terça-feira, 11 de novembro de 2014

Não vou me adaptar.









ADOLESCER


Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga-Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais



Oláaaaa! Quero dividir uma música com vocês que retrata, EXATAMENTE, a passagem da infância para a adolescência, diante da minha concepção desta transição do ciclo.


Não vou me adaptar -  Titãs

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia,
Eu não encho mais a casa de alegria.
Os anos se passaram enquanto eu dormia,
E quem eu queria bem me esquecia.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar.

Eu não tenho mais a cara que eu tinha,
No espelho essa cara já não é minha.
Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
A minha barba estava desse tamanho.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia ?
Eu não vou me adaptar.



Ao ler você conseguiu sentir a estranheza e a dor que uma criança sente ao perceber que a infância está sendo enterrada?  Imagina como é difícil de repente se ver como um estranho dentro de suas roupas apertadas e pequenas, ver as espinhas e a barba rala aparecendo e ainda ter que ouvir parentes dizendo: "Nossa! Tá mocinha?". "Mocinha? Como soube que já menstruei?" ou "Eu nem menstruei ainda, mas as minha amigas já." :( snif; "Uau! Vai passar o papai no tamanho!", "Quanto você está calçando, menino?". "Será que meu pé chegou primeiro que eu?"
É não é nada fácil mesmo. Por isso encontramos esses adolescentes se escondendo em casacos, moletons de capuz, bonés, maquiagens. Maquiagem??? Sim! As meninas estão se maquiando cada vez mais cedo.
Como frear essa precocidade? Agindo com naturalidade diante dos processos da vida mesmo. Aceitando e elogiando cada fase. 
Acontece que hoje nos deparamos com muitas críticas. E, muitas vezes, essas críticas aparecem dentro de casa: "Essa menina está igual a Belém-Brasília, comprida e mal acabada!" Imediatamente é ligada a autocrítica da criança/ adolescente: "Comprida, eu? Isso quer dizer sem corpo? Sem curva? Eu sou horrorosa!!! Pronto! Bastou para o dia acabar. Dia? Não! Semana! Semana? Não !!! Até a festa da Pati eu não saio de casa!!! Festa?? Nem vou mais. Buáaaaaa...
É assim mesmo. Como nossos adolescentes estão escravos da opinião alheia. Por que permitimos que eles se tornem tão frágeis? 
Vamos pensar um pouco sobre o que temos feito. Será que não estamos antecipando as fases demais e acabamos por enxergá-los como grandes e amadurecidos antes da hora? Se os adultos não estão dando conta de corresponder aos padrões impostos pela sociedade, imaginem os pequenos!
Peço-lhes que ouçam a música do Titãs de olhos fechados e permitam aparecer as lembranças da sua adolescência. Acredito que, assim, se tornarão mais sensíveis aos adolescentes do seu convívio. Entendendo-os mais, poderão ajudar mais do que empurrá-los para os complexos e neuras atuais.
Adolescentes precisam de limites, firmeza e regras claras. Esse porto seguro criado por atitudes disciplinares são essenciais, mas, ao mesmo tempo, precisam de acolhida e compreensão.
Um forte abraço de quem um dia foi compridaaaaaaaaaaaaa e muito mal acabada!




2 comentários:

  1. Adorei!!! Essa música retrata bem este momento de tantas mudanças, q assusta, incomoda...q traz insegurança pelo novo.
    Parabéns! Escreve de um jeito gostoso de ler!! Bjos.

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