Qual a influência da
comoção sobre o caso Ana Clara em nossa família?
Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais.
Mestre em Educação
Vivemos uma semana de muita dor com o caso da linda menina
Ana Clara (veja sobre o assunto através do link https://www.google.com/search?ei=05D_XLfGO9-55OUP0bWN0Ag&q=caso+ana+clara+goiania&oq=caso+ana+clara+goi&gs_l=psy-ab.1.0.0.14595.15212..17943...0.0..0.116.455.0j4......0....1..gws-wiz.......0i67j0i22i30.75--6eU-UvM). Quando vivenciamos uma tragédia, nossos
filhos ficam angustiados e inquietos por perceberem o movimento dos adultos e
muitas vezes não conseguirem compreender tudo o que está acontecendo. As famílias se assustam tanto que se
descuidam ,conversam e assistem a todos os noticiários na presença das
crianças. Enquanto adultos julgam, se assustam e se desorientam, frequentemente,
as crianças não possuem alcance de entendimento de como um adulto pode ser tão
maldoso com uma criancinha. E as
consequências são desastrosas. A insegurança gerada passa assombrar o dia a dia
delas.
Para que as nossas crianças
cresçam saudáveis e se desenvolvam, elas precisam sair da sensação de
impotentes, não se sentirem vulneráveis e, muito menos frágeis e impotentes.
Seus conteúdos internos ainda não são suficientes para que se defenderem de
tudo que as faz sentir ameaçadas, assombradas e indignadas. Os adultos, diante de uma notícia como a que
repercutiu nos últimos dias, ficam em estado de alerta porque se colocam no
lugar daqueles pais e a sensação de impotência, medo, desolação e desesperança
toma conta e os faz mudar de atitudes momentaneamente. As crianças percebem
isso e sentem que correm perigo, mas sentem-se perdidas em meio à realidade e à
defesa.
A atualidade tem mostrado uma
cultura de violência. Esta violência está sempre relacionada a algum desafeto,
questões emocionais ou conflito. Diante disso, a mensagem que passamos aos
nossos pequenos é que a violência é um recurso para solucionar algo que
incomoda ou deseja. No caso citado, posso ilustrar a violência como recurso de
algo que incomoda através da quantidade de comentários violentos sobre o que
deveria ocorrer com o agressor/abusador da pequena criança. E a violência como
solucionadora do desejo, posso ilustrar com a atitude doentia de descontrole do
abusador em desejar saciar sua vontade sexual através da vítima infantil. E o
que isso traz de aprendizado a nossas crianças?
As crianças, reproduzindo o ódio
aprendido ou o medo despertado, não aprenderão a se defender. Isso apenas as
faz mais reprodutoras de comportamento do que aprendizes com a situação. Uma
comoção diante do fato é inevitável. Porém podemos escolher o que faremos com
isso. A escolha tem que ser preservar as crianças do ódio e do medo produzido
pelo adulto; cada adulto trabalhar internamente os conteúdos que mexeram com
sua estrutura emocional (o que esta notícia desencadeou em mim e como posso
reagir positivamente/ criando um novo caminhar); após o meu equilíbrio entre a
razão e emoção, estabelecer condutas e atitudes que preservem a família para
não passarem por situações parecidas; e como tratar o assunto caso a criança
questione ou comente. ]
Tudo o que acontece ao nosso
redor precisa passar pelo conhecimento dos fatos, entendimento, compreensão e
ação. Não promove crescimento ficar apenas no campo da comoção e expressão da
revolta. O que aprendo com isso? O que farei com o que aprendi? Como aplicarei
este aprendizado em prol da minha família? Como posso ser um adulto que gere
segurança para minhas crianças?
O mais importante no processo de
educar os nossos filhos é promover ações que os façam evoluir emocionalmente.
Gerar emoções que produza um avanço na maturidade. Qualquer ato que desencadeie
sentimentos de medo, angústia e insegurança só trará desconforto e promoverá
uma dedicação de tempo para desconstruir o que foi construído de pensamentos e
sentimentos de forma irresponsável, pelos adultos, ao apresentarem precocemente
uma gama de conteúdos emocionais que ainda não estão prontos.
Precisamos nos preparar para
proteger o emocional das nossas crianças desta onda de violência atual. Para
ensiná-las a serem prudentes, atentas, seletivas, seguras, não precisamos
escancarar sofrimento, hostilidades, maldades, crueldades ocorridas com outras
crianças de sua faixa etária. Podemos proteger nossas crianças apenas mostrando
a elas que a família é a sua maior segurança. É mostrando que, quando vocês
permitem ou não algo, estão fazendo por saberem através da vivência de vida, o
que é seguro e saudável para eles e que devem confiar nos comandos que vocês
oferecem: “Não aproximem de estranhos porque não sabemos o que querem”; “Não
está na hora de sair sozinho porque precisam de aprender mais defesas”; “Não
aceitem comidas e bebidas de desconhecidos porque só nós sabemos o que vocês
podem comer”, etc.
Ficar atentos e cuidadosos é
muito importante, mas cuidado com o que vocês estão colocando de informação e
imagem dentro de seus lares.
Fabíola Sperandio Teixeira do
Couto
Pedagoga-Psicopedagoga- Terapeuta
de Família e Casais.
Blog Educar Faz parte!
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