segunda-feira, 3 de junho de 2019

Atrativos e perigos: Jogos On-line







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Atrativos e perigos: Jogos On-line






Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais
Mestre em Educação





A geração anterior, para não dizer mais antiga, teve o privilégio de participar de muitos jogos presenciais. Reuniam os amigos ao redor de uma mesa, na rua de casa, no pátio do condomínio e todos eram envolvidos em uma brincadeira que permitia a interação social. Era uma incrível oportunidade de apender com o outro a respeitar as diferenças, exercer liderança ou a ausência dela, experimentar comando e ser comandado, concordar e discordar, exercitar a verdadeira aprendizagem social.
Com a chegada da tecnologia, primeiramente experimentamos uma oportunidade de jogar a dois em um mesmo ambiente, os famosos videogames. Eles já oportunizaram o respeito à sua vez, o aprender com as estratégias do outro e a competição in loco.
Com um avanço ainda maior, chegou a nossos lares os jogos [na rede] nos computadores. Uma interação que permitia jogar com alguém à distância. Os amigos passaram a se isolar em casa e alguns se encontravam “nas salas de jogos” ou simplesmente interagiam com novos amigos desconhecidos. Chegou a era da conectividade.
De repente aquilo que era para ser mais um objeto de distração e lazer, foi tomando espaço na vida das crianças, adolescentes e adultos como um refúgio para aliviar a rotina, o estresse e até mesma a fuga das relações sociais e familiares. A crescente ascensão às etapas dos jogos acaba gerando impulsos e sentimentos cada vez mais envolventes e viciantes.
Junto com toda essa modernidade no campo virtual dos jogos, a linguagem utilizada é bem característica e reforça uma ideia aos “consumidores” que o comportamento aprendido deve ser aplicado para ser aceito e dar o “gosto” da aceitação e do pertencimento. Um ambiente virtual carregado de palavreados pesados, chulos e ofensivos.  Além de promover um estado “raivoso” e agressivo entre os componentes.
Voltando o olhar para o que ocorreu na semana anterior, envolvendo um jovem adolescente e o jogo on-line, posso dizer que o que inicialmente parecia ter sido um desafio proposto entre integrantes, segundo investigações, parece, na verdade, não passar de um acidente enquanto o jogo era conectado e ele, o adolescente, estava on-line com os amigos, aguardando para jogar. Porém a dedução inicial de que o jogo teria provocado a morte por um desafio, acendeu uma luz para os cuidados que devemos ter com os nossos filhos em ambientes virtuais.
Os jogos on-line eram para ser um ambiente de relaxamento e diversão, mas se percebe que têm promovido uma proposta de competição, banalização, ausência completa de amor ao próximo e propagação de um comportamento nada saudável desta geração. É muito comum, ao depararmos com o histórico das conversas entre os jogadores, perceber que, em vez de se cumprimentarem e formar amizades, disparam xingamentos compulsivamente e acabam por ofender os jogadores que apenas queriam se divertir. Do outro lado, o iniciante entende que deve aderir a este comportamento ofensivo para ser aceito. E muitas vezes carrega tal forma de se relacionar do mundo virtual para o mundo real, mudando o comportamento com os familiares e amigos.
Durante o ambiente virtual, enquanto estão jogando e não correspondem a expectativas dos outros jogadores ou acabam por eliminar os oponentes, os jogadores são tomados por um comportamento neste mundo virtual ainda mais denso.  Este comportamento “vende” a ideia de que todos são obrigados a utilizar o mesmo linguajar. Toda esta estratégia comportamental que vai sendo implantada, começa a gerar um ambiente pesado, incorporando todos os envolvidos.
Percebe-se que os jogos on-line oportunizam a aparição de uma segunda face das pessoas. Não é raro o estranhamento dos pais, cônjuges e familiares ao depararem com o ambiente virtual com que seus entes estão envolvidos e assustarem-se com a diferença de comportamento entre o real e o virtual.  Pessoas que aparentam uma timidez no ciclo social e familiar, no mundo virtual, talvez por terem a impressão de que são protegidas pelo anonimato, passam a revelar e promover o disparate de sentimentos negativos e demonstram sentir prazer com isso. E, infelizmente, este comportamento é perceptível nas redes sociais, basta acompanhar um fórum polêmico, um noticiário envolvendo política ou uma situação que tenha tido grande repercussão midiática.
E o que deve ser feito para reverter este ambiente hostil em um ambiente de diversão novamente?
·         Ter um olhar reeducador e buscar a promoção de uma boa convivência. Não devolver a hostilidade como um padrão de aceitação.
·         Perceber que nossos impulsos são gerados culturalmente e, dessa forma, devemos ser vigilantes para não ir contra os nossos valores.
·         Se desejamos mudanças, devemos oferecê-la. Estar próximo ao seu filho em momentos virtuais permitirá ensiná-lo a se comportar e não se deixar contaminar por um ambiente tóxico.
·         Convivência social, seja real ou virtual, precisa ser respeitosa e harmônica. Refletir com o filho que tudo que o agride deve ser evitado. Aceitar xingamentos para ser aceito não é o caminho.
·         Permitir a utilização dos equipamentos eletrônicos com monitoramento e determinação de horário (tempo determinado).
·         Deixar os computadores em ambientes partilhados onde todos possam ter acesso e acompanhar o que estão fazendo.
Voltando ao caso do jovem, apesar de se descobrir que não houve um desafio além da proposta do jogo, chamo a atenção das famílias para que promovam desafios saudáveis aos nossos jovens. Na ausência de desafios saudáveis na vida real às crianças e adolescentes, permitindo que obtenham tudo o que desejam, tendo a resolução de seus “problemas” facilitada pelos adultos, obtendo tudo com muita facilidade, não sendo vigiados o suficiente para serem orientados, contribuímos para que se tornem presas fáceis de situações que tragam um “barato” momentâneo. Arrepiou? Deu medo? É de arrepiar mesmo. Vamos acordar!
Que possamos proporcionar ambientes familiares e sociais a nossos amados para que tenham menos tempo de virarem presas em situações virtuais que não acrescentam nada a suas vidas. Neste sábado, tive a oportunidade de entrevistar dois jovens que passam horas nos ambientes virtuais e eles relataram que são muito assediados sexualmente e para compra de coisas ilícitas. Será que, para agradar nossos filhos, acabamos por oferecer precocemente equipamentos eletrônicos que os colocam em contato com o mundo e os expomos as situações completamente desnecessárias e com as quais, muitas vezes, não possuem maturidade para lidar?

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