
Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais
Mestre em Educação
Tivemos um ano de 2016 cheio de
incertezas e lamentações. Adultos correndo atrás do êxito profissional e
financeiro. Instabilidade financeira e emocional. E onde entram as nossas
crianças?
O estresse e a impaciência ; a
pressão e a exaustão; as expectativas e as frustrações perduraram ao longo dos
últimos anos e na virada, as comemorações foram recheadas de desejo de um novo
ciclo. Um novo ciclo como se tudo ficasse para trás, como um passe de mágica. Como
dizem os adolescentes, virada de ano com problemas para trás, só que não.
Viramos os anos e continuamos enfrentando as situações, mas com novas
esperanças.
E onde entram as nossas crianças?
Pergunto novamente. Bom, elas ficaram em meio as nossas decepções conosco mesmos
e com o pais. Elas estavam nos momentos das nossas raivas e impaciências. Elas
presenciaram nossas queixas e desânimos.
E como elas chegaram ao novo
ano? Chegaram ainda carregando um ano
difícil, no qual tiveram que lidar com seus medos, as hostilidades, os exageros
nas correções ou as ausências dos ensinamentos familiares pela falta de tempo.
Elas chegaram sedentas de momentos mais agradáveis emocionalmente.
Todo este cenário me faz lembrar
o número de crianças que adoeceram física e emocionalmente. Como foi preciso
cuidar das crianças no último ano. Como educadora, tive que fazer escutas de
qualidade para entender as queixas constantes de dores de cabeça, dor de
barriga, estomatites, gastrites e muitas “ites”.
Além das doenças psicossomáticas,
a impaciência que recebiam foram oferecidas aos colegas, cuidadores e
educadores. As nossas crianças estavam muito mais suscetíveis aos conflitos.
Claro! Insatisfação interna e externalidade.
Diante disso, o que fazer? Vamos
refletir? Vamos pensar sobre como podemos mudar a energia envolta a nossa
família. É preciso nos observar e observar os nossos amados para entender o
caminho que estamos tomando, o rumo que estamos gerando.
Ontem, em uma roda de conversa em
um programa de televisão do qual participei, uma fala ficou muito forte: “Somos
responsáveis pelas nossas crianças. Adultos assumam o seu papel”. É isso mesmo
! Se decidimos ter filhos, a decisão precisa vir com uma tomada de consciência de
que sou responsável pelo mundo que apresento a eles. Tenho gerado confiança em
meus filhos? Promovo ambientes seguros? Mostro um caminho de esperança?
Proporciono harmonia familiar? Que relação estabeleço com o trabalho e os
estudos como exemplo? Que mundo mostro a
eles ?
De repente, deparamos com filhos
teimosos, birrentos, insatisfeitos, aparentando infelicidade, desânimo escolar,
agressividade, com enfrentamentos aparentemente gratuitos e não percebemos que
promovemos isso quando não destinamos tempo suficiente para os momentos
difíceis enfrentados e queremos apenas estar com eles naqueles momentos
prazerosos. Precisamos melhorar a qualidade dos diálogos quando as coisas não
estão fáceis para família. Diálogos que gerem conhecimento dos fatos de uma
forma adequada para as idade, mas que gerem segurança, esperança, garra para o enfrentamento.
Estarmos atentos às perguntas dos
nossos filhos é essencial para conhecer o que passa na cabecinha deles. Quando
perguntarem algo, não responda de imediato. Devolva a pergunta para ver se você
penetra ainda mais no universo deles. Exemplo: “Papai, a crise financeira é porque
o dinheiro está acabando? Você devolve: “O que o dinheiro significa para você, qual
a importância dele em nossa vida, filho? “ Desta forma, você poderá perceber se
ele está apenas reproduzindo notícias ou está preocupado de perder aquilo que o
dinheiro proporciona. Uma criança com medo ou insegura carrega esses
sentimentos para onde ela vai, incluindo a escola. E, de repente, além de tudo o
que enfrentamos no mundo adulto, ainda teremos que lidar com fracasso escolar
oriundo de preocupações das crianças e não por dificuldade de aprender.
Reforce o amor que você tem pelos
seus filhos não só com declarações verbalizadas, porém com atitudes que
comprovem o amor. Atos valem muito mais
que palavras. As crianças precisam se sentir amadas pelos seus pais. Então,
está na hora de marcar mais presença com diálogos que permitam aos filhos
externalizarem que visão de mundo estão tendo, como lidar com o conhecido, como
compreender o conhecido e como traçar caminhos seguros para seguir para um ano
de muito mais harmonia, união familiar e sucesso nas relações com a comunidade em
que eles estão inseridos.
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