“ Papai, por que a mamãe vai embora com outro homem? ”
Fabíola Sperandio Teixeira
Pedagoga – Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
Especialista em Gestão e Organização em Centros Educacionais
Mestre em Educação
Paulo chega até sem fôlego em minha
sala. Estava em sofrimento. Sua esposa havia comunicado que não desejava mais o
casamento e iria seguir a vida com outro companheiro. A dor de Paulo era enorme como homem, porém se
agravou quando, no papel de pai, recebeu esta pergunta: “ Papai, por que a
mamãe vai embora com outro homem? ” Ele
não conseguia pensar em uma maneira de responder à filha. Afinal, foi pego de
surpresa duplamente: a notícia e a pergunta da criança.
Acolhi Paulo, primeiro como homem e
depois, como pai. Ouvi suas angústias e dores sobre o término da relação.
Depois, cuidamos do Paulo pai. Acredito muito na importância de separarmos
esses papéis. São amores diferentes e será preciso mostrar esses variados
amores a essa criança inconformada.
Pedi para Paulo ter uma condução com
sua filha, seguindo os passos abaixo:
1-
Trazer essa criança para perto do seu corpo,
abraçá-la demoradamente e depois, perguntar a ela o que entendeu da ida da
mamãe para outra casa.
2- Após a
resposta da filha, Paulo, entendendo o que se passa na cabecinha dela, lançará
a segunda pergunta: Como está o seu coraçãozinho? O que você está sentido?
3- Com a
resposta da criança, pedi que Paulo dissesse a ela que entendesse os seus
sentimentos, que entendesse a sua dor. Uma acolhida de aproximação.
4- Com o
conforto da acolhida, Paulo já pode explicar a essa criança que o amor da Mamãe
pelo marido havia acabado, mas o amor da mamãe pela filha está preservado.
Neste momento, Paulo mostrará à criança que são amores diferentes. Que a relação
do pai com a mãe é de marido e esposa / homem e mulher, diferentemente da
relação de mãe e filha, portanto, ela não precisava se sentir traída ou
abandonada.
5- Solicitei
que Paulo mostrasse à filha como poderiam se relacionar a partir dessa ruptura
do casal. A criança precisa entender como será a nova rotina para que se sinta
segura. Onde irá morar? Continuará na mesma escola? Como será a relação com os
avós? E por aí vai. São questionamentos que as crianças costumam ter e temer.
6- Por fim,
indiquei que Paulo abraçasse sua filha e dissesse a ela que essa seria uma das
muitas conversas para que os dois aprendessem a lidar com essa nova situação, mas que mostrasse à filha
que a ama e que respeita a decisão da sua mamãe. Por mais dor que tivesse, essa
ação seria benéfica nesse momento para ela.
Paulo saiu com lágrimas nos
olhos, no entanto, mais forte para o enfrentamento. Combinamos uma sessão após
este diálogo pai e filha. Desta forma, daremos seguimento ao fortalecimento de
Paulo e consequentemente, da filha.
Paulo se mostrou fragilizado,
porém ávido por ajuda e esse é o primeiro passo para enfrentar algo que poderia
ser paralisante em um movimento de cura da dor. Após a próxima sessão, trarei
aqui como foi este promissor encontro de pai e filha.
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