quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Guarda Compartilhada




Guarda Compartilhada

Fabíola Sperandio Teixeira do Couto 
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais

      Na quebra das relações maritais muitos ex-casais buscam maneiras para lidar com os frutos do casamento: os filhos. Alguns procuram entender e optar pela guarda compartilhada.

     A guarda compartilhada surgiu, em formato de lei ( lei nº 11.698/08), no ano de 2008 com o objetivo de assegurar aos filhos a permanência do convívio dos pais mesmo após uma separação.

      Vale ressaltar que a guarda compartilhada não poderá ser confundida com a guarda alternada. Guarda alternada é a divisão igualitária de tempo dos pais com os filhos. Guarda compartilhada é a divisão de direitos e deveres de ambos, proporcionando a convivência harmônica e saudável com familiares maternos e paternos.

     A lei traz a garantia de proteção à criança, mas não traz a garantia da mudança de mentalidade dos adultos. Por que digo isso? Porque grande parte dos adultos acaba por boicotar o verdadeiro objetivo da lei, dificultam o acesso de um dos lados para convivência da criança.

    Quando um casal se casa e define ter filhos, não se atenta para que, na hipótese de uma separação, não existirá ex-filho . O filho é dos dois para sempre. As responsabilidades afetivas e materiais também.

    Por mais que alguns justifiquem que a convivência nas duas casas para criança não é saudável pelas diferenças, isso as impede de aprender exatamente com as mesmas. Sim! É saudável conviver com regras das duas casas, com os costumes e com os combinados. Perceber o jeitão de cada um também é importante na formação das crianças. Agora eu pergunto: convivendo com os pais juntos a criança não teria que aprender o jeito de cada um? Ou você acha que é só em casa separada que as divergências nas regras e afins ocorrem?

     É notório que as diferenças aparecem mesmo em lares de famílias de “pais juntos”. Basta conversar um pouquinho com as crianças e adolescentes que percebemos que elas já sabem a quem pedir determinadas coisas, já sabem como podem agir quando só um dos pais está em casa, etc.

   Cada indivíduo tem um jeito de ser, um jeito de comandar, um jeito de amar, um jeito de se doar, um jeito de corrigir, um estilo de vida, um limite para as situações (tolerância). Essa relação com todo esse “jeito” que nossos pequenos se deparam, no dia a dia,  é que os prepara para vida. Futuramente conseguirão lidar com chefes, colegas, esposo/esposa, com esse aprendizado.

   O que precisa ficar muito claro é que a qualidade da relação com os pais que traz o benefício e não a determinação de tempo que cada um tem com seu filho.  Guarda compartilhada, repito, é a divisão de dedicação em todas as necessidades e não divisão de tempo com o filho.

    Receita para essa relação? Sem chance! A convivência, a rotina, a vivência e as inúmeras conversas entre os pais é que determinarão a melhor maneira.  O mesmo ocorre com os casais cujos cônjuges moram juntos, o dia a dia vai norteando o fazer com os filhos.

    Nesse fazer diário, o ex-casal precisa exercitar a conversa sobre as regras e atitudes para que a chegada da adolescência desses então pequenos, já esteja com uma estrutura de ações para as decisões que envolvam saídas com grupos de amigos, festas, cinemas, viagens. A concordância de permissão ou não é fundamental para gerar um porto seguro para o filho e evitar os “jogos de interesse” tão presentes na linguagem do adolescente.

  Infelizmente nos deparamos com ex-casais muito presos a regrinhas de convivência que não trazem prejuízo para as crianças, mas que promovem muito desgastes entre os adultos. Mãe ou pai indagando sobre regras de banho, horário de TV, tipos de refeição, achando que o que ocorre na casa de um tem que se repetir na casa do outro. Ora, por quê? É importante a criança lidar com essas regras distintas. E ao contrário do que muitos pensam, elas se adaptam facilmente com o estilo de cada um e, ainda, conseguem avaliar o que é melhor para elas. E, nem sempre gostam mais do lar que possui o excesso de liberdade.  Surpreso? Não fique! As crianças e adolescentes sentem-se bem com o equilíbrio das atitudes. O pode tudo muitas vezes soa desamor. Elas sabem que falar não dá mais trabalho.

