Vamos
ensinar nossos filhos a serem guerreiros?
Fabiola Sperandio
T. do Couto
Pedagoga-
Psicopedagoga
Terapeuta de
família e Casais
Se repararmos em alguns contos infantis
e algumas canções, percebermos que lançamos um pensamento cultural. Esta
cultura reproduzida, muitas vezes, gera um pensamento de que podemos ser salvos
magicamente por alguém. Basta aguardar que algo bom irá acontecer. Ter pensamentos fantasiosos fazem parte da
infância saudavelmente até um determinado tempo, certo?
Diante disso, faço um convite para que
possamos ficar atentos ao que oferecemos aos nossos filhos. Quando pequeninos,
em sua fase infantil, eles usufruem muito mais da melodia do que da letra. O
doce som da voz dos pais associado à melodia faz muito bem a eles.
Com o tempo, eles começam a entender a
letra, captam as palavras e frases, mas não as interpretam totalmente ou além
da fantasia da historinha. Não fazem ligações com a vida real.
Acontece que as historinhas contadas e
cantadas vão sendo arraigadas em sua cultura. E, é exatamente aí que devemos
nos atentar.
Para ilustrar a minha fala, trago uma
canção infantil para refletirmos. “A linda rosa juvenil”, de autoria do famoso
Carequinha, que tanto alegrou as crianças e tem o meu mais nobre respeito,
(fonte: site Vagalume), é um exemplo que gostaria de dividir. Com toda licença
poética, gostaria de fazer uma análise da letra dessa música.
A Linda Rosa Juvenil
Fonte: https://www.letras.mus.br/temas-infantis/1453221/
A linda rosa juvenil, juvenil,
juvenil
A linda rosa juvenil, juvenil
Vivia alegre em seu lar, em seu
lar, em seu lar
Vivia alegre em seu lar, em seu
lar
E um dia veio uma bruxa má, muito
má, muito má
Um dia veio uma bruxa má, muito
má
Que adormeceu a rosa assim, bem
assim, bem assim
Que adormeceu a rosa assim, bem
assim
E o tempo passou a correr, a
correr, a correr
E o tempo passou a correr, a
correr
E o mato cresceu ao redor, ao
redor, ao redor
E o mato cresceu ao redor, ao
redor
E um dia veio um belo rei, belo
rei, belo rei
E um dia veio um belo rei, belo
rei
Que despertou a rosa assim, bem
assim, bem assim
Que despertou a rosa assim, bem
assim
Batemos palmas para os dois, para
os dois, para os dois
Batemos palmas para os dois, para
os dois.
A
canção lindamente traz a ideia de um lar feliz até que algo ou alguém ruim
aparecer. E como temos momentos assim, não é mesmo? Quantas vezes estamos
felizes em família e alguém passa a fazer parte (cuidadora, madrasta ou
padrasto, etc) dela e o quadro muda? Ou um ente querido adoece e a doença passa
ser a “bruxa má”, minando a nossa alegria?
Acontece
que a música mostra que o medo paralisou. A flor fica paralisada, e até o mato
cresce ao seu redor. O medo não pode nos paralisar. Temos que ensinar as nossas
crianças a vencerem o medo. O mato é a representação da paralisia demorada, a
ponto de ter crescido ao redor da flor.
Na
vida real, o mato seria a representação das doenças emocionais e físicas: fobia
social, depressão, a imunidade baixa, e febres sem explicação, alergias, etc.
Diferentemente da rosa, nossas crianças não podem esperar “um rei” para
despertá-las. Precisam receber orientações e ferramentas para se despertarem.
Nossos
filhos precisam aprender a se defender e entender os momentos felizes devem ser
gerados por eles e não por outros.
A
música é concluída com palmas para os dois. Palmas para a flor e para o rei.
Para o rei, que tirou a rosa da paralisia e para rosa, que aceitou o gesto do
rei. Quero concluir a reflexão com as palmas para quem se propõe a pensar no
que escrevi. Não de uma forma crítica a nada, nem a ninguém, porém como uma
educadora que está sempre desejosa a aproveitar as oportunidades para ajudar as
crianças a serem mais protagonistas e mais felizes.
Que,
como pais, consigamos sair da postura de “rei salvador” e protetores, para a
ação de pais mestres em ensinamentos que promovam a evolução dos filhos em
todos os sentidos.
Que
a “Linda Rosa Juvenil” não paralise frente às decepções, assédios morais ou
sexuais, bullying, preconceito e qualquer outra situação que tire a criança de um momento feliz para uma
situação “bruxa má”.
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