Eles
não confiam na escola
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais.
Mestre em Educação
Pais
não podem mandar na escola, pais mandam em casa. Por que os pais estão
desconfiando da escola que escolheram para os seus filhos? Por que tanto ataque
às instituições? O que os pais estão ensinando a seus filhos quando denigrem a
instituição que ELES MESMOS escolheram?
Por que desconsideram os anos de experiência dos profissionais e se
intitulam educadores dando “pitacos” a todo momento? O que está acontecendo com
esta geração de pais?
Já não
tem sido fácil encontrar jovens que escolham como profissão a educação e
acredito que o motivo principal seja a vivência a que têm assistido nas escolas
e em suas famílias quando o assunto é a formação acadêmica. Quem vai escolher
uma profissão que a maioria não valoriza ou respeita?
Os
pais desta geração estão esquecendo que passaram por uma instituição que
colaborou com o seu saber acadêmico e a sua formação humana. Estão tão imaturos
que olham para as escolas como rivais e não como parceiras. Julgam os
profissionais, até hostilizam e, para piorar, muitas vezes, na presença das
crianças. Desautorizam quem deveria ter “passe livre” para gerar conhecimento.
Percebo
que muitos pais entregam seus filhos à escola como príncipes e princesas.
Desejam que as escolas mimem seus filhos, cuidem deles como babás. A escola
recebe os seus filhos como alunos e alunas, e quem estará com eles é um
profissional. Um profissional da educação que se preocupará com o
desenvolvimento social e intelectual de seu filho(a). Como pais, desejam
exclusividade, o profissional deseja interações coletivas, pois acredita na
aquisição do saber pela troca de vivências. Exclusividade se tem em casa. Tratar a
criança “no individual” é diferente de dar exclusividade. O professor tem que
buscar compreender a forma de aprender da criança e buscar uma linguagem que a
faça conquistar o aprendizado. Isso sim é possível. Porém dividir a atenção e o
cuidado com outras crianças faz parte do aprendizado da vida em sociedade:
jogos; trabalhos coletivos; parque; brinquedoteca; entre tantas opções que
permitem a relação estreita entre os educandos e o conhecimento. Por mais
especial que seu filho seja, dentro da instituição escolar, ele faz parte de um
grupo, e o professor precisa lidar com várias crianças ao mesmo tempo.
Você
já parou para pensar que todos nós temos um comportamento diferente quando
estamos sozinhos e em grupo? Seu filho não é diferente. Aceitar que ele pode ter um comportamento em casa e
outro na escola, longe dos pais, quando está socializando e interagindo com os
demais adultos e crianças de sua idade, faz parte do crescimento dos pais.
A professora pode identificar em seus filhos dificuldades que você nem sempre percebe. Isso não significa que seu filho seja problemático, que tenha um problema. A profissional apenas auxilia a família na percepção do processamento da aprendizagem. Após trocas entre a família e a escola chegarão, a ferramentas para ajudá-lo ou falarão sobre a inserção de outros profissionais. Caberá aí uma união para vencer alguma etapa. E, caso seu filho apresente baixo desempenho acadêmico, antes de culpar a professora ou a escola, uma autorreflexão valerá muito a pena sobre como tem sido sua participação no processo de aprendizagem dele.
A escola vai ensinar ao seu filho regras e limites. Isso é imprescindível. Não a impeça de atuar quando o seu filho burlar alguma regra. Agora, dê o exemplo. Como exigir que seu filho seja dedicado, responsável com a escola, se você não valoriza a instituição? Como ensiná-lo a cumprir normas se você o deixa ir sem uniforme? Como ensiná-lo a ser pontual se você, não é? “O exemplo vale mais que palavras”.
Com a tecnologia tão presente em nosso dia a dia, muito cuidado com os recursos tecnológicos. Fique atento ao que você posta em listas de e-mails ou grupos de mães e pais em redes sociais. Se você escolheu uma escola, é porque confia no trabalho dela. Ou não? Por qual motivo você matriculou seu filho na escola? Se não confia ou se está incomodado com algo que aconteceu, procure a direção, a coordenação ou os professores para saber por que a escola teve determinada atitude. Nem tudo o que a criança leva como informação corresponde, exatamente, o como aconteceu. Busque a informação na fonte. Por isso, tenha responsabilidade também para não expor outras crianças ou discutir conflitos entre alunos que podem já ter sido mediados e solucionados. (Leia http://ludovica.opopular.com.br/blogs/educar-faz-parte/educar-faz-parte-1.962126/o-whatsapp-invadiu-o-ambiente-escolar-1.1075510).
Não caiam na imaturidade de acreditar que existe uma escola perfeita, florida e harmônica para sua princesa/ seu príncipe passear. Existe uma escola real. A escola real é a maior rede social em que seu filho está inserido. Nesta escola real, acontecerá a verdadeira aprendizagem acadêmica e de mundo. Não impeça seu filho de lidar com a realidade. E a realidade traz muitas alegrias e também algumas frustrações. As alegrias e as frustrações farão seus filhos crescerem. Crescidos, agradecerão a oportunidade dada pela família e pela escola.
Agora, se você ainda como pai não
amadureceu, amadureça junto com o seu filho nesta nova chance dada pela maior e
melhor educadora que é a ESCOLA. Participe saudavelmente deste universo
escolar. Você será muito mais feliz enxergando os benefícios da escola do que
procurando defeitos para apontar.
Quero lhe
fazer um convite. Vá até a escola de seu filho. Visite-a como nunca tenha
feito. Observe com olhos de gratidão. Olhe para os professores como se
agradecesse pelo bem que estão fazendo para o futuro do seu filho. Convido-o a
respeitar as pessoas que compõem a escola
de seu filho.
Viva a escola e tudo que ela tem a
oferecer.
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