   Precisamos ficar atentos para que, quando ocorre uma separação, por mais que a briga seja pelos bens, o maior bem deveria ser os filhos; muitas vezes a vaidade e a ganância levam a briga pelos bens materiais ou pelo “BEM filho”, que significará ganho financeiro e, nesse movimento, o amor pelos filhos fica de lado. Principalmente quando reportamos a histórica ideia do homem provedor e da mulher cuidadora. Mesmo com a mulher ativa no mercado, e muitas vezes ganhando muito mais que o ex-marido, ela ainda luta pelo valor financeiro às vezes até como punição. Ou não se interessam pelo financeiro, mas assumem o filho como posse, como se fosse a única genitora (filho sem pai ou sem necessidade de pai).

   Diante de todo esse cenário, quem mais sofre é o filho. Atendo inúmeros adolescentes chateados com as brigas dos pais. Parece-me que os pais esquecem que serão pais eternos. Enchem-se de mágoas, rancores e lembranças da relação marital e descontam, mesmo que inconscientemente, no filho.

   Hoje nos  deparamos com uma realidade na qual os homens estão gostando de exercer o papel de pai. Muitas crianças já estão sendo cuidadas pelo pai. Basta visitar as instituições escolares, cursos extras , que poderão ver que a realidade mudou. Muitos pais estão até solicitando a guarda definitiva de seus filhos. Assim como nos deparamos com mulheres que estão abrindo mão de seus filhos para alçar voos na profissão ou voltar a ter a vida de solteira. Outras porque a relação atual não convive bem com seus filhos e fazem escolha pela nova relação.

  Outra situação muito presente é um dos pais brigar pela guardar e “terceirizá-la”. Triste, mas real. Encontramos crianças que “na vez” de um dos pais, acaba ficando com avós, tios, cuidadores enquanto o responsável da vez trabalha, passeia ou viaja. A negociação não se faz presente nos ex-casais que disputam em vez de se unirem para criar seus filhos.


  Quando o casal decide casar, junto com a decisão, vieram sonhos e expectativas. Quando se frustram e decidem separar, precisam amadurecer e utilizar a guarda compartilhada não como disputa ou punição, mas como benefício de um crescimento saudável para os seus herdeiros.  As crianças precisam herdar amor, diálogo, aprendizado e não acabar por se sentirem um peso e um atrapalho na vida dos adultos que um dia decidiram que seria “lindo” completar o casamento com filhos.




sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O que nossos filhos estão aprendendo sobre o amor? Parte II




       O que nossos filhos estão aprendendo sobre o amor ? 

 Parte II

Fabíola Sperandio Teixeira do Couto 
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais 



