As
consequências da pornografia no mundo infantil
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
É obrigação nossa proteger as crianças da
exploração sexual e de todo conteúdo que antecipe uma fase ou as insira em um
conceito distorcido sobre sexo. Sabemos que estamos vivendo um mundo onde as
músicas, filmes, propagandas, novelas, estão propagando uma sensualidade e uma
sexualidade intensa. E o que fazer diante disso?
A preocupação vai além dos nossos lares. Hoje
prioridade para muitos governos e organizações privadas é promover reflexões e
campanhas de proteção às crianças quanto à exploração sexual infantil. Embora
haja esforço e estudo, sabemos que isso não tem sido suficiente para tratar a
ameaça que a pornografia dos adultos representa para as crianças.
Hoje contamos com uma cartilha que faz
um panorama sobre os principais conceitos que envolvem a violência contra
crianças e adolescentes, especialmente quando o que ocorre é a violência
sexual. O objetivo da cartilha é difundir esse tema para cada vez mais pessoas,
aumentando a consciência sobre o assunto, sobretudo nos espaços corporativos. A
cartilha faz parte de uma ação da Campanha
de Prevenção à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes, uma iniciativa
conjunta do Poder Público, setor empresarial e sociedade civil. “Trata-se de
uma realização do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra
Crianças e Adolescentes (PNVSCA) – uma área da Secretaria Nacional de Promoção
dos Direitos da Criança e do Adolescente, que é vinculada à Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República. Em parceria inédita com o PNVSCA,
participam também da campanha importantes empresas brasileiras dos mais
diversos setores, bem como o Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência
Sexual de Crianças e Adolescentes, a Associação Brasileira Terra dos Homens
(ABTH) e o Centro de Referência Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes
(Cecria).”
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/sedh/cartilha_educativa.pdf
O art. 4º do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA, Lei Nº 8069/90), assegurado pelo art. 227 da Constituição
Federal de 1988, aponta que é dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito: à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária. O Estatuto ainda garante que crianças e adolescentes devem ser
protegidos de toda forma de: negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
As leis e as preocupações do governo e
das famílias só se efetivarão se colocado em ação o cuidado de proteção aos
nossos filhos. Impossível privá-los de tudo (ouvir músicas, filmes, etc.), mas
totalmente possível escutá-los e orientá-los para fortalecê-los para se
defenderem de tudo que os levam para exploração sexual.
A pornografia adulta é uma ameaça para adultos
e crianças das mais variadas formas. Primeiro porque vende uma imagem de sexo
fantasiosa, agressiva, vulgar e desrespeitosa, totalmente física e sem
envolvimento amoroso. Sexo pelo sexo. Performance para satisfação do outro. Uma
preparação sutil para normalidade e para atrair “presas” fáceis. Se adultos não
estão emocionalmente preparados para discernir o real do fantasioso, imagine uma
criança.
Pessoas que buscam vítimas utilizam-se do
recurso pornográfico para atrair crianças e adolescentes. Percebe-se um
caminhar bem característico. Utilizam a pornografia adulta até inserir a
pornografia infantil. As crianças imitam com outras crianças o comportamento
que veem na pornografia adulta. E se tornam uma vítima fácil para que imitem o
mesmo comportamento com adolescentes e adultos.
Instalado o vício pornográfico, deparamos com
crianças destruídas emocionalmente, pois misturam o prazer sentido com a
censura que possuem internamente pelos valores familiares. Esta mistura de
sensações com o tempo as deprime e as isola.
O comportamento das crianças e
adolescentes que se iniciam ao vício pornográfico é bem parecido com o vício de
drogas. As pessoas que são viciadas em pornografia requerem classes mais declaradas
e incomuns de material sexual conforme avança o tempo. E, assim como as drogas,
surge a necessidade crescente de mais estímulo para alcançar o mesmo efeito
inicial.
Crianças e adolescentes mostram um
comportamento tendencioso à repetição do que veem. Na pornografia, não são meros consumidores
passivos; assim como os demais comportamentos apreendidos, as crianças e
adolescentes passam a reproduzir tudo que aprendem.
Com o uso inadequado da tecnologia (sabemos
que a tecnologia veio para agregar desde que tenhamos um filtro criterioso), as
crianças estão expostas e com facilidade podem entrar na maioria das páginas
web comerciais que distribuem pornografia adulta. Infelizmente basta um clique
para dirigir gratuitamente e sem restrições ao espaço adulto. Com pais muitas
vezes distantes deste momento, as crianças se tornam presas fáceis da
curiosidade.
A família tem um papel fundamental de
proteção a seus filhos. Precisa
ensiná-los a se protegerem de todo conteúdo inadequado. Acontece que a falta de
diálogo, a inocência de achar que este mundo está distante do seu lar e o
acesso à internet de qualquer local e na palma da mão, deixam as crianças bem
fragilizadas ao assédio.
Sabemos que adultos utilizam desta
fragilidade familiar (ausência de acompanhamento e orientação) para aliciar e
despertar as crianças para este mundo. Este despertar faz novas vítimas que
alimentam o aliciador em seu vício doentio.
Muitos estudos revelam que o acesso à
pornografia ficou facilitado pelos recursos tecnológicos. Antes o acesso era
por meio de revistas e vídeos, o que fazia com que o consumidor tivesse que
mostrar a cara na banca de revista, lojas ou locadora. Hoje se escodem em seu
mundinho acessível e acreditam que estão protegidos ou no anonimato.
Os estupros coletivos, os abusos
sexuais entre crianças de idade próxima têm sido frequentes nos meios em que
elas se reúnem: família, igrejas, bairro, condomínios, escolas, clubes. Precisamos
entender o o motivo que as leva a tais atrocidades. Não seria o comportamento
repetido? O vício pelo prazer a qualquer preço? A ausência do respeito e do
amor?
Observamos crianças de 6 anos que já
tiveram contato com conteúdos pornográficos e se sentem atraídas pela
curiosidade, a emoção do escondido e o prazer físico que isso lhe desperta.
E como combater esta curiosidade, o
assédio constante, o prazer físico e emocional e a atração pela repetição do
aprendido? Tendo muito forte em mente que temos o dever de educar e cuidar das
crianças. Precisamos oferecer uma educação baseada em valores morais, destacando
a dignidade da pessoa humana. Promovendo a reflexão sobre os direitos e
deveres. O respeito acima de tudo. Precisamos ser responsáveis pelo combate a
esta exposição e ao assédio que as nossas crianças estão sofrendo. Gerar saúde
física e emocional é a nossa obrigação.
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