Levei um
choque! Choque estica ruga?
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
De
repente um choque! Não foi um choque elétrico, mas de realidade. Francisca, é como irei nomeá-la, chega após
uma visita a uma loja de departamentos aparentemente anestesiada.
Arrisco a
perguntar o que houve. Pronto! Foi como um gatilho. Francisca abaixa a cabeça e
diz: “Por que trabalhei tanto? Por que
estudei tanto? Minha vida passou e eu envelheci. Estou cheia de marcas no
rosto. Minha face está sem saúde. O tempo voa.”
Pude
perceber a tristeza daquela mulher. Abracei-a demoradamente e procurei não
negar os seus sentimentos, mas extrair o lado positivo desse tempo que diz ter
passado tão rápido e não o ter aproveitado. Francisca lamentava, sem deixar
cair uma lágrima, porém podia ouvir seu choro interno, o quanto tinha sido dura
consigo mesma.
Conversamos,
demoradamente, sobre a experiência de vida adquirida. Falamos sobre alegrias e
dores. Francisca insistia nas rugas do seu rosto.
Audaciosamente
a convidei para ir até o espelho comigo. Ela aceitou timidamente. Custou a levantar
o olhar. Quando se encarou no espelho, eu propus nomear as ruguinhas. Ela me
olhou sem entender. Insisti: “Vamos, Francisca, vamos brincar de dar nomes a
essas ruguinhas?!” Ela deu meio sorriso. Meio? Sim. Aquele sorriso “meia boca”.
Então,
comecei a estimulá-la a se recordar das experiências e atribuí-las a cada marca
de expressão. A cada nome que ela falava, eu pegava a sua mão e a levava até
uma das marcas. As próximas nomeações eu nem precisei encaminhar a sua
mãozinha, ela já fazia com leveza.
De
repente começou a sorrir e, quanto mais sorria, mais rugas apareciam. Só que
Francisca não estava sofrendo ao vê-las, pelo menos naquele momento. Parecia
que já estava achando bom ter mais rugas para nomear ainda mais. Estávamos
rindo e brincando com aquilo que, pouco tempo atrás, a fazia sofrer.
Percebi
que a acolhida, o encarar “o problema” e a leveza recheada de humor fizeram a
Francisca repensar a sua dor.
E quantas
dores a gente enfrenta diariamente, não é mesmo? Quantas vezes pensamos no que fizemos ou
deixamos de fazer? Já presenciei sofrimento de criança de 6 anos lamentando a
educação infantil que se está encerrando, achando que a infância passou muito
rápido.
Existem
várias Francisca dentro de nós. Às vezes a escondemos, outras vezes a
enfrentamos. O que vale nesta vida é o que a gente aprende, com ou sem
ruguinhas, né, Dona Francisca?
Que as "ruguinhas' venham com ternura e repletas de sabedoria. ... Valeu Fabíola pelo alerta! Vamos sofrer menos e aprender a enaltecer mais os benefícios da maturidade. Flávia Bezerra
ResponderExcluirVocê conhece a "Dona Francisca"😘
ResponderExcluirObrigada pelo carinho de sempre , Flávia ! ❤️
Oi Fabiola
ResponderExcluirInteressante, os gregos afirmavam que a infelicidade pode ser percebida no desejo de que o tempo passe logo para que se possa viver uma nova situacao. Sera que o desejo de nao ter rugas pode estar relacionado com o conceito de felicidade proposto pelos grego?
Obrigado por escrever.
Odair
Ótimo porque original o seu texto das"rugas entre aspas". Afinal,se elas não se destacarem é porque algo deu errado: ou não se teve tempo para que aparecessem, ou o tempo delas foi jogado fora...Lúcia
ResponderExcluirMuito bem! Devemos enxergar as coisas com uma visão mais apurada, analisar todos os lados e, perceber que se há marcas, consequências e que tivemos experiências e, com estas, vida! Mais uma vez, parabéns!
ResponderExcluirCintia Aparecida