   Voltei ao tema, mas de forma diferente. É que esse título tem muito a ver com o que vou “falar”.
   O que nossos filhos estão aprendendo sobre os diversos tipos de amor: amor de amigo, amor de irmão, amor de primo, amor de mãe, amor de pai, amor de vizinho, amor de avó, amor de avô, amor de amor.
   Encontrei uma criança com ar de muito preocupada. Sentei perto e “puxei um papo”. Aos pouco fui conquistando sua simpatia e segurança e ela revelou a sua preocupação. Estava encucada e pensativa se ela era homossexual. Perguntei o que sabia sobre homossexualidade e, aos 10 anos, ela me deu uma aula. Diante do conceito oferecido por ela, perguntei o que a fazia pensar que era homossexual e, aflita, me disse: “amo minha melhor amiga”.
   Então, perguntei como era esse amor, o que sentia, o que pensava. Ela, empolgadamente, disse que adorava brincar, fazer tarefa, telefonar, conversar e rir com a amiga e que não conseguia mais ver sua vida sem a companhia dela.  Olhei-a, com ar de mistério disse-lhe: “sério???”. Ela abaixou os olhos e eu completei: “tenho a resposta para a sua dúvida” . Comecei a lhe explicar que ela estava tendo um lindo amor de amiga.
   Entendi perfeitamente a confusão da cabecinha dela. É só parar para observar o mundo atual. Os vários tipos de relacionamento existentes hoje, propagados pela televisão, filmes e locais públicos estão trazendo uma ideia de amor entre duas pessoas focadas em relacionamento sexual e esquecendo-se de mostrar que podemos amar pessoas do mesmo sexo sem o interesse sexual. Fiz-me entender?
   Nesse momento entra os vários tipos de amor. Se amo minha amiga pelo que ela representa para mim como pessoa, não significa que a amo ao ponto de transformá-la em minha companheira de relacionamento sexual. Porém o excesso de informações focadas na sexualidade está trazendo uma mensagem completamente equivocada para os nossos jovens sobre o amor. A facilidade de dizer “TE AMO” é outro agravante. Antes "te amo" era para os casais e familiares, hoje a expressão tem sido usada sem o mínimo de cuidado ao verdadeiro sentido da mesma. Acabam de conhecer uma pessoa e ela já vira melhor amiga e já escuta TE AMO.
   Toda essa mistura tem causado um verdadeiro rebuliço na cabeça dos pequenos. E acontece bem na entrada da adolescência onde tudo encuca e onde ocorre o maior número de “zoações”.
   Como os adultos também entraram nessa onda, que irei chamar de “excesso de sentimentos”, nossas crianças estão sem exemplo. De repente flagram a pessoa da confiança delas também imatura nas relações e confusa nos sentimentos, com toda certeza também poderá ter dificuldade de detectar que tipo de amor está presente em determinadas situações.
   Descobrir o amor não é muito fácil. Achar que está amando é facílimo, até você conhecer alguém que mostra o verdadeiro amor para você. Essa gangorra de sentimento tem um nome: amadurecimento. Amadurecer é esse ir e vir, esse descobrir, essa confusão até o ápice do entendimento.
   Cada um tem o seu momento de perceber os vários tipos de amor e quando descobrem que podem amar várias pessoas de formas diferentes, nosssaaaaaa, é muito gratificante! Amo minha mãe de uma maneira muito diferente de como amo meu pai. Claro! São tão diferentes! Não falo em mensurar amor. Isso não! Falo em formato de amor.
   Voltando à garotinha, uma semana depois a reencontrei. Estava tão aliviada que conseguiu me dar um generoso abraço. Acho que o abraço entregue veio ao perceber que ela também podia experimentar outros tipos de amor com pessoas do mesmo sexo.



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Ai! Que medo de crescer !




Ai! Que medo de crescer !


Fabíola Sperandio Teixeira do Couto 
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais


Hoje recebi uma visita de uma linda jovem que retornou para contar do término de mais um ciclo de sua vida estudantil. Ao me abraçar, ela agradeceu pelo que aprendeu em anos de convivência e depois falou no meu ouvido: “Eu tô com medo...”

Pude perceber, ao afastá-la e olhar bem nos seus olhos, o medo enormeeeeeeee de crescer. Sim! Crescer muitas vezes amedronta.

Acontece que, quando somos pequenininhos, recebemos estímulos para contar sobre o nosso dia, sobre os amiguinhos e como estamos. A família espera que falemos facilmente das nossas relações com os colegas, brinquedos, desenhos e filminhos. Dentro de esse falar “facilmente”, os genitores procuram em suas crias sentimentos, buscam conclusões e avaliam como tudo está acontecendo com o desenvolvimento de  seus filhos . A criança é questionada sobre o seu dia e ainda atribuímos o comando de falar a verdade, uma vez que pregamos que criança não mente jamais.

Aí está o X da questão. À medida que nossos pequenos vão crescendo, eles deparam-se com a distância entre o que pedimos e o que o mundo dos adultos pratica. Isso mesmo! Por que o susto? Nossas crianças começam a flagrar pequenas situações diárias nas quais percebem que ser adulto não é muito fácil e muitas vezes , também, não é muito verdadeiro.

De repente a aproximação dos coleguinhas já não é mais tão facilitada. A agenda está mais apertada com as aulas extras, a família já se preocupa com as amizades e seus comportamentos, os primos, tios e avós já não possuem mais o mesmo tempo de dedicação a eles. Esse conjunto de coisas culmina para a experiência do distanciamento de tudo que era tão próximo. Então, crescer passa a ter outro sentido: entender tudo isso!

