Crianças que comentem
pequenos furtos e mentiras. Como perceber que meu filho tem um transtorno de
conduta?
Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais.
Mestre em Educação
Durante a infância e a
adolescência nossos filhos experimentam uma série de comportamentos e cabe a
família ir pontuando o que é certo e errado. São exatamente estas situações que
permitem o educar.
Acontece que por mais que
estejamos atentos e oferecemos bons exemplos, algumas crianças e adolescentes
apresentam um transtorno comportamental que assustam alguns pais. Muitas vezes
já recebi famílias indignadas e até incrédulas por enfrentar tais problemas.
Encarar a situação é sim a melhor
forma para orientar, trabalhar e proporcionar a retoma da “rota”. Algumas
famílias se assustam tanto com isso que muitas vezes demoram para encarar a
situação. Acabam arrumando uma série de desculpas para explicar a conduta
errônea de sua cria, intensificando a situação. Pais que não querem enxergar
que o filho está agindo contrária a suas orientações impedem a pareceria com os
profissionais que querem ajudar a família.
E como identificar se meu filho
tem tido um comportamento diferente dos princípios familiares?
Primeiramente observando o que
ele traz de informações dos ambientes que frequenta e o que ele carrega consigo
de materiais/objetos. Exemplo: seu filho tem aparecido com objetos que não
pertencem a família? Constantemente ele “acha”, “ganha” ou “troca” objetos? Neste
caso, cheque as informações. Indague sobre a origem e vá atrás da informação.
Procure saber também o porquê da necessidade de fazer trocas. Excesso de coisas
materiais também deve ser investigado. O que leva o seu filho querer acumular
coisas: apontadores, lápis, etc. Toda situação de acúmulo pode estar escondendo
algum vazio interno. Que ajuda ele está precisando?
Outra situação comum de uma
conduta preocupante é o envolvimento constante em pequenas confusões. Principalmente se ele sempre se vitimiza: “o
outro provocou”; “ninguém gosta de mim”; “ juntaram para me bater”. Vá até o
ambiente das ocorrências (escola, família, clube, condomínio, igreja) e procure
entender o que está acontecendo. Ninguém briga sozinho. Qual a coparticipação
do seu filho? Existe mesmo uma injustiça? Como pode orientá-lo para não se
envolver ou se defender?
Observe bem de perto também
quando seu filho chega com histórias onde acha engraçado algo que não deveria
ocorrer: insultos entre colegas; machucados em um esporte; situações que
deveriam gerar solidariedade e sentimentos de ajuda alheia. Hoje presenciamos
crianças e adolescentes com sentimentos cruéis diante de fatos que poderiam ser
mediados para o entendimento ou acolhida.
Reinvindicação de direitos sem
querer cumprir deveres é outro fator de alerta. Uma criança desde pequena
precisa compreender que precisa dar e receber. Hoje eles só desejam ser
satisfeitos: “Não vou fazer a tarefa, mas quero jogar vídeo game”. Estar
atentos as regras e fieis as mesmas é essencial para ir alertando aos nossos
pequenos que a vida é feita de uma via de mão dupla.
Baixa tolerância a frustração e
incapacidade de enfrentar a realidade diária é uma SIRENE que deve soar alto em
nossos ouvidos. A vida não é só doces e brincadeiras. Precisam entender que são
crianças, precisam brincar e divertir, mas também estudar e colaborar com a
família em tudo. Irritabilidade, explosões, birras, gritos, desaforos e até
pequenas vinganças não podem ser tolerados. Neste momento abaixe até a altura
da criança e deixe claro que isso não os convencem e não farão mudar de ideia (regras).
Um comportamento conturbado gera
sérios problemas familiares, sociais e acadêmicos, além de favorecer um círculo
vicioso difícil da criança ou adolescente combater. Uma criança que percebe que
as pequenas mentiras estão funcionando ela obtém ganhos e não deseja abandonar
tal aprendizado até que enfrentará algo muito grave e ficará perdida na forma
de lidar com isso, afinal sempre funcionou. Uma criança que mexe nos objetos
dos colegas e subtrai pequenas coisas vai tomando gosto pela fácil aquisição e
depois tem dificuldade de deixar este hábito. Esse crescente no comportamento
pode gerar, mais tarde, algo que deverá sair do campo comportamental e passar
para o tratamento patológico. Deparamos com casos terríveis de adultos com
transtorno antissocial da personalidade exatamente porque foram desconsiderados
os sinais na infância e juventude.
Se nos colocarmos como educadores
dos nossos filhos ao invés de advogados e defensores a qualquer situação,
poderemos ajudá-los a crescer aprendendo a conviver com tudo que aparece,
incluindo as pequenas tentações de aquisições indevidas, relações conflituosas
e vontades impostas.
Crescer não é só físico. Crescer
academicamente é fácil: basta coloca-los para estudar e investir em uma boa
instituição. Precisamos ajudar nossos filhos a crescerem como pessoas integras
e aptas ao convívio social e somente estando próximos, orientando, cobrando e
acreditando que é possível corrigi-los que chegaremos ao sucesso como pais.
Reforçando, crianças testam seus
limites. Se ela percebe que pode levar objetos estranhos para casa que não será
checado, que pode mentir que será revalidada, não deixará este hábito e
crescerá carregando este aprendizado por toda sua vida.
Faça-a enfrentar as consequências
de seus atos. Levou algo estranho? Faça-a devolver. Trocou um objeto? Converse
sobre a troca junto com a outra criança que participou. Chegou queixoso sobre
algum relacionamento conturbado? Volte com ela até o local e juntos procurem
entender o que aconteceu. Juntos significa diálogo esclarecedor, reconciliador
e educativo. Mostrem-se ao lado dela para conhecer e entender. Em seguida,
oriente e aplique, se for o caso, a consequência para alertá-la do que não é
aprovado pela família. Este movimento será muito rico para formação humana
dela. Invista! Os frutos virão tão fortes que alimentará toda a família.
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