terça-feira, 4 de junho de 2019

Não é não. Seu filho sabe ouvir não?


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Não é não. Seu filho sabe ouvir não?
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
É muito comum encontrar famílias com relatos de dificuldades de falar não para os filhos. Os filhos, percebendo a insegurança dos pais ao pronunciarem o não, encontram a brecha necessária para dificultar a negativa dos seus desejos e caprichos. Um não precisa ser mantido. Um não que se transforma em talvez e depois um sim, gera uma sensação de sempre poder dar um jeitinho e conseguir o que quer. Pensar antes de dizer um não é essencial. A criança precisa perceber que os pais são coerentes. Regras claras são essenciais para que seu filho vá aprendendo o que pode e o que não pode. Os filhos aprenderão quais são os valores e as normas da família, por exemplo: “Nem vou pedir para dormir na sua casa, amiga, porque meus pais não permitem que eu durma fora”.
As decisões precisam ser estabelecidas pelos pais das crianças. Independentemente se os pais estão juntos ou não, estabelecer combinados sobre o que acreditam ser o melhor para criação dos filhos é muito importante. A criança precisa saber que não adiantará recorrer a um dos responsáveis. Isso evitará joguinhos e desentendimentos entre a família.
O não é educativo e sinal de amor. Dizer não é muito difícil, mas é necessário para a formação dos nossos filhos. Uma criança que escuta não irá aprender o que é certo e errado; saberá lidar com frustrações; entenderá a hierarquia através da obediência e o principal, saberá aplicar o não na hora certa. Esse aprendizado tem que ocorrer no seio familiar.
Criança que não escuta não, não saberá dizer não. Já pensou nisso?
E qual a hora certa de uma criança aplicar o não aprendido? Quando um amigo a convidar para uma aventura perigosa; ao perceber que está havendo uma injustiça; dirá não ao preconceito; conseguirá frear seus impulsos pelo desconhecido; se defenderá de pessoas mal intencionadas.
 Por outro lado, às vezes geramos uma errônea enxurrada de nãos. Tenho visto algumas famílias oferecerem tantas opções aos filhos como se eles tivessem maturidade para escolher. As crianças ficam muito indecisas. Um dia assisti a uma cena muito interessante. Uma mãe de um menino de 3 anos entrou em uma loja de roupas infantis e disse: “Filho, pode escolher a roupa que você quiser”. A loja tinha muitas araras de roupas expostas. A criança, sentindo-se poderosa, saiu olhando a loja toda. De repente voltou com uma bermuda roxa e uma camiseta azul. A mãe olhou e disse: “Não, filho! Muito feia essa combinação”. A criança largou as peças e saiu pela loja. Voltou com uma bermuda listrada e uma blusa estampada. A mãe fechou o semblante e disse: ”Filho! Não combina isso! ” A criança jogou no chão e saiu em busca de nova roupa. Voltou com outro conjunto e a mãe o reprovou. A criança então ficou muito irritada e mal-humorada. A mãe perdeu a paciência, escolheu algo e saiu arrastando a criança. O que esta cena nos mostra? O comando não foi escolher o que quiser? Foi dada uma falsa liberdade, concorda? Por que a criança não soube escolher? Exatamente porque ela não tem maturidade para fazer escolhas “combinativas” de roupa. Ela escolhe pela cor, pela atração, pela brincadeira do tecido. E nesta hora, o não foi aplicado desnecessariamente, uma vez que a tomada de decisão oferecida deveria ensinar autonomia e gerar maturidade. 
Cada fase tem um tipo de não. Uma criança de até 5 anos precisa receber “nãos” com atitudes perceptíveis imediatamente, consequências. Uma criança de 6 a 9 anos já procura negociar o não e muitas vezes emburra e chantageia se não é atendido. Um adolescente, a partir dos 10 anos, precisa ter o não de uma maneira muito transparente, orientada e justa. Agora, pais, por mais que seus filhos tenham habilidade e competência ao argumentar, o argumento valioso e determinante é dos genitores ou responsáveis por eles. Vocês, que já ouviram ou ouvirão que o pai de todo mundo deixou, lembrem-se: vocês não são pais de todos, porém não se influenciem por esta frase “mágica”. Outra frase que fragiliza muitos pais: “Só vocês são chatos assim!” Recebam como elogio. Pais chatos conseguem mais êxito na vida dos filhos.
Culpa? Eita palavrinha danada para nos tirar o bom senso e a razão. Não sintam culpa por educar seus filhos. Eduque-os hoje para que não sofram amanhã.
Algumas dicas importantes para reforçar:
  • ·         Ao dizer não, diga pela boca e pelos olhos. Eles farão a leitura corporal e se perceberem que vocês estão inseguros ou com dó, se aproveitarão disso.
  • ·         Não é dito através da palavra e do comportamento. Nada de dizer não e depois  “disfarçar” este não, fazendo o que eles querem de outra forma. Eles captam, viu?
  • ·         Existirão momentos que você explicará o motivo do não e haverão momentos que o não poderá ser seco, sem explicação. Os pais são vocês!
  • ·         Precisará existir consequência para os filhos caso não obedeçam a seu não. Deixe claro isso e aplique o que prometeu.
  • ·         Por último, reforçando, um não nunca é talvez e nem um sim. Por isso, pense antes determinar o não, ok?

Que possamos entender que, por mais que seja difícil dizer um não para quem amamos, é necessário. E, amando-os, precisamos ajudá-los a lidar com os sentimentos que o não oferece para que cresçam saudáveis e maduros.
Seja forte! Diga não quando necessário.

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