Chega a hora de caminhar para fase adulta e, junto com essa “hora”, começam as descobertas que acontecem muitas coisas estranhas nas relações das pessoas. Muita coisa que jamais foram pensadas até então: relações por interesses, desculpas infundadas, fuga de situações, pequenas e grandes mentiras para se safar de algo, jogos de “espertezas” e distanciamento dos valores.

Uai! Mas cadê o comando de não mentir jamais? Nessa hora algum flash passa pela cabeça e começa a reconstrução do caminhar. Na busca da rota, se tornam adultos. Daí, a decepção que muitos enfrentam quando, finalmente, se tornam adultos. Perceber que alguns conceitos se vão. E para “atormentar “ ainda mais, muitos conceitos que serão refeitos foram construídos pelas pessoas em quem eles mais confiaram. Nesses movimentos, também percebem que foram motivados a falarem sobre tudo, mas que agora, quando adulto, muita coisa é melhor nunca ser dita.

Então o que é ser adulto?  Bom, ser adulto é experimentar um mundo diferente dos contos de fadas e ainda ser resiliente. Ser resiliente é ter a capacidade de enfrentar transformações, desafios, traumas, reelaborando as situações e recuperando-se frente a elas.

E para completar, saímos do ditado “criança não mente jamais” para o ditado “faça de um limão, uma limonada”. Sim, ser adulto é conseguir colocar humor em tudo que aparece. É ser capaz de rir dos problemas e transformá-los em piadas cotidianas. E cá para nós, somos especialistas nisso aqui no nosso país.

Toda essa escrita aqui foi utilizada com a linda jovem nesse encontro em forma de diálogo. Ao ouvir tudo com os olhos cheios de água, ela diz: “Mas tia, eu não sei o que quero ser, mas não vejo a hora de fazer 18 anos para dirigir e ir à balada.”

Ela não é diferente da maioria que almeja chegar a tão falada maior idade. Nesse momento, o misto de medo e o prazer da conquista se misturaram. É como se me dissesse: quero usufruir dos benefícios da maior idade na área do lazer, mas estou cheia de medo do dever. Naquele momento, eu não podia confessar a ela, mas, com certeza, eu sei muito bem como é isso, pois até hoje, após ter feito 18 anos há algum tempo ( kkkkk), eu também tenho meus medos da vida adulta, eu também queria muito poder ter muito mais  lazer que o dever, mas respirei e com um sorriso bem acolhedor, eu disse: “Sabia que eu tenho muito segurança de que você está preparada para essa transição?”

Esse processo é muito importante para essa nova etapa. A construção e desconstrução e a nova reformulação dos conceitos  é o CRESCER! A diferença da vida adulta precisa ser compreendida e não julgada. Não podemos mostrar a realidade adulta para os nossos pequenos que não possuem maturidade para entender. À medida que vão caminhando para esse processo, naturalmente vão conhecendo as exigências desse novo mundo e se adaptando.

O medo de crescer não perderá nunca, eu acho. Só trocará de nome: medo conhecer, medo de relacionar, medo da profissão, medo de envelhecer... Mas podemos trocar a palavra MEDO por CORAGEM. Ficaria assim: coragem para conhecer, coragem para relacionar, coragem para envelhecer. Isso! Coragem! A estrutura que recebemos na infância é o alimento da coragem.


Vá em frente, minha jovem. E volte no encerramento do novo ciclo para me contar. 




terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ainda pulsa...





Ainda pulsa... 


