Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Transcrição da entrevista
Tema: Aprendizagem
Professora Denyzye Aleksandra Zacharias
Alunas: Camila P. Guareschi, Isabela Medeiros , Natalia
Goldfeld e Victoria Moraes.
Entrevistado: Fabiola Sperandio T. do Couto - Diretora Pedagógica
da Comunidade Educacional ‘ O Pequeno Príncipe/Studium’
Entrevistadora: Natalia Goldfeld
Natália - Qual a abordagem de ensino
que a escola utiliza?
Fabíola Sperandio - A nossa abordagem é
sócio-interacionista. O sócio-interacionismo é uma
teoria de aprendizagem cujo foco está na interação. Segundo esta teoria, a
aprendizagem dá-se em contextos históricos, sociais e culturais e a formação de
conceitos científicos dá-se a partir de conceitos cotidianos. Desta forma, o
conhecimento real do educando é o ponto de partida para o conhecimento global,
considerando-se o contexto sociocultural. A teoria oportuniza a criança
trazer sua bagagem de conhecimento, sua vivência, essa troca gera o
conhecimento e o conceito. Quando aproximamos o conteúdo do dia a dia, isso faz
com que a criança aproxime do que está sendo proposto e assim ela se sente uma
participante proativa do aprendizado e se apropria do conhecimento, formando e
compreendendo o conceito.
Natália - E sobre o método lúdico,
vocês o utilizam na hora da aprendizagem?
Natália - Os pais se preocupam com o
método utilizado pela escola, eles estão sempre a par da situação dos filhos,
como é essa relação família-escola? Os professores procuram muito os pais ou
existem reuniões?
Fabíola Sperandio - No início do ano, realizamos uma reunião com os pais
explicando a didática pedagógica da série. Convidamos os pais para uma sala de
aula, sentam no lugar dos filhos e a professora apresenta o currículo anual e as
estratégias para o desenvolvimento do currículo escolar ao longo do ano letivo.
A partir do momento em que a família conhece e entende o processo que o filho
vai ser inserido, ela se interessa. O pai só pode ter dúvida do que ele
conhece, então apresentamos para estimulá-lo a perguntar, criticar e envolver. Há
uma abertura, porque nós acreditamos que a parceria família-escola é
importantíssima, a família tem a obrigação da educação e a escola da
escolarização.
Bimestralmente
encontramos as famílias em um plantão pedagógico onde analisamos o
desenvolvimento do educando. Diante dessa análise estabelecemos metas e
estratégias. No outro bimestre avaliamos os resultados e traçamos novos
desafios. Esse acompanhamento bimestral família e escola é essencial.
A
escola também proporciona o contato da família com os profissionais a qualquer
momento. Basta entrar em contato que agendamos um horário com a coordenação,
diretores e professores.
Natália - Qual é o procedimento da
escola com os alunos que estão atrasados em relação aos outros? E os que
possuem alguma dificuldade de aprendizagem?
Fabíola Sperandio - Acreditamos em uma escola que
faça a diferença na vida da criança/ adolescente. E fazer a diferença significa
trabalhar pensando no indivíduo e nas suas necessidades. Dessa forma, não só
desenvolvemos estratégias para os alunos que possuem alguma dificuldade como
cuidamos do aluno mediano e do aluno avançado. Aproximamos do aluno e
oferecemos exatamente aquilo que ele necessita para se desenvolver cada vez
mais. São criadas atividades de reforço de conteúdo, de desafios, atividades
motivadoras.
Natália - E você acha que o aluno que
está além, ou aquele que está atrasado perante a turma, atrapalha os que estão
na média?
Fabíola Sperandio - Não! A maior riqueza de uma sala de aula são as
diferenças. Aprendemos com as diferenças! Então ninguém atrapalha ninguém! Precisamos
usar com sabedoria essa oportunidade. As dinâmicas oferecidas oportunizam o
aprender um com o outro. Todo mundo ensina e todo mundo aprende.
Natália - Você concorda com a
inclusão de crianças com necessidades especiais, com alguma deficiência
orgânica ou neurológica, como o autismo e outras síndromes?
Fabíola Sperandio - Sim! Mas eu me preocupo muito
com a falta de preparo dos profissionais. Inclusão escolar é a acolhida de todas
as pessoas, sem exceção, no currículo escolar, independentemente de cor, classe
social e condições físicas e psicológicas. O termo é muito associado à inclusão
educacional de pessoas com deficiência física e mental. Recebo profissionais das diversas
áreas entendendo a inclusão de uma forma que exclui. Isso me entristece.
Temos vários exemplos de alunos que tiveram muito sucesso
em outras instituições após concluir todas as etapas oferecidas em nossa escola, porque
foram trabalhados de forma inclusiva. Oferecemos ferramentas de aprendizagem
que foram aplicadas na aquisição do conhecimento e na vida cotidiana. Tenho
artigos falando sobre isso. Desejo que leigos e profissionais da saúde e
educação entendam as necessidades das crianças.
Vejo a inclusão não só para quem tem laudo de autismo,
TDAH, etc. Todo mundo em algum momento da vida pode precisa ser incluído: em um
momento da separação dos pais (dor emocional), luto em família, uma criança com
hipoglicemia (possui falta de atenção nos momentos de crise), um adolescente
que não consegue se encontrar no esporte, entre outros.
Natália - A escola proporciona um
acompanhamento de um psicopedagogo ou um psicólogo para os pais?
Fabíola Sperandio - Sim, quando percebemos que a escola tem suas limitações.
O profissional não pode vir para cá para clinicar, aqui não é uma clínica, aqui
é uma instituição, por mais que tenha uma psicopedagoga, uma psicóloga, que
tenha qualquer profissional, aqui temos que agir como instituição, temos que
preparar, mediar a família, escola, preparar o professor para trabalhar com
aquele aluno. O aluno individual tem que ir para a clínica. Na escola vamos
trabalhá-lo no grupo; quando sentimos que tem uma especificidade, que é preciso
ser trabalhada no campo emocional, no campo da aprendizagem, encaminhamos para
um profissional e pedimos para esse profissional criar laços com a escola. Por
quê? Porque o psicólogo ou o
psicopedagogo vai observar no individual e juntos vamos casar as informações. Esse
casamento é importante, mas quando percebemos que o aluno precisa de algo mais,
que vai além dos nossos limites, procuramos uma fonoaudióloga, neurologista,
uma psicóloga, um psicopedagogo. É uma coisa bem natural.
Natália - E qual o procedimento com os alunos que
não alcançaram a média necessária para passar de ano?
Fabíola Sperandio - Para os alunos que não estão alcançando média, realizamos
um acompanhamento chamado recuperação paralela. Lembra quando falei dos
encontros com os pais? Então, nesses encontros traçamos metas na escola e para
casa de recuperação de conteúdo. Recuperando o conteúdo, consequentemente o
aluno recupera nota. Investimos muito no preventivo incentivando para o estudo,
proporcionando encontros de orientação para formação de hábitos de estudo. Acompanhando
os resultados temos condições de avaliar as estratégias propostas e ajustá-las.