Agora tudo é bullying!
A cada dia que passa, fico impressionada
como somos vulneráveis aos termos. Vocês já observaram o quanto o termo
bullying tem sido usado no mundo todo e a quase todo momento?
Bullying são ações maldosas e
repetitivas, feitas por uma ou mais pessoas. Se são ações intencionais e
repetitivas, um fato isolado não pode ser considerado bulliyng. Fatos corriqueiros da fase de crescimento
também não são bullying. E por que agora alguns pais recorrem à escola por
quaisquer motivos e utilizam essa palavra?
A criança de dois anos chega
mordida a sua casa: “Ela está sofrendo
bullying”. Vamos à escola. Desde a minha época escolar, as crianças do maternal
que se encontravam na fase oral, mordiam umas as outras. Às vezes, mordiam até
como sinal de amor. Amam tanto que dava vontade morder. E isso não mudou. É
também uma forma de expressar carinho.
A minha maior preocupação é com o
excesso de proteção que impede os filhos de conviverem com os desentendimentos
e frustrações característicos de cada fase. Pais que a cada pequeno atrito
tomam frente da situação, nomeiam o acontecimento, buscam a escola para exigir
providências. Muitas vezes, não se abrem para ouvir os dois lados e, com isso,
impedem os filhos de lidar com os sentimentos que a convivência oferece: medo,
raiva, alegria, tristeza, revolta, justiça, injustiça. Essa mistura é que nos
faz amadurecer. Se forem impedidos de senti-los, como irão lidar com isso
durante a adolescência e a fase adulta?
Depois, nos surpreendemos quando
deparamos com o jovem que não sabe lidar
com as emoções ao se deparar com as seguintes situações: uma amiga que agora
não quer mais a sua amizade; um grupo de colegas que foi ao cinema e não o
convidou; um fora de uma paquera. Diante disso, procura fugir desses problemas
através de vícios (drogas, por exemplo), deseja interromper a vida, isola-se no
quarto, fica agressivo, demonstra
rebeldia. Será que já paramos para pensar que não podemos impedir os
nossos filhos de crescerem?
A violência exposta pelos veículos de comunicação nos
assusta e, por muitas vezes, nos vemos tão distantes dela, como se não pudesse
atingir nossa família. Como a violência exercida por um garoto de 10 anos,
excelente aluno, educado, bom filho, que, de
repente, mata a professora e depois se mata, deixando todos por entender
o que o motivou a ter essa atitude. Esse mesmo aluno, oriundo de uma escola
pública e reconhecida pelo excelente desempenho educacional por índices e
exames estaduais e nacionais, no bairro Mauá, em São Caetano , marcou
essa instituição com uma tragédia.
Violência como a de Suzane, que nasceu numa família de classe média
alta da capital de São Paulo e morava em um bairro nobre da zona sul paulistana (Brooklin). Filha de um engenheiro Manfred
Albert freiherr von Richthofen e da psiquiatra Marísia
von Richthofen. Seu pai, nascido em Erbach (Alemanha), emigrou para o Brasil após um convite de trabalho, recebido devido a sua
capacitação como engenheiro. Essa jovem foi cúmplice na morte dos pais,
demonstrando frieza e crueldade. O que a fez praticar um ato tão violento
contra seus próprios genitores?
Realmente,
essa violência toda exposta através dos veículos de comunicação parecem
distantes até o momento em que aquilo que vi
acontece ao meu lado. As interrogações surgem de várias partes: “Por quê? Por
que ele fez isso? O que deixei de fazer? O que não percebi?”
Não percebi que
impedi meu filho de viver cada fase de forma saudável, resolvendo suas
intrigas, seus relacionamentos de amizade cheios de altos e baixos. Não o
deixei experimentar a conquista de novos amigos; fui à frente e quase implorei
para os amigos o aceitarem. Não o deixei experimentar as perdas e depois,
deliciar-se com os ganhos. Deixei de ouvi-lo e o enchi de “faça assim, faça
assado, EU VOU LÁ!” Ele só queria ser ouvido e você só queria falar.
Vamos deixar
nossos jovens viverem! Não vamos querer amenizar as passagens necessárias para
que eles se tornem adultos bem resolvidos, felizes e autônomos.
Lembrem-se de
que as nossas gerações, cito as décadas de 1970, 1980 e 1990, não tínhamos pais tão protetores, que
visitavam as escolas por motivos corriqueiros. Tínhamos pais que atribuíam aos
filhos tarefas como as de resolver seus problemas de amizade na escola,
negociar datas de entrega com os professores, sanar suas dúvidas com os
educadores, procurar ter atitudes assertivas que pudessem gerar um sentimento
na criança de que conseguiu e foi capaz de resolver as situações que apareceram
em seu caminhar. Pais que distribuíam funções domésticas como arrumar a própria
cama, levar o prato até a cozinha, ajudar a cuidar dos animais e não permitiam
desrespeitos às pessoas de profissões mais simples.
Por que mudamos tanto em nossa forma de
educar? Vamos resgatar aquilo em que acreditamos de nossa educação; aquilo que
nos ajudou a ser o que somos hoje - pessoas de bem. Não aceitar como normal o
que nos apresentam pela TV, nas escolas, nos condomínios e em nossa própria
família no que diz respeito ao abuso de autoridade, à imoralidade e ao desrespeito às diferenças.
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Parabéns pelo excelente texto.
ResponderExcluirObrigada , Joel !!!!!
ResponderExcluirUm grande beijo .
Parabéns!!! Texto muito bom , Fabíola!!
ResponderExcluirObrigada , Gildaaaaaa! ❤️
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