Por que assustamos
tanto quando o assunto e a sexualidade com os nossos filhos?
Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais.
Mestre em Educação
Ao longo da nossa vida vamos lutando internamente para
compreender e superar qualquer situação que envolva a nossa sexualidade. São
muitos tabus, pudores, desejos e curiosidades que precisamos digerir, aprender,
libertar, adquirir até o momento de nos conhecer e nos aceitar. Quando pensamos que estamos maduros e mais
resolvidos, um ser pequenininho se aproxima e diz: “mamãe eu mostrei meu bibiu
para meu coleguinha”. Neste momento, esquecemos que já fomos crianças e também
já tivemos curiosidades. A casa caiu!
Imediatamente fingimos que estamos bem, controlados e com uma
falsa naturalidade vamos conversar sobre o ocorrido. Mas como0 falar sobre
isso? Queremos que nossos filhos sejam autônomos e falem conosco, mas quando
assim agem, ficamos perdidos.
Cada família tem à sua maneira de lidar com o assunto, alguns
comedidos, outros avançados, alguns atrapalhados, outros engraçados e alguns
até debochados. A forma pode acolher ou afastar. O equilíbrio é fundamental
neste momento. Se para vocês este assunto é muito natural, talvez para a sua
criança não seja e você pode até ofendê-la se menosprezar ou debochar ou vice e
versa.
O primeiro passo nunca é o adulto sair falando ou perguntando
sem parar. É preciso fazer a escuta, dar oportunidade de aprofundar o assunto
buscando detalhes na fala da criança, sem induzir, criticar ou adiantar
qualquer julgamento. É permitir que a criança dê continuidade no relato com
pequenas frases que induzem a continuidade. Exemplo:
·
mostrou
o “bibiu” ? E ai?
Aqui você permitiu ele se sentir
livre para contar mais detalhes. Você mostra interessada sem julgar. A criança
se sentirá acolhida e irá interagir.
·
e
o que o amiguinho falou?
A palavra amiguinho soará como
aceitação do fato, como se você autorizasse a amizade, portanto, não julgou e
ele novamente se sentirá livre para narrativa.
·
onde
vocês estavam?
Aqui você permitirá que ele te dê indícios
onde aconteceu. Estavam no quarto do amiguinho; no banheiro da escola; no pátio
do condomínio; escondidos em um local.
·
algum
adulto estava por perto?
Com esta indagação, você conseguirá
avaliar o grau de “descuido” dos adultos responsáveis neste momento ou da
“esperteza” das crianças em burlar os cuidadores.
·
quando
vocês estavam brincando de mostrar o “bibiu” onde estavam os outros amiguinhos?
Com esta pergunta você poderá
perceber quem esteve atraído por tal “brincadeira”, poderá precisar a hora que
ocorreu e terá mais detalhes da forma de ação inocente ou não para tal
descoberta.
Tudo que ocorre com quem amamos, precisa servir de
aprendizado para os dois lados: família/responsáveis e crianças. Tornar a
situação um problema não produzirá um efeito evolutivo e amadurecedor. Encarar
os fatos e trabalhar a situação é sempre a melhor solução.
Entristeço quando deparo com adultos que induzem respostas e
acabam deturpando os fatos. A criança apavorada ou percebendo que algo está
errado possui uma tendência a responder conforme a expectativa do ouvinte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.