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Preconceito exercido em família se reflete na escola
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais.
Mestre em Educação
Tudo que oferecemos ou deixamos de oferecer se refletirá em
todos os ambientes em que nossos filhos vão caminhar. Isso é fato! Exemplo é
tudo para os nossos pequenos. E que exemplo temos oferecido a eles?
Esta semana, a palavra “preconceito” apareceu fortemente como
tema da redação do ENEM (preconceito religioso) e o exemplo que uma mãe nos deu
de bom humor ao lidar com a dor que o filho sofreu. Estou me referindo à
criança que possui pintas de nascença no rosto e a colega fez piadinhas de mal
gosto e ainda teve o apoio de sua mãe, que postou comentários de risos. A mãe
do garoto ofendido também desenhou pintas em seu rosto e postou fotos alegres e
divertidas com seu filho em resposta à falta de amor e respeito da outra
família envolvida.
Este é apenas um de muitos exemplos que poderia tecer aqui.
Diariamente deparamos com situações de preconceito na família, na escola, na
igreja que frequentamos, no bairro, no prédio, no clube, em todos os lugares.
Mas como evitar que nossas crianças cresçam preconceituosas?
Indignar-se com os casos, comentá-los, mas continuar tendo
atitudes diárias de preconceitos, com certeza, não será o caminho. Devemos
rever os nossos conceitos, trabalhar cada um para conseguirmos oferecer algo
mais respeitoso e valoroso aos nossos filhos. Trabalhar temas como cidadania,
valores sociais, cooperação, coletividade, generosidade certamente darão suporte
para formação de um cidadão de bem.
Outra situação muito relevante é a que temos oferecido aos
nossos pequenos em nossa vida social. Hoje pouco se oferece de cultura. A vida deles
tem se resumido a encontros com grupos de amigos dos pais em restaurantes,
bares, recheados de conversas de adultos, nas quais é falado sem nenhum
cuidado: transações comerciais, corrupção, conflitos conjugais, traições,
“espertizes”, deboches sobre o físico de alguma pessoa presente, rejeição
racial e preconceitos religiosos. É fato que tal aprendizado se refletirá nos
ambientes os quais frequenta.
Atendi uma criança que um dia estava chorando porque amava um
amiguinho, mas havia acabado de descobrir que este colega era “crente”.
Perguntei a ele o que era ser “crente”. Ele, chorando, me contou que o pai dele
disse que TODO crente é ex-alguma coisa do mal: ex-drogrado; ex-assaltante; ex-assassino;
ex-do mal. E ele estava muito decepcionado por descobrir que o amigo querido
“era do mal”. Este exemplo traz claramente o aprendizado de sua audição ao
preconceito familiar. Chamei esta família, que relatou ter esta opinião sim.
Que possuem uma empresa e todos “crentes” que exerceram alguma função em sua
empresa deram problemas. Percebem a
situação? Esta criança participou de conversas de adultos e reproduz, porém, em
sofrimento profundo, o fruto disso.
Outro caso muito assustador que atendi foi de uma criança que
sentia nojo de um colega por seu físico. Ela dizia: “Mas tia, ele é gordo”. Ou
seja, esta criança era só físico, não tinha mais nada. Não teve a menor chance
de se mostrar como pessoa. E o que a criança “enojada” tinha de melhor que a
outra criança? Conversando com a mãe da
criança preconceituosa pelo físico do colega, pude entender muita coisa. A mãe “fitness”,
preocupada com o físico do filho, que se mostrava não adepto às atividades físicas
e me contou que, para motivá-lo, dizia: “Filho, é melhor você escolher uma
atividade física e se dedicar do que daqui a pouco você virar um gordo nojento,
fedido e feio”.
Teria mais inúmeros exemplos, porém confesso que só de
escrever estes, me senti mal. Precisamos ensinar as nossas crianças a
reconhecerem os preconceitos e não se calarem diante deles. Combatê-los é a
melhor forma de promover uma evolução social. Trabalhar as diferenças e
conscientizá-las que as diferenças nos permitem crescer e ver as belezas da
vida, é um caminho.
A solidariedade e a generosidade nos fazem melhor. Uma
criança, quando percebe que teve um ato preconceituoso, se culpa e pode até
adoecer. E adoece mais ainda quando toma conhecimento do ato e percebe que seus
pais o comete sem nenhum pudor.
Conviver precisa ser com empatia, respeito e com
oportunidades de mostrarmos as nossas virtudes. Relacionar ensina tolerância,
paciência, aprendizado com a frustração, equilíbrio com as expectativas,
receber e ceder, ser no lugar do ter.
Somos responsáveis pelo aprendizado dos nossos pequenos. O
que temos ensinado? Quais as belezas e feiuras que tenho promovido na frente
dos meus herdeiros? Que filhos tenho deixado para este mundo? Como me sinto
diante da leitura deste texto: reflito ou desconsidero?
Que possamos ser mais sensíveis ao outro e usufruir da troca
que a diferença nos oferece. Se o outro tem pintas de nascença, religião
diferente, físico fora do que se impõe como padrão, dificuldade escolar, uma
anomalia ou qualquer outra coisa que possa gerar preconceito, quero lembrá-los
que este outro possui SENTIMENTOS e fica muito indignado com a insensibilidade
e o desrespeito.
Se há algum culpado por este mundo ser assim, este culpado
são as ações que permitimos acontecer. Calar não cessará. E aos que recebem o
preconceito, eu digo NÃO permita que este ato traga uma baixa autoestima, mas
que o faça sentir pena por aquele que ainda não entendeu que estamos neste
mundo para trocar e crescer com respeito.
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