sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O que nossos filhos estão aprendendo sobre o amor? Parte II




       O que nossos filhos estão aprendendo sobre o amor ? 

 Parte II

Fabíola Sperandio Teixeira do Couto 
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais 



   Voltei ao tema, mas de forma diferente. É que esse título tem muito a ver com o que vou “falar”.
   O que nossos filhos estão aprendendo sobre os diversos tipos de amor: amor de amigo, amor de irmão, amor de primo, amor de mãe, amor de pai, amor de vizinho, amor de avó, amor de avô, amor de amor.
   Encontrei uma criança com ar de muito preocupada. Sentei perto e “puxei um papo”. Aos pouco fui conquistando sua simpatia e segurança e ela revelou a sua preocupação. Estava encucada e pensativa se ela era homossexual. Perguntei o que sabia sobre homossexualidade e, aos 10 anos, ela me deu uma aula. Diante do conceito oferecido por ela, perguntei o que a fazia pensar que era homossexual e, aflita, me disse: “amo minha melhor amiga”.
   Então, perguntei como era esse amor, o que sentia, o que pensava. Ela, empolgadamente, disse que adorava brincar, fazer tarefa, telefonar, conversar e rir com a amiga e que não conseguia mais ver sua vida sem a companhia dela.  Olhei-a, com ar de mistério disse-lhe: “sério???”. Ela abaixou os olhos e eu completei: “tenho a resposta para a sua dúvida” . Comecei a lhe explicar que ela estava tendo um lindo amor de amiga.
   Entendi perfeitamente a confusão da cabecinha dela. É só parar para observar o mundo atual. Os vários tipos de relacionamento existentes hoje, propagados pela televisão, filmes e locais públicos estão trazendo uma ideia de amor entre duas pessoas focadas em relacionamento sexual e esquecendo-se de mostrar que podemos amar pessoas do mesmo sexo sem o interesse sexual. Fiz-me entender?
   Nesse momento entra os vários tipos de amor. Se amo minha amiga pelo que ela representa para mim como pessoa, não significa que a amo ao ponto de transformá-la em minha companheira de relacionamento sexual. Porém o excesso de informações focadas na sexualidade está trazendo uma mensagem completamente equivocada para os nossos jovens sobre o amor. A facilidade de dizer “TE AMO” é outro agravante. Antes "te amo" era para os casais e familiares, hoje a expressão tem sido usada sem o mínimo de cuidado ao verdadeiro sentido da mesma. Acabam de conhecer uma pessoa e ela já vira melhor amiga e já escuta TE AMO.
   Toda essa mistura tem causado um verdadeiro rebuliço na cabeça dos pequenos. E acontece bem na entrada da adolescência onde tudo encuca e onde ocorre o maior número de “zoações”.
   Como os adultos também entraram nessa onda, que irei chamar de “excesso de sentimentos”, nossas crianças estão sem exemplo. De repente flagram a pessoa da confiança delas também imatura nas relações e confusa nos sentimentos, com toda certeza também poderá ter dificuldade de detectar que tipo de amor está presente em determinadas situações.
   Descobrir o amor não é muito fácil. Achar que está amando é facílimo, até você conhecer alguém que mostra o verdadeiro amor para você. Essa gangorra de sentimento tem um nome: amadurecimento. Amadurecer é esse ir e vir, esse descobrir, essa confusão até o ápice do entendimento.
   Cada um tem o seu momento de perceber os vários tipos de amor e quando descobrem que podem amar várias pessoas de formas diferentes, nosssaaaaaa, é muito gratificante! Amo minha mãe de uma maneira muito diferente de como amo meu pai. Claro! São tão diferentes! Não falo em mensurar amor. Isso não! Falo em formato de amor.
   Voltando à garotinha, uma semana depois a reencontrei. Estava tão aliviada que conseguiu me dar um generoso abraço. Acho que o abraço entregue veio ao perceber que ela também podia experimentar outros tipos de amor com pessoas do mesmo sexo.



Um comentário:

  1. Fico encantada com o quanto consegue acessar as pessoas e ajudá-las de várias formas... Seja no convívio c vc, como pelos relatos q traz em seus textos, no conteúdo, na forma leve q escreve...

    Parabéns!!!

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