Imagem corporal distorcida na
infância e adolescência
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Acompanhar o sofrimento de uma criança de 9 anos no
consultório e inúmeras adolescentes na instituição me fez parar para pensar no
tema. Acredito que é hora de repensarmos certas falas e conceitos. Nossas
crianças e adolescentes estão sofridas com esta preocupação excessiva com a
imagem corporal.
A imagem corporal é a forma como o corpo se mostra para si
próprio. A comunicação midiática multiplica rapidamente uma cultura que induz a
mente a criar desejos e reforçar imagens, padronizando corpos. De uma maneira
estúpida, tira a beleza das nossas diferenças e quer nos tornar iguais. Vende
uma ideia de unificação corporal, a propagação de ordem social anula as
necessidades individuais. Um prejuízo emocional enorme que não leva em
consideração.
O fato de crianças e adolescentes acompanharem os padrões
exibidos com muita repetição, trouxe-lhes uma necessidade de se adequar para
fazer parte de um grupo social que lhe atrai. É a idade da identificação e
necessidade de pertencimento. Qualquer sensação de rejeição torna-se um
problema, uma vez que estamos encontrando uma fragilidade emocional na atual
geração: dificuldade em lidar com a frustração e rejeição. Desta forma, se os
padrões estabelecidos levam à imagem de pessoas magras, malhadas, fortes, e aqueles
que não conseguem chegar a este padrão sofrem muito, podendo obter duas
reações: retrair-se e acabar por se esconder e se martirizar, ou sair em busca
de um novo corpo a qualquer preço. E o “a qualquer preço” também não os exime
do sofrimento; afinal, não é fácil mudar um formato corporal, requer esforço e
disciplina.
E o que fazer quando uma criança de 9 anos chega até você e
diz: “ Tia, você tem que me ajudar! Não consigo parar de pensar em comida. E
quando como eu arrependo e choro. Tia, eu sou gorda! Não consigo emagrecer. Estou
até com raiva das festas e ‘deste Natal’ que está chegando. Pensa, tia, o tanto
que vou comer e engordar. ” Ao terminar de relatar sua preocupação, cheia de
dor, o choro vem compulsivo e com soluços. E essa criança só tem 9 anos.
E quando você recebe uma adolescente de 13 anos que passou
mal na sala de aula e é encaminhada até você com palidez, tremor e dificuldade
no raciocíni? Aí você a acolhe, começa a investigar e ela relata que tem uma
festa importante e não se alimenta faz três dias, porque precisa estar magra.
O que está acontecendo, a gente já sabe; então, o que podemos
fazer para ajudar?
- ·
Fique
atento à alimentação da sua criança e adolescente. Ofereça alimentos mais
saudáveis.
- ·
Verifique se estão alimentando na medida: nem
mais, nem menos.
- ·
Observe
como reagem ao escolher suas vestes: reclamam que estão apertadas; manifestam
que nada fica bom; as roupas começaram a ficar largas. Enfim, algo mudou?
- ·
Converse
sobre crescimento, mudanças hormonais, alterações involuntárias nesta faixa
etária.
- ·
Leve-os
até um endocrinologista, verifique as taxas hormonais e demais exames e siga as
orientações do especialista.
- ·
Proporcione
aulas esportivas para que gastem energia, trabalhem corpo e mente. Mas vá
mensalmente até o professor e peça informações para ver se há exageros ou
desinteresse.
- ·
Crie
momentos de lazer em que todos os familiares se exercitem juntos: caminhada no
parque, uma partida de voleibol, uma brincadeira na piscina e observe o
condicionamento e o comportamento deles ao expor o corpo com trajes de banho ou
esportivo: ficam envergonhados, se escondendo, repuxando a blusa; evitam usar
roupas coladas.
- ·
Mostre
suas fotos na mesma idade deles (as) e fale de sentimentos, desejos e “encanações”
que você já vivenciou. Isso abrirá espaço para perguntas e até desabafos.
Entre tantas possibilidades
de aproximação e conhecimento do momento que seu filho está vivendo, trago essas
acima e alerto para o quanto isto tem sido crescente.
Trabalhar esta imagem corporal é imprescindível para que a
criança e adolescente cresçam com mais segurança e amor próprio. Mais seguros, eles
se tornarão pessoas mais flexíveis consigo e com o outro. Sendo mais flexíveis
e aceitando as diferenças, isso se refletirá até em suas relações
profissionais. Um profissional com a sua Imagem Corporal bem desenvolvida, se
percebendo e se aceitando, reconhecerá com mais facilidade o espaço do outro.
Que imagem corporal você tem de si mesmo? Trabalhe em você
para que possa ajudar o seu filho.
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