Meu filho está de
recuperação escolar
Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais.
Mestre em Educação
Fim de ano chegou e não são só festas. Muitas famílias
enfrentam um prolongamento do ano letivo com filhos em processo de recuperação
de notas escolares.
Algumas famílias encaram este processo de uma forma natural e
consequencial, mas outras não aceitam a situação e culpabilizam a criança ou a
escola. Mas onde está a culpa? Culpa?
O processo escolar é muito individual: podemos comparar nosso
filho com ele mesmo, ele é único e tem a sua forma de aprender e apreender os
conteúdos. É um grande erro querer que
caminhe como outras crianças da sala ou de casa.
O processo de recuperação faz parte do regimento escolar e
foi criado para o aluno. Assim como a retenção/ reprovação. E por que isso
ainda assusta tanto?
Bom, estamos vivendo um momento em que várias questões
envolvem o medo de ter um filho reprovado na escola. O primeiro aspecto que
tenho percebido é o financeiro. A família já calcula “o prejuízo” monetário anual.
O segundo é o receio do julgamento social: “O que os amigos e familiares dirão?
Questionarão a inteligência do meu filho? Criticarão a minha capacidade de
mãe/pai?” Infelizmente, em último, está a busca por entender o que levou a essa
consequência. O que aconteceu ao longo do ano letivo que meu filho não atingiu
os objetivos anuais.
As crianças são muito justas. Por mais dolorosa que seja a
extensão dos dias letivos para recuperação ou a sua reprovação, elas sabem que
este acontecimento é consequência de um aprendizado que não ocorreu adequadamente
por dificuldades inerentes a sua vontade ou porque, de verdade, não se dedicou
aos estudos como deveria.
Um ano escolar bem feito se refletirá por toda vida
acadêmica, profissional e pessoal do educando. Esta pressa que muitas famílias
têm em fazer com que seus filhos avancem mesmo que sem qualidade, trará uma
retenção em uma outra fase de sua vida. É como se eu empurrasse o problema para
um outro momento.
Precisamos priorizar o amadurecimento acadêmico e pessoal.
Nossas crianças possuem muito tempo pela frente e uma consequência atual de
retenção na série poderá ser um fator decisivo de mudança de hábitos escolares.
A criança precisa entender o motivo de ter ficado em recuperação ou até mesmo
de receber uma reprovação. É a hora
ideal de promover aprendizado.
Reflita com ela:
- ·
Você
se dedicou o suficiente ao longo do ano letivo?
- ·
Conseguiu
pedir ajuda quando um conteúdo não foi compreendido?
- ·
As
tarefas de casa foram realizadas como parte do estudo ou foram feitas para
cumprir e não levar anotação?
- ·
Em
sala de aula você conseguiu estar atento as explicações dos professores e ainda
tirava dúvidas?
- ·
Fez
revisão dos conteúdos sempre que apresentados em sala de aula ou deixava o
estudo para véspera das avaliações?
- ·
Tem
consciência de que o estudo é para você e não uma satisfação para o professor e
familiares?
- ·
Conseguiu
entender os chamados dos professores e coordenadores quando o alertavam que
necessitava de mais dedicação?
- ·
Foi
assíduo e pontual na escola?
Após esta reflexão, mostre ao seu filho uma nova forma de
caminhar academicamente.
Como pais, vocês também precisam fazer uma reflexão. A
primeira reação da família é culpar a escola. Pergunto:
- ·
Buscou
a escola assim que recebeu uma nota insuficiente para procurar entender o que
estava acontecendo com o seu filho?
- ·
Criou
regras em casa, com horários de tarefas, estudos, brincadeiras e demais
atividades?
- ·
Priorizou
as atividades escolares?
- ·
Valorizou
a escola e seus professores na frente do seu filho os autorizando a ensiná-lo?
- ·
Esteve
nas entregas de notas, abordando os professores e procurando conhecer seu filho
no coletivo escolar desde o primeiro bimestre?
- ·
Devolveu
as dúvidas que seu filho trazia para a escola poder perceber o que era preciso
retomar com ele?
- ·
Foi
atuante na colaboração de um ambiente propício para concentração nas tarefas e no
estudo?
- ·
Desenvolveu
uma parceria com a escola em prol da saúde escolar da criança?
Caso isso não tenha ocorrido, fica aí a dica para que o ano de 2017 seja totalmente diferente. Lembre-se de que seu filho está em formação e você é o principal responsável por hábitos e atitudes que ele desenvolverá.
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