Fabíola Sperandio Teixeira do Couto 
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais


     Quem lembra da música O PULSO – Titãs?
Quem lembra da música O PULSO – Titãs?
Na música eles falam de doenças que acometem o nosso corpo e mesmo assim sobrevivemos.
Vamos atualizá-la?
Hoje, acredito que estamos dominados pelas doenças psicológicas e sociais.
Estamos adoecendo nos valores e nos sentimentos. Não temos mais paciência com o outro e muito menos conosco mesmo. De repente a voz de quem tanto amamos irrita. Os defeitos que eram “lindinhos” gritam em desarmonia. Por quê?
Porque estamos tão contaminados com o ritmo do fazer e ter que estamos perdendo o prazer em conviver harmonicamente com o outro.
No trânsito encontramos verdadeiros competidores. A gentileza passa longe. No comércio deparamos com atendentes desanimados e os atendentes encontrando clientes apressados e irritados.
Por que permitimos tal comportamento? Por que não o freamos assim que o percebemos?
Será que estamos conseguindo ser felizes quando magoamos, maltratamos e ferimos o conhecido e o desconhecido?
A letra da música atualizada seria assim...

O Pulso

O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa...
Peste de tempo
rotina, correria
Raiva, névoa
mágoa e esquizofrenia
Rancor, tensão
ansiedade, histeria
Encefalite, insanidade
Nervo e agonia...
E o pulso ainda pulsa
E o pulso ainda pulsa
Psoríase, insônia
Estupidez, falta de alegria
Irritação, isolamento
Pânico
Depressão, bipolaridade
agorafobia, distimia
estresse, ciúmes
anorexia, bulimia...
E o corpo ainda é pouco
E o corpo ainda é pouco
Assim...
Demência, tabagismo
alcoolismo, disritmia
Delírios, alucinações
perseguições, hipocrisia
impaciência, obsessão
impulsividade, letargia
desprezo, culpa, psicose
abusos, paranoia, mania...
O pulso ainda pulsa
E o corpo ainda é pouco
Ainda pulsa
Ainda é pouco
Pulso
Pulso
Pulso
Pulso
Assim...

Triste, né?  Que tal uma vacina para combater isso?
São tantas campanhas na internet, e pelo jeito dão certo, que tal essa campanha: ofereça um sorriso largo e gentil para cada “doente social”.
Encontrou um apressadinho no trânsito: sorria!
Alguém dirigiu uma palavra grosseira: sorria!
Você está irritado: vá até o espelho e sorria para você mesmo.
Tem medo de parecer doido? SORRIA!
Afinal, dizem que de médico e louco todo mundo tem um pouco, então seja louco para fazer o bem!

 Letra original - Arnaldo Antunes - http://www.vagalume.com.br/titas/o-pulso.html

                                                        http://www.arnaldoantunes.com.br/new/




quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Um café para dois





Um café para dois




Fabíola Sperandio Teixeira do Couto 
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais 



Você gosta de café? Eu adoro! E um café acompanhado? Como é maravilhoso poder sentar-se  em um local aconchegante e pedir um café para duas pessoas que vão tirar um tempo para, a cada gole, trocar uma ideia olho no olho.


Sim! Genteeeeeeeeeeeeeeee, cadê o olho no olho?  Nesta era digital, o único olho no olho que recebemos são aquelas inúmeras “figurinhas”  de olhos de todo jeito no whatsApp  e afins.


       Não posso desconsiderar a tecnologia porque ela  também aproxima as pessoas. Recebemos  notícias de um bocado de gente que até poderia sumir para sempre, mas temos que acrescentar os convites para o café . Precisamos investir no contato presencial. Hoje, até nossos cursos, muitas vezes, acontecem em EAD ( distância/ vídeo conferências ). 


       Hoje, amanheci pensando nisso. Será  que tenho propiciado em minha vida esse momento de resgate dos amigos, familiares, colegas fora da rotina de trabalho?  Como tem sido a dinâmica de vida: só dedicação ao estudo e trabalho ou um tempo para as relações pessoais?

        
        Um café para dois! Um café para três! Um café para todos!


      Que essa sensação de vida a jato que temos possa abrir nossos olhos para a riqueza da relação interpessoal. Apesar de corrermos  tanto , é preciso que façamos  paradas, nem que seja para uma xícara  pequena de café. Mas desejo que essas xícaras se multipliquem a cada experiência.




sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O que os nossos filhos estão aprendendo sobre o amor?



O que os nossos filhos estão aprendendo sobre o amor?










Fabíola Sperandio Teixeira do Couto 
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais 



   Estamos vivendo um momento onde se falam tanto em tragédias, desordem, guerras, violência, que nos contaminamos com toda essa negatividade e perdemos a pureza da vida.
  
