“Somos
uma família, papai”
Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Cansada de ver os pais em conflito, percebendo o
clima existente entre os pais, Laura resolve agir. Em uma atitude inesperada e
repentina, a pequena menina de 3 anos pega na mão da mãe e a leva até o pai.
Une as mãos dos pais às dela e diz: “Nós formamos uma família. Não briguem. ”
O que levou essa criancinha a agir
assim? Com certeza, ela já tem bem arraigado o conceito de família. Com certeza,
também, é uma criança que conhece o amor através dos próprios pais. Percebendo
que a harmonia estava comprometida, saiu em uma ação pró ativa espetacular e
neutralizou o clima. Fez com que os pais parassem para pensar sobre o que
estava acontecendo e se realmente era esse o caminho.
Laura, nesse momento, deu uma lição de
conceito e princípios. Ok! Até aqui nos encantamos e felicitamos a pequena
menina. Porém não podemos desconsiderar que a ação foi movida por amor e também
pela dor. Crianças sofrem em perceber que os pais estão em desentendimento. Não
possuem maturidade suficiente para compreender que pode ser uma situação
passageira, elas temem perder o porto seguro que possuem através da união
familiar.
Claro que não processam tudo isso
conscientemente. É como se um alerta fosse soado internamente, dizendo a elas
que algo não vai bem e que elas podem estar em perigo. Laura pode não ter
compreendido tudo isso, no entanto, instintivamente agiu como pôde para buscar
o “seu chão”.
Este alerta precisa acender para os pais
dessa pequena. Precisam compreender a situação e criar um mecanismo de não a
expor tanto ao mundo os adultos/casais. Com apenas três anos, é completamente
desnecessário que a criança esteja presente em momentos de conflito. Aos pais,
cabe a missão de preservá-las de tudo o que possa gerar desconforto emocional
que não esteja ao alcance da sua maturidade.
A cada dia que passa, nos deparamos, nas
instituições e nos consultórios, com a fragilidade emocional das nossas
crianças. Tudo isso, fruto da exposição exagerada aos conteúdos adultos. Algumas famílias, como a de Laura, que se deparam
com ações que sensibilizam, não sabem como agir. Chegam a provocar cenas
conflituosas só para verem a criança ser “engraçadinha”, na busca da
reconciliação. Aqui há um grave erro. Não brincamos com o emocional de ninguém,
muito menos de uma criança em formação.
Laura precisa ser valorizada por sua
sensibilidade e seu gesto de grandeza, mas precisa sim ser observada e
orientada para se fortalecer em sua estrutura sem que perca a ternura.
Que as famílias se despertam para o que
têm feito diante dos pequenos. E se os pequenos presenciam algo, como trabalham
a questão em prol de uma estruturação que não gere prejuízos emocionais
futuros.
PAIS, acordem para responsabilidade com
suas crias. Amem-nos com responsabilidade. O que isso significa? Não basta só
amar e oferecer tudo de material, é preciso também oportunizar crescimento emocional.
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