Tarefa de casa: qual o
seu verdadeiro objetivo?
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais.
Mestre em Educação
Escolhi este tema porque percebo pais muito preocupados em
como lidar com a tarefa de casa. Afinal,
para que servem as tarefas de casa?
Primeiramente, a tarefa de casa é uma oportunidade de permitir
o elo entre a família e a escola. Ela apenas ilustra o conteúdo que está sendo
trabalhado. Digo “ilustra” porque a
tarefa não consegue mostrar toda a riqueza do desenvolvimento do conteúdo
realizado pelo professor. A tarefa de casa permite uma avaliação e a acomodação
do aprendizado. Através da tarefa, o aluno perceberá se conseguiu apreender e
poderá suscitar as dúvidas para a próxima aula.
O papel da escola é enviar tarefas que permitam a
continuidade do ensino e o papel da família é oferecer condições apropriadas
para as crianças desenvolverem-nas (local adequado, tempo suficiente,
organização dos objetos necessários e verificação se foi realizada).
O lema para escola tem que ser “Tarefa dada, tarefa
corrigida” porque a tarefa dá a oportunidade de um segundo momento de
aprendizagem. Desta forma, a quantidade de tarefas tem que ser suficiente para
o reforço do conteúdo e para o tempo destinado em sala para correção. Qual o
sentido de longas tarefas que serão apenas vistadas e nunca corrigidas?
Acontece que a mesma tarefa que permite ampliação de conteúdo
também pode gerar um desgaste familiar. Algumas famílias se estressam tanto com
o dever de casa que acabam por afastar os seus filhos do verdadeiro sentido da
atividade. Fica tão desgastante que a criança começa a sofrer com este momento
mesmo antes de ele acontecer. Outro aspecto que acaba por gerar conflito entre
os responsáveis por este momento da tarefa e a criança, é a dificuldade por
parte de alguns pais no domínio do conteúdo explorado na tarefa.
Diante deste quadro polêmico sobre as tarefas de casa,
destaco as seguintes dicas:
- ·
Encare
a tarefa de casa como uma obrigação do seu filho e não sua. Você, pai, deverá
agir apenas como um tutor e não como um professor. Apenas verifique se foi
realizada, se houve dedicação, capricho e envolvimento de seu filho com o
conteúdo.
- ·
Verifique
se a escola está enviando a tarefa de acordo com o planejamento da aula. A
tarefa precisa chegar a sua casa com o conteúdo previamente explorado em sala
de aula. Explorado o conteúdo significa matéria dada. Jamais tarefa explicada
ou feita verbalmente. Percebo profissionais que “mastigam” a tarefa antes de
enviá-la para casa, camuflando a verdadeira possibilidade de avaliação da
qualidade do entendimento individual do aluno.
- ·
Se
seu filho possui dúvida no conteúdo, reenvie a tarefa para escola. O papel de
ensinar é da escola. O seu papel de pai é dar suporte à escola: oferecer
recursos de pesquisa, ensinar a retomar o conteúdo no livro ou caderno, mas
jamais dar uma miniaula ou responder pela criança. Pais que assumem o papel de “ensinante”
em casa estão tirando a oportunidade da atenção em sala de aula. Explico! Já
ouvi inúmeras crianças que contam que não precisam prestar atenção em sala
porque a mamãe e/ou o papai depois ensinarão o conteúdo dado. Ou seja, posso
conversar e brincar à vontade que depois tenho “aula” particular com meus
genitores.
- ·
Existem
tarefas de casa que são elaboradas para iniciação do próximo conteúdo. Estas
tarefas geralmente envolverão leitura de um capítulo, pesquisa sobre
determinado tema ou entrevista. Estas tarefas são motivadoras para a aula.
Neste caso, os pais deverão apenas favorecer o acesso ao tema.
A tarefa de casa é um recurso
essencial para promover autonomia, desenvolvimento do pensamento crítico, reforço
da importância da responsabilidade, ampliação de vocabulário e entendimento dos
conteúdos propostos, criação do hábito de estudo e provoca independência e
participação cooperativa em sala de aula.
Uma dica muito importante! Toda
discordância ou insatisfação com a tarefa enviada pela escola de seu filho
deverá ser resolvida na escola. Jamais faça críticas à tarefa ou aos
profissionais na frente ou para seu filho.
A criança precisa confiar na instituição. Autorizar a professora a ensiná-lo
é essencial para o seu desenvolvimento acadêmico. Todas as vezes que os pais
criticam a instituição ou fazem pontuações negativas à professora, acabam
minando esta relação. Famílias maduras poupam seus filhos dos desagrados com a
escola e buscam a instituição para esclarecimentos, críticas e sugestões.
Lembre-se de que a escola é parceira da família. Juntos irão construir a
formação acadêmica e humana da pessoa mais importante de sua vida: seu filho!
Fique atento aos professores que
fazem exercícios de fixação antes da prova. Estes exercícios fogem do objetivo
da tarefa de casa. Tarefa de casa é de todo dia e promoverá a compreensão do
conteúdo. Exercícios de fixação soam como prova antecipada, preparando o aluno
para uma fixação do conteúdo e não compreensão/aprendizado. Exercícios de
fixação em semana de prova provocam pensar em promover nota, como se a nota
fosse o principal em uma avaliação. Um educador consciente sabe que nota é
consequência de um aprendizado efetivo. Avaliação é uma possibilidade de avaliar
o aluno e se autoavaliar; afinal, o resultado da turma dará indícios de como
foi o alcance daquilo que foi ensinado. Professores que fazem a tão chamada
revisão, acabam promovendo acomodação no educando: "Para quê estudar?
Depois, presto atenção na revisão ou faço o exercício de fixação, que a prova
estará lá." Triste, não?
*Fabíola Sperandio T. do Couto é
graduada em Pedagogia pela UFG, especialista em Psicopedagogia e Terapia de
Família e Casais, mestranda em Educação e está especializando em organização e
gestão de centros educacionais. Trabalha como diretora pedagógica escolar, com
uma experiência de mais de 28 anos em educação. É palestrante e terapeuta
familiar e de casais. Acompanhem também o blog
fabiolasperandiodocouto.blogspot.com.br.
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