terça-feira, 11 de junho de 2019

“ Papai, por que a mamãe vai embora com outro homem?” Continuidade





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“ Papai, por que a mamãe vai embora com outro homem?” Continuidade

Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais
Mestre em Educação


         Se você não leu o artigo anterior, clique no link e acesse http://fabiolasperandiodocouto.blogspot.com/2019/06/papai-por-que-mamae-vai-embora-com.html
         Paulo retorna. Estava ainda em sofrimento, porém mais tranquilo quanto à forma de lidar com a filha. Estava tentando seguir a rotina para que ambos não sofressem ainda mais.
         Paulo contou que à esposa havia dado entrada na papelada do divórcio. Estava determinada e constituiu um advogado. Com as orientações do nosso encontro anterior, não permitiu que a filha ouvisse nada sobre esse assunto. Foi cuidadoso com as ligações telefônicas e evitou encontrar parentes ao lado dela. Assim, a protegeu da falta de senso de muitos adultos.
         Paulo também foi a escola. Solicitou que observassem o comportamento da filha. Explicou que os pais haviam se separado e que ele ficou responsável por ela, até as próximas decisões.
         A criança parecia tranquila. Foi participativa no diálogo com o pai. Estava mais carinhosa com ele, como se percebesse a sua dor. A mãe da criança só falava com ela por telefone. Não a viu pessoalmente. Por telefone, disse à filha que a amava, no entanto, deixou claro que não pretendia que ela fosse morar com ela. Alegou estar em um momento de muito trabalho e que o papai teria mais tempo. Paulo reforçou à filha que a mamãe estava certa e a protegendo. E que ele daria conta do recado, brincou. A criança estava com o olhar triste, porém doce.
         Foi neste momento que Paulo desabou na sessão. Não entendia como uma mulher podia abrir mão da própria filha: “Não me querer mais, até tenho que aceitar e entender, mas como entender a ação dela de colocar a filha no pacote? ”.        A dor de Paulo era a não compreensão das atitudes de uma mãe, somada ao amor que tinha por essa mulher.
         Cheguei mais perto dele. Olhei-o nos olhos dele e disse-lhe: “Paulo, você está procurando entender a sua ex mulher como se ela pensasse como você. Você está olhando o coração dela como se fosse o seu. Você não é capaz de abandonar um filho, mas nem todo mundo é como você. “ Paulo chorou. Continuei. “Paulo, não busque julgar a sua ex mulher. Apenas lide com a sua dor, para se refazer, e cuide da sua pequena. Tentar achar respostas ou julgá-la não mudará o quadro. Levante a cabeça e siga em frente. Você é capaz!”
         Paulo levantou da cadeira. Fiquei sem saber o que iria fazer. Ele caminhou em volta das poltronas de uma sala pequena. Sentou-se de novo. Eu fiquei em silêncio. Respeitei o momento dele. Ele ficou em silêncio por uns minutos. Para mim pareciam horas. De repente, ele disse: “Sabe, Fabíola, fui um esposo fiel e trabalhei duro para oferecer o melhor. Desde o nascimento da nossa filha, redobrei os cuidados materiais e de tempo a ela e a minha esposa. Não entendo como ela não pode valorizar isso!!!”
         Paulo estava bravo. Coloquei uma mão em seu joelho e disse-lhe: “Paulo, não se arrependa por nada que tenha feito. Você fez o que achou certo no momento e o que lhe dava satisfação. Não podemos cobrar do outro reconhecimento. Quando amamos de verdade, fazemos por amor e pronto. Se o outro não entendeu ou não recebeu, já passa a ser um problema do outro e não seu. Não mude a sua essência por esta experiência. Aprenda com ela e amadureça. Ficar se lamentando e mergulhando no sofrimento, não o ajudará. Avalie o que aconteceu, faça um filtro sobre o que é seu e o que não é seu, transforme em experiência e siga”.
         Paulo, chorou e disse: “Estou entendendo. Vou não vou agir mais com revolta, vou procurar entender. ” Intervi. “Procure se entender e entender a situação. Seja atencioso com você. Seja amoroso com você. E viva esse momento prazeroso de pai e filha. E continue a protegendo do que ainda ela não tem amadurecimento emocional para entender. Deixe-a saber do básico. ”
         Encerramos a sessão com um abraço. Um abraço demorado e significativo. O abraço transmitiu força. Paulo saiu da sessão para a escola da filha. Já estava na hora de buscá-la.   Lá da escola, ele mandou uma foto dos dois abraçados com uma frase: “Vamos vencer esta fase, Fabíola. Obrigado. E até a próxima sessão.”

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