quarta-feira, 29 de julho de 2015

Ele começou a namorar: Jesus, Maria, José! E agora?


                                                                

Fabíola Sperandio Teixeira do Couto 
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais


  O primeiro namoro do filho traz um turbilhão de sentimentos e emoções. Agora ele está declarando que deixou de ser criança. O "ficar" ficou para trás e o compromisso com alguém veio como uma bomba em meu coração.   Por que é tão difícil enxergar que ele cresceu?

   Em seguida, a mãe protetora aparece como uma general e começa a investigar a vida "da meliante": quantos anos ela tem?; onde estuda?; com quem ela mora?; quem são os pais?; onde se conheceram?; por que elaaaaaa? É quando ele dispara em seu peito: “Mãe,  estou como um besta apaixonado!” Besta? Essa menina mal entrou em nossa vida e já faz meu filho se sentir um besta? O que está acontecendo? Preciso de água. 

   A água desce lavando o desespero e trazendo a calma para prosseguir o diálogo.  Meu filho está apaixonado e a besta sou eu, que me apavorei por ele me mostrar que a criança  se foi e recebi um homem no lugar. Um homem lindo que veio dividir  com a mãe a beleza dessa experiência. Preciso me recompor.

   Então, filho, - dirijo-me docemente a ele, - será um prazer conhecer a sua namorada. Quando poderei conhecê - la,  quando retornar da vovó?  Uma pausa e ele dispara: “Mamãe,  a convidei para ir comigo e ela aceitou. O quê? Já vão viajar juntos? Essa juventude!  Me recompunovamente,  e disparei um: Que legal, meu filho!  Os pais dela confiam em você!

   E agora? Agora é preparar a avó. Ligo, rezando para não atender para que eu possa ganhar tempo. Ela atende no segundo toque. Mamãe,  tudo bem aí?  Então, a senhora irá receber o José para as férias por quatro dias. Sei o quanto você o ama, mas ele irá levar a Maria. Mamãe suspira e disparaJESUS!  Quase que apliquei o golpe da ligação estar ruim e desliguei, mas imediatamente  elacompletou: “Até que enfim esse menino resolveu trazer uma moça para cá.  Foi decidir assumir alguém só agora aos 20 anos, filha! DEMOROU!

   Vinte? Meu filho já está com 20 anos? Como esstempo passou assim, tão rápido?! A mamãe está mais preparada do que eu?! Na minha época, ela não era light” assim. Por que mudam tanto quando são os netos? Essa é uma outra questão.  Agora o que importa é que meu filho cresceu e está feliz! 

   Combinados com os filhos sobre o tema é essencial. Estabelecer uma idade para que os filhos comecem a namorar é função dos pais. O assunto pode ser introduzido a partir do momento em que a curiosidade aparece, através da rotina do diálogo estabelecido em casa.  Regras claras e limites estabelecidos evitam conflitos posteriores,  o que não significa agir de forma autoritária.

   Uma busca sobre os interesses dos filhos é essencial para identificar o que se passa na vidinha deles nesse momento que estão se despertando para o sexo oposto. Isso precisa ocorrer antes do primeiro relacionamento do " seu bebê". Por volta dos 11 e 14 anos de idade, a dificuldade em compreender os próprios sentimentos impossibilita qualquer autossuficiência. Dialogar, questionar, instruir é uma atitude de amor. Tudo depende de como a conversa é conduzida, como DIÁLOGO e não monólogo, no qual os pais perguntam e já respondem, queixa muito encontrada em meu consultório. Conte um pouco da sua história, divida as suas experiências amorosas. Será um excelenterecurso de aproximação e troca. Use bastante humor para quebrar o gelo. Em seguida, como os tempos mudaram, alerte quanto ao mundo atual.

   Um alerta importante! A relação entre mães/pais e filhos até pode garantir uma desenvoltura de diálogo pela amizade construída, mas os estudiosos em relações humanas, principalmente nas que envolvem adolescentes, são quase unânimes: mães/pais podem ser amigos de seus filhos, mas, antes de tudo, possuem papel importante na educação e formação humana das crianças, o que exige impor limites e disciplina no dia a dia.

 Chegar ao equilíbrio da forma correta de se aproximar de seus filhos, sem invadir a tão falada privacidade, não é tarefa fácil, já que os pais constantemente são vistos pelos adolescentes de modo crítico. Ressalto que, muitas vezes, não é a conversa que está faltando, mas sim a construção de um espaço de confiabilidade e nunca é tarde para começar. Boa sorte!