Muitas famílias têm optado por
ceder aos pedidos das crianças sobre o desejo de ter um animalzinho de
estimação. Mas será que possuem a real noção do que isso significa? Ter um
animalzinho é muito mais que momentos de lazer, significa cuidado e dedicação.
O veterinário Lázaro Antunes
Cintra Neto (CRMV-GO 4002), um especialista em animais de estimação, sempre
leva seus clientes a pensarem que um animalzinho não é um ser descartável, ou
seja, temporário. “É preciso ter consciência das necessidades do animalzinho
escolhido, cuidar da sua saúde, oferecer alimentação adequada, dedicar um tempo
para atividades ao ar livre, promover momentos de exercícios e lembrar o tempo
médio de vida do animal escolhido.”
Para se tomar a decisão sobre ter
um animal de estimação é preciso avaliar tudo que o envolve e, principalmente,
a rotina familiar. Quais as mudanças necessárias para tê-lo em casa? Quem irá
se responsabilizar pelos cuidados básicos? É um animalzinho que compromete a
rotina de lazer: viagens; finais de semana? Se sim, como estruturar?
Um outro aspecto importante antes
da decisão é verificar se o animalzinho escolhido não irá comprometer a saúde
de algum membro da família. Não dá para descartá-lo após uma complicação de
saúde que já era esperada (exemplo: adota-se um animal que possui muito pelo e alguém
tem alergia). Embora o contato traga resistência, melhorará a imunidade de
bebês e crianças.
Iniciei falando das
responsabilidades, porque as alegrias são tão contagiantes que nos impedem de
ver o lado responsável. Entre tantos benefícios de ter a companhia de um
animalzinho, uma delas é a oportunidade de exercer afeto e amor. E sabemos que
o emocional gera imunidade. Uma criança que tem oportunidade de viver momentos
lúdicos e felizes, ao lado de um animalzinho, consegue minimizar doenças
físicas e emocionais. As únicas exceções
são as crianças que comprovadamente apresentam alergia a cães e gatos. Neste
caso, é melhor mesmo manter-se longe dos animais. Porém existem outras
possibilidades e deverão pensar sobre.
E será que existe uma idade certa
para introduzir um animalzinho de estimação em casa, visando ao bem-estar
infantil?
Acredito que a partir do momento
que a criança possui uma maturidade motora, já tem segurança no caminhar e já
compreende o que significa ter um serzinho em casa. Diante deste quadro,
pode-se pensar em trazer esta alegria para casa. Com isso, a criança
compreenderá que este novo morador fará parte da família e requer cuidado e
carinho. Assim, aprenderá a se afeiçoar e jamais o maltratará.
E à família que já tinha um
animal em casa e chegou um bebê?
Ao aumentar a família, é preciso
apresentar esta nova criança ao animalzinho. Tudo com muito cuidado e
prudência. O cheiro do bebezinho ou um convidado a morar em sua casa fará com
que o animal vá o reconhecendo como novo morador e membro da “matilha”.
Inicialmente, é preciso que a pessoa da casa eleita como dona do animal esteja
sempre presente até que haja confiança suficiente para que os deixe só.
Uma consulta médica será
essencial para orientação de quando o contato muito próximo poderá ocorrer. A
criança deverá estar preparada imunologicamente para o contato direto: vacinas
em dia, cuidados de higiene, etc. Já o animalzinho também deve ser preparado
pelo veterinário: banhos em dia; vacinas; check-up. Tudo realizado com muita
responsabilidade e confiança.
Outro aspecto importantíssimo é
buscar informações do custo que este animal trará para o orçamento doméstico.
Imagine a sua criança, que se afeiçoou ao animal, e você não conseguirá mais
mantê-lo por questões financeiras. Imagine a dor do seu animal, que se afeiçoou
e adotou a sua família e sentirá abandonado caso você o “descarte” por questões
financeiras. Não será justo para nenhum dos lados, um ato irresponsável optar
pelo descarte.
Independentemente do animal
escolhido e da raça, meu objetivo aqui é uma reflexão sobre a possibilidade da
inserção de um animal no lar e as consequências desta escolha. Mesmo que este
animalzinho seja um presente para seu filho, ele precisa saber que existirão
obrigações destinadas a ele: ajudar com a higiene do local, alimentar, colocar
água, ajudar a adestrar; mas caberá aos adultos comprar a ração, levar ao
veterinário, dar banho e até controlar os horários da comida e do passeio. O
animal de estimação deve ser visto como integrante da família, e, portanto, deve
ter a atenção de todos. Colocar os filhos para colaborarem não significa
atribuir completamente a eles a responsabilidade pelo animal.
Um animal de estimação pode
surpreender a família pelos benefícios sóciosemocionais. A relação familiar
pode estabelecer vínculos através do como irão lidar com esta novidade. A
família toda pode entrar nas brincadeiras com o animal, ir a parques, ter
vários momentos que permitem riso fácil.
A integração familiar é favorecida. A integração social também, através
dos passeios e encontros com pessoas. Perceber as necessidades do animalzinho e
supri-las e suprir as nossas necessidades com eles é uma troca saudável e
recheada de aprendizado.
Trabalhar sentimentos através
desta relação é outro fator favorável. O animalzinho despertará sentimentos de
alegria, medo, frustrações, ciúmes, entre tantos outros; proporcionará uma boa
maneira de lidar com tudo isso. O respeito aos limites será outro aprendizado.
Um terá que aprender a respeitar o lugar do outro. Cada um no seu espaço e na sua hora.
Ter um animal de estimação tem
que ser um acordo de todos os envolvidos. Os responsáveis pela família precisam
ter uma postura firme ao apresentar as regras e cuidados de todos e deverão
estar atentos e assumirem cada um o seu papel.
Bom, tomados todos estes cuidados
e assumindo a responsabilidade e consequências da escolha, é hora de usufruir
dos prazeres que a oportunidade oferece. Ter momentos felizes e de
responsabilidade é o equilíbrio perfeito para esta escolha familiar.
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