Como não transformar a minha criança em vítima de si mesma.
Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais
A cada dia nos deparamos com adultos que se vitimizam o tempo
todo. E como Terapeuta Familiar, sempre busco a origem dessa vitimização.
Percebo que esse é um papel apreendido, seja com o adulto que está próximo ou
por algum momento que, ao se vitimizar, obteve ganhos.
E como trabalhar essa questão com os nossos pequenos? Primeiro,
analise a ação dos adultos que convivem na rotina da criança. Caso encontre
alguém que promova esse exemplo, trabalhe paralelamente esse adulto. A ação
precisa ser conjunta.
Adultos queixosos ou cheios de justificativas para suas ações
acabam por promover nas crianças o mesmo comportamento. Exemplo: “Não consigo
fazer isso porque eu nunca tive quem me ensinasse”; “Sou antissocial porque
meus pais nunca permitiram que eu me aproximasse das visitas”; “Não sei abraçar
porque não tive colo”. Essas falas remetem ao receptor um sentimento de
compaixão, e externar esse sentimento, seja de forma verbal ou corporal,
enviará a mensagem ao emissor, de reforço negativo. Esse reforço produzirá um
aprendizado que ter sofrido gerou uma empatia e a empatia gerou algum ganho.
Compreende? Um verdadeiro círculo que produz uma postura de acomodação e que
acabará por gerar uma autoestima baixa.
Percebendo que a sua criança está com uma tendência a ser
“reclamona”, o primeiro passo é conversar sobre a queixa e promover uma
reflexão de compreensão da situação. Exemplo: “Você nunca deixa eu dormir na
minha amiga, mamãe”, “Eu nunca posso nada!”. Diante dessa queixa, a criança
traz sentimento de injustiça, incompreensão da regra familiar, tristeza por não
ser atendida, sensação de ter uma mãe má. Detectado o sentimento, o próximo
passo é verificar se as regras familiares estão claras e empregadas por todos
os responsáveis. Afinar o discurso entre o casal ou responsáveis é de suma
importância para a saúde da criação. Percebendo divergências, a criança começa
a articular esse movimento em prol do atendimento das suas vontades.
A partir dessa análise, a mudança da ação precisa ser diária e
consistente: adultos e criança. Somente dessa forma será possível gerar mudança.
Para entender o caminho proposto aqui, basta observarmos que tipo de
expectativa entre o senso do que é justo e saudável estabelecemos ao longo de
nossa existência baseada em nossas vivências infantis. É bem interessante
quando nos percebemos com dó de nós mesmos. Quantas oportunidades perdemos por
nos acharmos incapazes ou infelizes o suficiente para usufruirmos de algum
tempo livre, nos candidatarmos a algum emprego, sermos cortejados por algum
pretendente de quem não nos achamos à altura, receio de inscrevermos em algum
curso, entre outras tantas ações, atitudes estas oriundas do exercício de
vitimização na infância. Não queremos isso para os nossos filhos, não é mesmo?
Então, mão na massa!
Nada de cair nas chantagens deste pequeno ser que experimentou essa estratégia e que percebeu que, de repente, ela deu certo!
Nada de cair nas chantagens deste pequeno ser que experimentou essa estratégia e que percebeu que, de repente, ela deu certo!