Tenho dificuldades de lidar com os sentimentos manifestados pelo meu
filho.
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Lutamos
tanto para sermos próximos de nossos filhos e nem percebemos que temos atitudes
que os afastam. E uma das ações que mais os repelem é quando desmerecemos ou
minimizamos os seus sentimentos. As crianças precisam se sentir acolhidas para
só depois, serem motivadas a sair dessa situação. Usar falas que as menosprezam
só fechará o canal de vinculação entre pais e filhos.
Para
ilustrar, trarei algumas cenas que são cotidianas.
Cena 1
-“Mãe, hoje fiquei muito triste com a Liz. Ela...”
-“Filha, para com essa bobagem e procure logo a amiga. Vocês
brigam e ficam de bem logo. Você está muito sensível”
Aqui fica
claro que a criança nem sequer conseguiu contar o ocorrido. Não houve escuta.
Além de não acontecer a escuta, a mãe já lançou julgamento e aconselhamento. Como
pode julgar e aconselhar sem conhecer os fatos? O sentimento de rejeição unido à
sensação de injustiça vai afastar a criança, que sentirá que não adiantou pedir
ajuda.
Cena 2
_ “Pai, eu não sou bom no futebol e todos riem de mim.”
_ “Larga de ser mole e, quando rirem de você, desce a
porrada.”
_”Mas pai, eu não quero brigar. Eu queria...”
Nessa
situação, a criança não teve oportunidade de detalhar e, muito menos, pegar
dicas do esporte com o pai. Provavelmente se sentiu ainda mais fragilizada diante
do comentário “Larga de ser mole”.
Precisamos
entender que as situações do dia a dia são oportunidades de aproximação,
conhecimento do filho e chances de contribuição para o seu crescimento
emocional e social. A criança precisa sentir-se acolhida primeiro para ficar
completamente entregue aos conselhos e críticas. Ouvir é uma arte. Uma arte que precisamos desenvolver. Não
podemos permitir que a vida moderna nos retire a oportunidade de convivência
com os nossos filhos. Parar tudo e prestar atenção é tempo que se ganha.
Quantas vezes nos sentimos “desconfirmados” em nossos sentimentos? Muitas! E
vamos repetir isso com os nossos filhos? Não! Não podemos repetir este modelo.
Os reflexos
de ações de descrédito aos sentimentos naturais da vida são adultos inseguros,
com autoestima baixa, dependentes e com total ausência de amor próprio.
Crianças que conseguem expressar suas angústias, dores e recebem acolhida,
seguida de ferramentas de como lidar com a situação, se tornam adultos bem
resolvidos e seguros.
Então, como
receber os filhos com queixas e inseguranças?
Cena 1
-“Mãe, hoje fiquei muito triste com a Liz. Ela...” (Mãe escuta
até o fim).
-“ Filha, eu entendo a sua tristeza. Percebo que você se
decepcionou com a Liz, mas, e se você tentar entender que... e agir
assim....”
A mãe acolheu a dor, fez a filha perceber
que está a seu lado neste momento, mas ofereceu reflexão sobre o ocorrido e
ainda permitiu pensar em um caminho para sair deste sentimento.
Cena 2
_ “Pai, eu não sou bom no futebol e todos riem de mim.”
_ “E você chegou à conclusão de que não é bom no futebol por
você mesmo ou pelas risadas dos colegas?”
Aqui o pai
aprofundou-se um pouco mais sobre o sentimento ou a avaliação do filho em
relação ao esporte. Mediante a resposta, o pai poderá falar sobre o peso que
está dando sobre a opinião do outro em sua vida e ainda propor ações para
melhorar no esporte, caso ele escolha esta modalidade esportiva como algo legal
e importante para ele. Mostrar que não desistimos de algo que escolhemos e sim,
investimos.
Precisamos
aprender a conversar com nossos filhos. O amadurecimento emocional vem com
estas oportunidades. O que você tem feito para colaborar com o crescimento
socioemocional da sua cria? Você tem sido um pai ou uma mãe que permite que ela
mergulhe no sentimento e depois dê um salto para superação ou que anule o que
sente e vá tocando a vida?
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