   Esse vídeo retrata a insegurança da criança diante do afeto da colega de escola. Apaixonado, sem a segurança da correspondência, mesmo não sabendo o que a colega sente ele afirma não ser amado por ela. De repente a surpresa de que é sim correspondido! E na mesma hora ele a pega pelo braço e a afasta da situação de entrevista, mostrando-se seguro e feliz. 
   
    O que está acontecendo com as nossas crianças e jovens que não estão encontrando o equilíbrio de  suas emoções e sentimentos? Ora se mostram arrogantes e seguros, ora frágeis e despreparados.
   
    Percebo, no dia a dia, crianças e adolescentes que apresentam uma imagem de popularidade e por dentro sofrem a dor da insegurança, da fragilidade e, alguns, sentem-se um engodo diante da sociedade.
  
     Será que estamos atentos às mensagens que passamos aos nossos jovens? 
  
    Bom, no mundo dos "exs", onde as relações atuais estão tão rápidas, descartáveis e imaturas, percebo adultos se jogando aos pés de seus filhos, implorando pela única chance de possuírem um amor para vida toda. É... tiramos muito cedo a inocência dos nossos filhos, mostrando um amor que não pode se confiar, ensinando que não se pode criar vínculo romântico, porque de repente acaba...
   
     Que peso é esse que estamos descarregando em ombros tão pequenos?!
    
     Que tal resgatar a inocência roubada? COMO???
   
     Vamos amadurecer sobre os vários amores que temos. Amor de pai, amor de mãe, amor de filho, amor de avó, amor de avô, amor de amigo, amor de AMOR. Ahhh esse amor! 
    
    Se percebermos que podemos amar várias pessoas e cada uma de uma forma, vamos aprendendo a amar o amor. Amar o amor? É! Amar, simplesmente amar. Ter satisfação em amar. Ver que é possível ser amado também.
      
     Ser amado também só é possível quando aprendemos a nos amar. Esse tem que ser o primeiro amor: o amor próprio. Se não me amo, se não enxergo qualidades em mim, conseguirei ser amado por alguém? Que imagem estou "vendendo": de uma pessoa que pode ser amada ou de uma pessoa impossível de se amar? 
     
    E para ser amado, preciso ter só qualidades? Não! É preciso enxergar nossas qualidades e nossas limitações; perceber que o que não tenho de tão atraente se faz atraente por eu me aceitar como sou. 

                 
      Percebo nos atendimentos a fragilidade em que as pessoas se encontram diante de um mundo que vem sendo construído desconsiderando as relações de afeto, sobretudo as relações que vão sendo desenvolvidas a partir da doação, da entrega, da conquista, bem diferente do amor  familiar.
         
       Esse vídeo me emocionou profundamente. A vontade é de gritar "YES!!!" ao vê-la se declarar ao lado do  romântico Tan Hong Ming.
        
       É isso aí. Vamos pensando...






quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Tudo em seu tempo.


Tudo em seu tempo  .                                                                                         

Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga-Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais.


