quarta-feira, 9 de março de 2016

VÍNCULOS AFETIVOS: FONTE DE ENERGIA PARA O CRESCIMENTO SAUDÁVEL


VÍNCULOS AFETIVOS: FONTE DE ENERGIA PARA O CRESCIMENTO SAUDÁVEL

Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais

Desde que nascemos, experimentamos as alegrias e as tristezas construídas sempre em meio aos vínculos afetivos. Ao nascermos, somos “capturados” do ventre da mãe, nosso primeiro vínculo ocorre no ambiente intrauterino, para o mundo externo já recheado de pessoas sedentas pelas relações afetivas. A ruptura traz o choro, o choro traz o colo, o colo traz o aconchego, o aconchego traz as gracinhas familiares, que trarão a alegria. E assim se inicia o primeiro vínculo familiar afetivo. Os vínculos geram as emoções. As emoções trazem aprendizados. Os aprendizados trazem o apego. O apego afetivo passa a ter sentido de vínculo, pertencimento.
Assim como a alimentação, o afeto é o alimento vital para os bebês. Sem alimento, a criança morre. Sem afeto, também se torna difícil sobreviver. E por que descuidamos tanto dos vínculos nos dias atuais?
Sabemos que a criança necessita do vínculo afetivo para a formação da sua personalidade. Este processo é construído a longo prazo pelas relações da família núcleo: pai, mãe e irmãos. É nessa relação parental que se conhecerá o amor, a compreensão e os laços. A figura paterna exerce, e muitas vezes sem se dar conta disso, a inserção ao mundo além da mamãe. É o papai que apresenta a autonomia, afinal, o bebê encara a mamãe como extensão do seu corpo. Ele não se reconhece separado da genitora. O seio da mãe é o reforço desta sensação. O pai então permite que ele esteja separado deste “corpo estendido” e promove o conhecimento de novas experiências. Esta relação inicial permitirá à criança entender e respeitar os limites, experimentar e conhecer espaços, ousar e recuar e, principalmente, ser amado e aprender a amar em cada gesto conduzido para autonomia e a proteção.
Mas será que esse ideal narrado tem ocorrido? As famílias estão sendo constituídas com estes papéis tradicionais? Em meio a tantos formatos familiares, precisamos conhecer quais são as necessidades das crianças para o seu crescimento saudável e oferecer o suporte que antes até instintivamente, acontecia na família formal. Crianças necessitam receber amor para aprender a se amar e amar o próximo. Preservá-las das relações instáveis é importante para que não tenham receio de amar e ter vínculo. Pais que trocam constantemente de parceiros acabam gerando insegurança em seus filhos. Começam a gostar da madrasta ou do padrasto e pronto! Tudo acabou entre os pais e a criança é obrigada a esquecer e nunca mais conviver com este alguém que estava amando ou aprendendo a amar.
Essa instabilidade dos pais traz ensinamentos aos filhos. E o maior ensinamento acaba sendo que as relações poderão ser artificiais e passageiras. Sendo assim, inconscientemente se protegem. Se protegendo, não se entregam. Não se entregando, deixam de ser inteiros. Não sendo inteiros, correm o risco da relação breve. E assim tem sido a geração atual. Crianças, adolescentes e adultos cheios de medo de se machucarem ao deparar com a possibilidade de se criar um vínculo afetivo.
As relações parentais, de amizades e amorosas correm os mesmos riscos. Por quê? Exemplos: não posso aprender a gostar da babá, porque hoje a babá fica meses, antes permanecia 20 anos na mesma família. Não posso gostar da vovó porque, ao primeiro desentendimento entre a mãe da criança e a vovó materna, poderão ocorrer meses de afastamento. Não posso gostar do amiguinho porque se os pais dele se separarem, ele irá para um colégio mais barato. Infelizmente são exemplos da atualidade.
E como proteger nossas crianças diante desta realidade? Seja mais afetivo. Mostre seus vínculos duradouros: amigos de infância; parentes próximos. Amadureça as relações. Exercite o amor e a compreensão. Seja tolerante consigo e com o próximo. Não há outra forma melhor de ensinar que o exemplo. E quanto às relações novas, espere a estabilidade para inseri-las na vida da criança. Não a exponha ou a motive a ser simpática com o companheiro ou companheira nova se nem você sabe se será interessante esta relação. 
Explique que existem pessoas temporárias e que, mesmo assim, não as impede de gostar. Essas pessoas são os coleguinhas da escola, alguns profissionais que ajudam em casa, profissionais da saúde, vizinhança. 
As crianças aprendem muito conosco. O que estamos ensinando às nossas crianças sobre afetividade? Vale ressaltar que ser afetivo não significa ser permissivo. Ser afetivo é dar amor. Amor também é limite e regra. Amor ao corrigir é ser doce com as palavras, porém firme no propósito educativo. É abrir para o diálogo sem fugir dos princípios e valores em que acredita. É educar o seu filho sem se importar com o que ele traz sobre o que “todo mundo faz”. Vocês não são pais de todo mundo, vocês são pais responsáveis pelo que seus filhos aprenderão sobre o mundo. Pais responsáveis pelo que seus filhos farão por um mundo mais consciente e melhor. 
Recebam o meu carinho afetuoso. 

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