
criança destemida é uma sirene que tem que tocar, é algo que precisa nos
preocupar. Uma criança destemida pode se colocar em situações de risco e pode
trazer sérias consequências. O equilíbrio sempre é o melhor caminho. Mostrar ás
crianças que devem enfrentar seus medos e gerar segurança, não é deixá-las
corajosa para tudo, mas ensiná-las a sair do imaginário e desconhecido para o
conhecido e o como lidar com isso.
À medida que a criança vai
experimentando e adquirindo vivências, ela vai amadurecendo. Com o
amadurecimento, ela vai superar alguns medos e se preparar para outros que
aparecerão. A postura dos responsáveis/cuidadores é essencial para não gerar
traumas que exigirão de um trabalho profissional futuramente para
ajudá-los.
Outro ponto importante é
partilhar com os filhos alguns medos que você que é adulta, também sente. Nada
que possa trazer receio de se tornar adulta também, porém, alguns medos que
você já teve ou tem e como os superou ou os supera. Perceber que os pais, os
super-heróis dos filhos, também enfrentam medos, aproxima pais e filhos para a compreensão
do tema.
Quando nos referimos aos bebês, é
muito mais difícil identificar os geradores do medo. Percebemos, pelo choro e
feições, que algo não está bem. Quando a criança já começa a falar, achamos que
ela poderá expor-se, no entanto muitas vezes, nem ela sabe o que a amedronta,
fica visível a angústia e a “carinha” de pavor. E como agir, então? Levantado
hipóteses e eliminando-as. Mas JAMAIS induzindo através de falas; é preciso ser
bons observadores e bons decodificadores da linguagem corporal.
Ajude a criança a enfrentar seus
medos com criatividade. Mude ambientes, explore os locais com ela, brinque,
como por exemplo, pegar uma lanterna e explorar cada cantinho. Ela irá gostar
de brincar de “detetive ou desbravadores”. Observe, também, se este
comportamento se repete fora do ambiente residencial. Quando viajam, a criança
também se incomoda com algo do hotel? Se dorme na casa de parentes, este
comportamento aparece? Se sim, de que forma?
Caso você sinta que o medo da
criança está gerando tanto incômodo que já a faz sofrer, busque ajuda
profissional. Existem algumas fases em que são bem naturais algumas inseguranças
em casa, na escola, no parque, na relação com adultos, na relação com
sentimento de perda dos pais e até com a situação financeira da família.
Procure dialogar sempre com sua criança, mergulhando no imaginário dela. Na
ludicidade, você terá acesso a seus pensamentos mais profundos e, brincando ela
conseguirá verbalizar e você poderá trabalhar naquilo que passou a conhecer.
Distanciar a criança dos
noticiários também é uma medida necessária do mundo moderno. Atendo crianças
que assistem a programas televisivos ao lado familiares e cuidadores; às vezes,
até enquanto estão brincando por perto, estão completamente atentas ao ouvir o que
tem ocorrido de violento no mundo, e isso tem trazido uma demanda de medo de
crescer e ter que enfrentar tanta coisa futuramente. Não é aliená-las, e sim oferecer
orientações de segurança na linguagem adequada e no tempo certo. Vamos mostrar
mais segurança e oferecer ferramentas para o enfrentamento dos medos a nossos
pequenos! Eles estão precisando de uma melhor estrutura emocional para uma vida
adulta emocionalmente mais sadia.
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