Já repararam que não adianta nos apressar, que tudo tem o seu tempo? Tempo de semear e tempo de colher. Acontece que a nossa ansiedade faz com que desejemos acelerar tudo. E o mundo atual, cheio de competição e de informações, tem atropelado todo o processo de nosso amadurecimento de aprendizagem.
No aspecto educacional, também há tempo para tudo. O tempo de conhecer, socializar, criar hábitos, rotinas, descobrir o mundo das letras, treinar nossas habilidades e competências cognitivas que começam com a Educação Infantil. Depois vem a passagem para o Ensino Fundamental I. Ela acontece a partir do amadurecimento adquirido na Educação Infantil. Um processo que não pode sobrepor-se a outro.
Surge o tempo do Ensino fundamental I, tempo esse que acomoda o aprendizado da Educação Infantil para a descoberta de novos conteúdos. Nessa fase, já é tempo de aprofundar as regras, rotinas, hábitos; aprofundar o trabalho com grupos; desenvolver o lado pesquisador e  gerar ainda mais autonomia. Uma formação paralela ao conteúdo curricular.
Até que chega o tempo da mudança de ciclo entre o Ensino Fundamental I e II. O ritual de passagem é marcado pela mudança dos profissionais. Sai a figura da pedagoga e entram os especialistas. É tempo de aprofundar conteúdos, especificar, explorar conhecimentos anteriores, contar com rotinas e atitudes já instaladas, apresentar novas regras e testar a autonomia e a autoria nas atividades. Para se  andar, primeiro, é preciso engatinhar para alcançar o equilíbrio que é conquistado dia  após dia.
 As fases são marcadas de anseios, desejos e descobertas. Durante cada tempo, a formação educacional está associada ao amadurecimento emocional. Do que adianta acelerar o processo educacional e atropelar o emocional? A qualquer momento, essa ação poderá gerar um retrocesso. Uma criança ou adolescente que vive uma cobrança fora de seu tempo acaba por necessitar de um suporte que pode envolver um especialista em acompanhamento escolar, um psicopedagogo, um psicólogo, enfim, um profissional que possa reequilibrar o processo educacional e afetivo social do indivíduo.
Muitos estudiosos refletem sobre posições  de profissionais da educação que apoiam a aceleração de etapas que devem ser vividas pela criança e pela família de forma natural. Sabemos que os atropelos e  problemas virão, mas é importante ressaltar que isso é saudável e deve ser passado pela família unida com a instituição em que seu filho estuda. Viver intensamente é necessário, mesmo que às vezes pensemos  que seria melhor não passar por caminhos os quais parecem tão difíceis  e  penosos. Nossos filhos terão tempo e sabedoria para enfrentar, quando o momento chegar, todas as dificuldades, se oferecermos, família e escola,  estrutura emocional, afetiva, social e educacional adequada e segura.
O sistema atual apresenta modismos que nos remetem a conceitos distorcidos. Refletir, conhecer e   explorar são elementos fundamentais para propostas que fundamentam a nossa vida. Cada etapa, cada tempo, cada ciclo tem  sua  história, seja na Educação Infantil ou Fundamental. Cada fase requer seus conteúdos, suas regras, suas cobranças.

Fica aí um alerta!  Um grande abraço.




Recordar é viver...







Olha o que encontrei hoje...Uma entrevista do ano de 2003 que permanece bem atual....
 Assunto: Tarefa de Casa.


 educação hoje 


‘Atividade cria hábito de estudo’

Se a palavra de ordem entre muitos alunos é "abaixo a tarefa de casa", a opinião é outra entre coordenadores pedagógicos e professores. O interessante é que a tarefa de casa é defendida tanto por escolas tradicionais quanto por escolas construtivistas e sociointeracionistas. Fabíola Sperandio Teixeira, coordenadora pedagógica de um colégio, considera a tarefa de casa extremamente importante e não consegue visualizar um ensino eficaz sem ela. "A tarefa de casa ajuda a criar o hábito do estudo e possibilita ao aluno identificar suas dúvidas."

Na escola onde Fabíola trabalha, as tarefas são "dosadas" por meio de uma agenda coletiva. É um cartaz onde cada professor anota as tarefas do dia. Se um marca muitas atividades, o outro ameniza a carga. Mas, alunos das primeiras séries do Ensino Fundamental, que são os que têm menos tarefa, passam entre uma hora e meia e duas horas fazendo tarefa e estudando em casa todos os dias. As provas são semanais e se faz a leitura de um livro literário por mês. Além do controle da agenda coletiva, o aluno tem uma agenda escolar onde são anotadas as vezes que ele não faz tarefa.

"A agenda escolar permite que a escola e os pais acompanhem o desenvolvimento da criança. Quando o aluno tem dificuldades, a coordenação elabora uma proposta de estudo e orienta os pais." Já no Ensino Médio, a carga é dobrada. Às vezes, até mais. Juntando as tarefas e os horários de estudo, são quatro horas de dedicação diária para os alunos do 1º e 2º ano e cinco para os do 3º ano. "Se esses estudantes não tivessem uma meta, que é a de se preparar bem para o mercado de trabalho , seria um sofrimento", diz o professor Eurípedes Ribeiro, coordenador pedagógico do Ensino Médio da mesma escola onde trabalha Fabíola.

Na opinião de Ribeiro, "estudar nunca matou ninguém". Ele diz que muitos estudantes vêem a tarefa de casa com desagrado por dificuldades que eles carregam há muitos anos, em razão de deficiências do ensino que receberam e por não terem formado o hábito do estudo. Meire Lúcia dos Santos, professora do Ensino Fundamental há 18 anos, mudou sua visão em relação à tarefa de casa e se considera uma professora melhor por isso. No início, ela dava tarefas que, acreditava, os alunos gastariam duas horas para fazer. Hoje, dosa melhor as tarefas e pisa no freio toda vez que alguém reclama. "Avalio o que está acontecendo e, às vezes, reduzo a carga ou mudo os exercícios. Mas não imagino o ensino sem a tarefa de casa.

Fonte: O Popular - GO
Data: 31-03-2003




terça-feira, 11 de novembro de 2014

Não vou me adaptar.









ADOLESCER


Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga-Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais



Oláaaaa! Quero dividir uma música com vocês que retrata, EXATAMENTE, a passagem da infância para a adolescência, diante da minha concepção desta transição do ciclo.


Não vou me adaptar -  Titãs

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia,
Eu não encho mais a casa de alegria.
Os anos se passaram enquanto eu dormia,
E quem eu queria bem me esquecia.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar.

Eu não tenho mais a cara que eu tinha,
No espelho essa cara já não é minha.
Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
A minha barba estava desse tamanho.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia ?
Eu não vou me adaptar.



Ao ler você conseguiu sentir a estranheza e a dor que uma criança sente ao perceber que a infância está sendo enterrada?  Imagina como é difícil de repente se ver como um estranho dentro de suas roupas apertadas e pequenas, ver as espinhas e a barba rala aparecendo e ainda ter que ouvir parentes dizendo: "Nossa! Tá mocinha?". "Mocinha? Como soube que já menstruei?" ou "Eu nem menstruei ainda, mas as minha amigas já." :( snif; "Uau! Vai passar o papai no tamanho!", "Quanto você está calçando, menino?". "Será que meu pé chegou primeiro que eu?"
É não é nada fácil mesmo. Por isso encontramos esses adolescentes se escondendo em casacos, moletons de capuz, bonés, maquiagens. Maquiagem??? Sim! As meninas estão se maquiando cada vez mais cedo.
Como frear essa precocidade? Agindo com naturalidade diante dos processos da vida mesmo. Aceitando e elogiando cada fase. 
Acontece que hoje nos deparamos com muitas críticas. E, muitas vezes, essas críticas aparecem dentro de casa: "Essa menina está igual a Belém-Brasília, comprida e mal acabada!" Imediatamente é ligada a autocrítica da criança/ adolescente: "Comprida, eu? Isso quer dizer sem corpo? Sem curva? Eu sou horrorosa!!! Pronto! Bastou para o dia acabar. Dia? Não! Semana! Semana? Não !!! Até a festa da Pati eu não saio de casa!!! Festa?? Nem vou mais. Buáaaaaa...
É assim mesmo. Como nossos adolescentes estão escravos da opinião alheia. Por que permitimos que eles se tornem tão frágeis? 
Vamos pensar um pouco sobre o que temos feito. Será que não estamos antecipando as fases demais e acabamos por enxergá-los como grandes e amadurecidos antes da hora? Se os adultos não estão dando conta de corresponder aos padrões impostos pela sociedade, imaginem os pequenos!
Peço-lhes que ouçam a música do Titãs de olhos fechados e permitam aparecer as lembranças da sua adolescência. Acredito que, assim, se tornarão mais sensíveis aos adolescentes do seu convívio. Entendendo-os mais, poderão ajudar mais do que empurrá-los para os complexos e neuras atuais.
Adolescentes precisam de limites, firmeza e regras claras. Esse porto seguro criado por atitudes disciplinares são essenciais, mas, ao mesmo tempo, precisam de acolhida e compreensão.
Um forte abraço de quem um dia foi compridaaaaaaaaaaaaa e muito mal acabada!